Em 1989, o Kadett era lançado no Brasil nas versões SL, SL/E e a esportiva GS, a mais valorizada hoje em dia
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Em 1989, o Kadett era lançado no Brasil nas versões SL, SL/E e a esportiva GS, a mais valorizada hoje em dia

A sigla GSi - Gran Sport injection - tem significado especial para muitos fanáticos dos esportivos da Chevrolet.  Evoca esportividade, desempenho e acima de tudo, prazer.

Por aqui surgiu em 1992 com o Kadett , substituindo a linha GS- Gran Sport (lançada em abril de 1989 junto às demais versões SL e SL/E ), cuja alimentação era feita por carburador de corpo duplo. Mas antes que falemos deste ícone de esportividade, vamos contar como nasceu o idolatrado e saudoso Kadett.

A origem

O Kadett (cadete = nome dado aos alunos da escola militar superior do Exército ou da Aeronáutica) nasceu através da Opel , braço alemão da General Motors , antes da Segunda Guerra Mundial, em 1936. O primeiro modelo possuía um motor de 1,1 litro (1.074 cc) 23 cv a 3400 rpm .

Era pequeno medindo apenas 3,8 metros e tinha duas portas. Poderia ter uma carreira de mais sucesso se não fosse a Segunda Guerra Mundial ter interrompido sua produção em 1941, acumulando 107.000 unidades produzidas.

Todo o ferramental utilizado na montagem do Kadett foi transferido para a extinta União Soviética
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Todo o ferramental utilizado na montagem do Kadett foi transferido para a extinta União Soviética

Todo o ferramental utilizado na montagem do Kadett foi transferido para a extinta União Soviética onde se fazia toda a reparação dos veículos bélicos, servindo mais tarde de base para o Moskvitch 400, que nada mais era do que um Kadett pós-guerra , de quatro portas na segunda fase.

Logo depois não demorou para que a marca voltasse a produção do carro na Europa, lançando os modelos A de 1962 (1,0 litro com 40 cv) e o B de 1965 cuja motorização ia de 1,1 litro com 45 a 55 cv até as esportivas 1.100 SR Rallye de 1966 (1,1 litro e 60 cv) e Rallye 1900 S  de 1967 (1,9 litro e 90 cv). Estas versões coupé foram as primeiras a ingressarem em competições da época.

Em 1973, a Opel lançou o Kadett C, que seis meses depois veio para o Brasil, com o nome Chevette
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Em 1973, a Opel lançou o Kadett C, que seis meses depois veio para o Brasil, com o nome Chevette

Em 1973, a Opel lançou o Kadett C , que seis meses depois veio para o Brasil, com o nome Chevette. Concorreu com Ford Escort e no ano seguinte com o VW Golf. Era construído sobre a plataforma T-Car da General Motors a qual compartilhava com outros modelos do grupo como o Vauxhall Chevette e o Isuzu Gemini. Sua produção terminou em 1979, sendo o último Kadett de tração traseira.

Frente do Opel Kadett D de 1979 serviu de inspiração para o Monza hatch que foi vendido no Brasil
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Frente do Opel Kadett D de 1979 serviu de inspiração para o Monza hatch que foi vendido no Brasil

Neste mesmo ano o Kadett D era lançado na Europa, dotado de motor transversal e tração dianteira, cujas as linhas inspiraram o Opel Ascona , que mais tarde daria origem ao nosso Chevrolet Monza.

Era produzido nas versões Hatchback (três e cinco portas), Caravan (perua de 5 portas), além da Cabrio , ou  Conversível .

Em 1984, a Opel lança o modelo E (o nosso Chevrolet Kadett) nas opções de 1.2 litro , 1.3 litro , 1.6 litro , 1.8 litro e 2.0 litro , além de versões Hatchback (de três e cinco portas), Sedan (quatro portas), Cabrio e SW (de três e cinco portas). Em 1989 surgiu a esportiva GSi , com m otor de 2.0 de 16 válvulas que rendia até 150 cv , modelo que nunca foi lançado no Brasil.

O Kadett “made in Brazil”

Em 1989, o Kadett rompia uma fase de cinco anos da falta de lançamento de um carro novo no Brasil
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Em 1989, o Kadett rompia uma fase de cinco anos da falta de lançamento de um carro novo no Brasil

Em abril de 1989, finalmente a GM resolve lançar um produto totalmente novo para o público brasileiro, o Kadett , rompendo uma fase de cinco anos da falta de lançamento de um carro novo no Brasil.

O então “novo carro” da GM foi lançado nas versões SL (foto), SL/E , todas elas com motor transversal, alimentado por um carburador de corpo duplo (herdado do Monza ), na opção 1,8 litro (gasolina ou álcool, ambos 95cv ).

GS: toque de esportividade

Chevrolet Kadett GS era ainda mais aerodinâmico que as demais versões, com coeficiente de arrasto (Cx) de 0,30
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Chevrolet Kadett GS era ainda mais aerodinâmico que as demais versões, com coeficiente de arrasto (Cx) de 0,30

A GM não poderia deixar de fazer uma versão esportiva para substituir o Monza Hatch SR e para isso fez a GS , que era equipada com motor de 2.0 litros a álcool com 110 cv.

As relações de marcha eram relativamente mais curtas, o que prejudicava no consumo do álcool – fazendo 6,6 Km na cidade – e a autonomia mais alta devido ao tanque de apenas 47 litros. Em quinta marcha, por exemplo, com o motor a 4000 rpm o ronco do escape duplo do GS chegava a ser um pouco incômodo.

