A gigantesca fábrica da Nissan em Resende foi inaugurada em 2014, quando se imaginava que as vendas de automóveis no Brasil logo chegariam a 4,5 milhões de unidades por ano. Mas, desde então, as vendas só fazem cair. Agravando essa situação, veio a pandemia — e a previsão é de que apenas 1,6 milhão de carros e comerciais leves serão emplacados no país este ano.
Para piorar, a Nissan faz em Resende somente três modelos, sendo dois deles muito antigos: o March fabricado aqui é da geração lançada lá fora há dez anos, enquanto o Versa é de 2012. O best-seller da marca no país é o Kicks, que estreou nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. A marca vende ainda a picape Frontier, mas esta é importada da Argentina.
Em maio passado, numa reunião para decidir o novo modelo mundial de negócios da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, ficou estabelecido que a Renault seria “a referência estratégica” do grupo na América do Sul.
Em junho, por causa dos efeitos econômicos da Covid-19, a fábrica da Nissan em Resende reduziu sua produção de dois para um turno. Com isso, 398 trabalhadores foram demitidos.
No fim, a previsão de conquistar 5% do mercado brasileiro, feita em 2014, jamais se concretizou. Hoje a marca detém 2,5% das vendas no país.
Diante de tantos revezes e mudanças no mercado em geral, a maioria dos lançamentos para o Brasil foi adiada por alguns meses.
— Estamos estudando decisões para os próximos cinco anos — diz Marco Silva, presidente da Nissan do Brasil. — Nada foi cancelado, mas postergar investimentos faz parte.
De Versa a V-Drive
Antes da pandemia, a previsão era de que o Versa de nova geração (N18) — importado do México — chegaria aqui em junho. Agora, o lançamento está agendado para novembro. O porte não muda muito, mas o carro tem estilo bem mais moderno que o de seu antecessor fabricado em Resende. A plataforma é do Kicks e motor é o 1.6 16v aspirado, atrelado a um câmbio CVT.
Para abrir espaço para a novidade mexicana, o velho Versa feito em Resende teve que mudar de nome. A partir de desta semana, passa a ser chamado de V-Drive.
O V-Drive tem quatro versões com motor 1.6 16v, de 111cv, e preços de R$ 61 mil e R$ 78 mil. A topo de linha é a inédita Premium, com ar-condicionado automático digital, aros de liga leve de 16", câmera de ré e outros itens. Haverá ainda uma configuração básica do com o motor 1.0 de três cilindros e 77cv — custará pouco mais de R$ 57 mil.
Saideira do March
Com vendas patinando em torno de 250 unidades por mês, o “irmão” March não vai durar muito — o que é admitido pelo próprio presidente da Nissan do Brasil. O hatch sairá de cena sem deixar substituto imediato.
No ano que vem, o Nissan Kicks passará por retoques na dianteira, como já ocorreu na Tailândia. Contudo, a já anunciada eletrificação do modelo, por meio do sistema e-Power, teve que ficar para depois — só virá no fim de 2022 ou início de 2023.
Já a chegada do novo Nissan Sentra mexicano, que era dada como certa, está sendo reestudada. Hoje o mercado prefere utilitários.