O velho e conhecido Volkswagen Passat não poderia estrear de outra maneira aqui no Brasil. Baseado no Audi 80 de 1973, o fastback foi aos poucos conquistando seu público, principalmente o brasileiro.
A sua inovação, tanto nas linhas tipicamente esportivas quanto no novo e revolucionário motor refrigerado a água, tiveram peso nas fortes campanhas publicitárias da época, sobretudo nas versões mais esportivas.
Definitivamente era um novo carro em se tratando da inovação da refrigeração líquida. Para os adeptos dos já consagrados motores boxer refrigerados a ar custavam para acreditar que se tratava de um autêntico Volkswagen.
Mas o Passat (nome de um vento que sopra da Europa) fez jus ao nome chegando feito uma tempestade pertubando a concorrência graças a ousadia de seu projeto e as agradáveis linhas no melhor estilo fastback que conferia ao carro muita esportividade, mesmo nas versões menos potentes.
Mas antes que falemos da série GTS especificamente, a qual se tornou uma febre entre os fãs do Passat, vamos voltar no tempo quando o carro que ainda prometia torna-se o mais prestigiado e moderno Volkswagen de todos os tempos.
O lançamento
O Passat foi lançado no Brasil em setembro de 1974 e, de imediato, agradou a todos por conta das linhas indiscutivelmente charmosas, uma obra assinada pelo mestre Giorgetto Giugiaro , o mesmo que desenhou alguns dos principais modelos da Ferrari.
Disponível inicialmente na configuração de duas portas nas versões L (Luxo) e LS (Luxo Super) , um de seus atrativos era o bom espaço interno. Só por curiosidade, as primeiras unidades possuíam bancos dianteiros mais baixos, fabricados para alemães de 1,90 m, mas logo foram modificados para atender à estatura média dos brasileiros.
Ele fez muito sucesso por aqui, pois era um projeto atual tanto no seu desenho quanto no seu motor dianteiro de 1,5 litro de 65 cv (longitudinal refrigerado a água), de quatro cilindros em linha e comando de válvulas no cabeçote acionado por correia dentada.
Andava bem, tinha uma estabilidade excepcional e uma dirigibilidade ímpar. Graças a estes atributos, o Passat logo não demorou para cair nas graças do consumidor brasileiro.
Foi no ano de 1975 que o Passat quatro portas estreava em solo brasileiro, porém a pouca procura fez com que estas versões desaparecessem logo do mercado nacional.
Ainda no mesmo ano, chegava ao mercado a "LM" (Luxo Médio) , uma versão criada estrategicamente pela fábrica em consequência da escassez de equipamentos para a produção da versão mais luxuosa. A velocidade final tinha um bom desempenho - de 150 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em 17 s. Porém o mesmo não se podia dizer do câmbio de quatro velocidades, pois os motoristas confundiam com frequência a posição da primeira marcha com a ré.
Versão TS e GTS, a série que consagrou a esportividade nos Passat
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No ano de 1976 surgiu a série esportiva TS , conquistando logo de cara o público jovem. Trazia quatro faróis redondos (quatro altos e dois baixos) e uma faixa preta que vinha do para-lama dianteiro, ficando mais larga à medida que corria a carroceria e se elevando até a coluna traseira. No topo estava a sigla TS, de Touring Sport.
Por dentro, a esportividade era destacada pelo conta-giros, manômetro de óleo, voltímetro e relógio analógico, além do volante esportivo de três raios. Bons tempos de esportivos nacionais! Os bancos, por sua vez, eram reclináveis e possuíam encosto integral para a cabeça.
Mas o mais atraente estava debaixo do capô: um motor de 1.6l e 80 cv. Tornou-se referência para os amantes de velocidade e fez muito sucesso por aqui competindo até na concorrida 500 Milhas de Interlagos, Rali do Brasil e Mil Milhas obtendo ótimo resultados em todas as provas.
