Confesso que tinha um pé atrás com o VW Nivus, um hatch metido a utilitário, na onda dos “crossovers”. Os dados iniciais não eram lá muito promissores: o carro nada mais é do que um Polo com 2,7cm a mais de vão livre, que teve o balanço traseiro (bem) esticado e ganhou novo estilo na frente.
Sim: colunas A e B, para-brisa, teto e portas são os mesmos do Polo e até a distância entre eixos é idêntica (2,56m). Os dois irmãos também compartilham o motor três cilindros 1.0 turbo flex, de 116cv/128cv, só que o VW Nivus pesa 1.200 quilos (52kg a mais do que o Polo) e é 20cm mais comprido.
O primeiro contato no mundo real também foi cercado de estranheza: mesmo com todos os ajustes de banco e volante, a posição de dirigir ainda é meio alta, destoando do jeitão esportivo da carroceria.
Mas foi aí que a impressão começou a melhorar. De perto, o Nivus tem um belo impacto visual. Está mais para carro de passeio “diferente” do que para utilitário esportivo. O caimento de sua traseira me lembrou mais os belos Monza S/R hatch dos anos 80 do que os abrutalhados BMW X6 — mondrongos que servem de inspiração para a maioria dos crossovers atuais. Nada de exageros nos apliques plásticos... Não à toa, o estilo do brasileiro Nivus causou sensação quando foi levado a Wolfsburg para aprovação da matriz.
O acabamento da versão Highline (a topo de linha, que custa R$ 98.290) é ótimo, com couro nos bancos. Por dentro, o Nivus lembra muito o Polo , mas um toque de sofisticação é o (bom) volante do Golf VIII, lançado na Europa e que não chegou ao Brasil.
O espaço no banco de trás não é dos maiores para quem põe uma cadeirinha de criança, mas o “derrière” esticado rendeu ao Nivus um belo porta-malas (415 litros).
Motorzinho dá conta
Começamos a curtir o SUV já no trânsito urbano. O câmbio automático Aisin, de seis marchas, joga entrosado com o motor, sem jogar marcha para cima antes do tempo. Assim, o pequeno três cilindros rende tudo o que pode.
Frio, o 1.0 TSI soa meio “diesel”. Depois disso, torna-se bem silencioso. Para um tricilíndrico, vibra bem pouco.
Em um bate e volta de 240km pela Região Serrana, o Nivus outra vez surpreendeu positivamente por seu equilíbrio. A suspensão mais alta e do balanço traseiro maior que o do Polo não trouxeram tantos efeitos colaterais quanto imaginávamos. O Nivus é mais estável do que a maioria dos utilitários esportivos que conhecemos e, além disso, amortece bem as irregularidades do piso sem ser esponjoso.
Pegamos caminhos de terra acidentados na região do Vale das Videiras (Petrópolis) e a soma do 1cm a mais de altura da suspensão, com o 1,7cm extra dos pneus 205/55 R17 garantiram o passeio sem raspadas no fundo. O mesmo vale para rampas de garagem e quebra-molas.
Mais uma vez, a VW mostrou que sabe fazer um acerto de comandos: direção direta, pedais no peso certo. E o melhor: com comandos para trocas de marcha no volante, que tornaram a viagem mais rápida e divertida.
Na descida da serra à noite, os faróis de LEDs (de série mesmo na versão básica Comfortline, de R$ 85.890) mostraram seu valor, bem como os faróis auxiliares que iluminam a parte de dentro das curvas.
No fim, entre cidade, rodovia e terra, sem grandes preocupações de economia, fizemos a média de 12,2km/l de gasolina (com 14,4km/l na descida da serra), mostrando que além de andar muito, o 1.0 turbo do VW Nivus gasta pouco.
FICHA TÉCNICA
Volkswagen Nivus 200 TSI .
Preços: R$ 85.890 (Comfortline) e R$ 98.290 (Highline)
Origem: Brasil.
Motor: EA-211, flex, três cilindros, 999cm³, 12v, injeção direta, turbo; potência de 116/128cv (5.500rpm) e torque de 20,4 kgfm (a 2.000rpm).
Transmissão: Aisin TF-60SN, automática de seis marchas. Tração dianteira.
Suspensões: McPherson na frente e eixo de torção atrás.
Freios: a disco nas quatro rodas.
Dimensões: comprimento: 4,26m; entre-eixos: 2,56m; porta-malas: 415 litros; peso: 1.199kg
Pneus: 205/60 R16 (Comfortline) ou 205/55 R17 (Highline).
Desempenho: 0 a 100 km/h em 10s e máxima de 189km/h.
Consumo: na cidade: 10,7km/l; na estrada: 13,2km/l (com gasolina)