Sua velocidade final era de 160 km/h e alcançava 100 km/h em cerca de 14 s. Com pneus radiais 175/70 SR 13 e a suspensão traseira de eixo de torção de toda a linha, era o mais rápido em sua categoria em velocidade final, aceleração e também nas curvas.
Três anos depois, o Passat sofria a sua primeira modificação, contando com novos faróis quadrados, polainas plásticas nas pontas dos para-choques e luzes de direção nas extremidades na cor âmbar. Na versão TS havia uma pequena faixa preta sob os vidros laterais e o logotipo da versão no para-lama dianteiro, acima do novo friso de borracha que percorria toda a lateral.
Em 1983 trazia quatro faróis retangulares, enquanto a mecânica adotava o eficiente motor MD 270 e opção do câmbio 3+E (E de marcha econômica) com efeito overdrive de marchas mais espaçadas. Além disso, o Passat ganhou nova frente, grade de perfil mais baixo, e refletores nas extremidades dianteiras realçando ainda mais sua vocação esportiva.
O motor tinha maior taxa de compressão, novo comando de válvulas, ignição eletrônica de série, carburador de corpo duplo, filtro de ar com válvula termopneumática, retorno de combustível e pistões de liga mais leve. O TS acabava perdendo a sua identidade, em consequência da inclusão do motor 1,6 litro das demais versões do Passat.
Foi então que a Volkswagen resolveu colocar em 1984 um motor 1.8 , igual ao do Santana. Surgia assim o GTS (Gran Touring Sport) . O GTS era um novo carro em termos de desempenho. Sua missão em substituição ao TS (ainda sem a denominação "Pointer") , estava cumprida.
O Passat não demorou muito para se tornar um dos esportivos mais cobiçados do país. Possuía bancos Recaro , câmbio de 5 marchas, conta-giros e console com voltímetro e manômetro de óleo. Opcionalmente, poderia vir equipado com ar condicionado e teto solar.
No mesmo ano, as versões de acabamento eram batizadas novamente como Special (básica, com molduras pretas nos faróis) , LS Village , LSE Paddock e GTS Pointer. O novo Pointer tinha rodas esportivas de alumínio com um desenho chamativo e aro de 14 pol calçando pneus 185/60 HR 14.
Tinha vidros verdes e para-brisa com faixa degradê, encostos de cabeça para quatro passageiros e descanso de braço no banco traseiro. Os bancos dianteiros Recaro com regulagem de altura e contorno envolvente e o teto solar continuavam na lista de opcionais do modelo.
A última atualização no Passat teve alguns retoques na aparência como: para-choques envolventes em plástico injetado, lanternas traseiras frisadas e painel de desenho mais atual, inspirado no do Santana , incluindo um grande conta-giros e termômetro de óleo no console. Outro grande e esperado ganho era o câmbio de cinco marchas.
Em 1986, o Passat reagia com os novos motores AP (Alta Performance) de 1.6 litro e 1.8 litro , de bielas mais longas, adotado um ano antes nos Gol GT e nos Santana . Andava muito bem! Para se ter uma ideia em termos de desempenho, na tarefa de 0 a 100 km/h o esportivo - que rendia 99 cv graças aos ajustes no conjunto mecânico - cravava apenas 11s atingindo a velocidade final de satisfatórios 175 km/h.
Curiosamente, a Volkswagen exportou algumas versões na configuração de quatro portas para o Iraque nos anos de 1986 e 1987. O Passat para exportação saía da fábrica com alguns equipamentos a mais, como ar-condicionado, painel igual ao do Pointer, carpete mais alto, bancos com regulagem de altura, encosto de cabeça e apoio de braço no banco traseiro, luzes traseiras para leitura, radiador de cobre, entre outros itens.
Nos seus 14 anos de produção (1974-1988), 897.829 unidades foram fabricadas, incluindo as destinadas à exportação. Para o mercado interno, foram destinadas 676.819 unidades. Era mais um sucesso que ficava para a história.