O Kadett esportivo ganhava a mais: rodas de alumínio de 14 polegadas com pneus 185/60, saídas de ar no capô, pára-choques exclusivos e pintados na cor da carroceria, aerofólio, spoiler lateral, teto-solar, defletor no limpador do pára-brisa, volante esportivo de três raios, entre outros itens.

Uma curiosidade desta versão é a suspensão traseira que era regulada através de um sistema pneumático que permitia corrigir o nivelamento da carroceria em caso de bagagens pesadas no porta-malas. Este opcional funcionava através de bolsas de ar instaladas nos amortecedores que podiam ser calibradas em postos de gasolina como um pneu.

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Internamente a bela padronagem dos tecidos do banco Recaro evocava um estilo agressivo combinando com o resto dos elementos. Além disso, no conjunto mecânico, o GS tinha relações de marcha mais curtas, gerando melhores arrancadas, porém causando consumo elevado e baixa autonomia. Realmente foi um sucesso, principalmente entre os jovens.

Junto a estas versões chegava também a versão perua, batizada de Ipanema , que vinha nas versões SL e SL/E ambas oferecidas somente com duas portas. Sua missão era substituir a Marajó, derivada do Chevette que nada mais é do que a sua antecessora na Europa.

Kadett GS vinha com computador de bordo e check-control entre os itens de série
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Kadett GS vinha com computador de bordo e check-control entre os itens de série

Devido às reclamações do consumo dos donos do Kadett GS , em 1990 a GM fez alterações no diferencial deixando o mais longo, de 3,94:1 para 3,74:1. Outra mudança na linha 90 foram os pneus que ficaram mais altos (185/65 R 14) e a opção da versão 2.0 gasolina, com 99 cv (declarados, para se encaixar na faixa tributária).

No mesmo ano, chegava o Turim , em comemoração à Copa do Mundo, sediada na Itália, que na verdade era um SL/E com pinta de GS. Esta estratégia de lançamento da marca, frente à crise causada pelo governo que fez com que despencasse as vendas dos carros, era para durar apenas alguns meses, mas devido ao sucesso nas vendas, sua produção foi estendida para quase um ano.

“Injeção na veia de todos”: GS vira GSi e ganha mais potência.

Externamente, no GSi desaparecia a faixa preta que cobria a tampa traseira, além das rodas com novo desenho
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Externamente, no GSi desaparecia a faixa preta que cobria a tampa traseira, além das rodas com novo desenho

Em 1992, devido à fase 2 do  Programa de controle de emissões veiculares (Proconve) , a GM passou a adotar injeção eletrônica para todas as versões, ao invés de catalisador. O Kadett SL e SL/E ganharam injeção eletrônica monoponto digital E.F.I ganhando 99 cv na versão a álcool e 98 cv na versão a gasolina.

O GS ganhava mais uma letra, passando a se chamar GSi rendendo excelentes 121 cv , graças à injeção eletrônica multiponto analógica, a mesma do Monza Classic SE M.P.F.I . O GSi ganhava também freios a disco nas rodas traseiras com sistema antitravamento ABS .

Externamente desaparecia a faixa preta que cobria a tampa traseira, além das rodas com novo desenho e grafismos exclusivos. Assim como a versão GS , a GSi vinha em cores chamativas como o amarelo e o vermelho, além de toda a roupagem esportiva que tinha direito como antena no teto (na GS era no para-lama dianteiro direito), lentes das luzes de direção transparentes.

Por dentro, o teto-solar com acionamento à manivela e os bancos Recaro continuavam como diferencial da versão esportiva, porém com encostos de cabeça vazados. Além disso, o painel passou a ser digital, item que só o Monza Classic SE adotou em 1991.

Conversível

Junto ao hatchback, a GM preparou uma versão cA Conversível contava com a parceria do estúdio italiano Bertone
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Junto ao hatchback, a GM preparou uma versão cA Conversível contava com a parceria do estúdio italiano Bertone


Junto ao hatchback, a GM preparou uma versão conversível do GSi , uma exclusividade que contava com a parceria do estúdio italiano Bertone , que assinava também alguns projetos da Ferrari e Lamborghini . A GM mandava as unidades do  Kadett para Itália, onde era montada a carroceria, uma produção que demorava seis meses antes de o carro retornar ao Brasil e ser comercializado.

O conversível trazia os mesmos itens de conforto do hatchback como vidros e espelhos elétricos, bancos Recaro , ar condicionado, direção hidráulica e painel digital. A única diferença é claro, era a capota com forração termoacústica com acionamento manual, sendo que com acionamento automático só era oferecido apenas em 1995, no seu último ano de produção. Ainda em 1992 é lançada a Ipanema Wave , com requintes do Kadett Turim e GS.

Linha 1993: pequenas mudanças até o final de sua produção.

Chevrolet Kadett GLS já vinha com injeção eletrônica monoponto, o que era incomum entre os nacionais do início dos anos 90
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Chevrolet Kadett GLS já vinha com injeção eletrônica monoponto, o que era incomum entre os nacionais do início dos anos 90

Em 1993, o Kadett sofre algumas leves mudanças, como emblema no capô, rodas com novo desenho e saias laterais. O SL/E recebia freios a disco, motor 2.0 E.F.I e câmbio automático de três marchas como opcionais.

A Ipanema ganha a opção de quatro portas e ainda no mesmo ano, é lançada a Sol , uma série especial baseada na versão SL/E. Esteticamente, a diferença ficava na pintura parcial dos para-choques, ausência de frisos e lanternas de seta na cor cristal, além de adesivos em dourado escrito "Sol", além da cor única "Vermelho Aruba".

Já em 1994, as siglas SL e SL/E dão lugar para GL e GLS , a exemplo como aconteceu com o Monza no mesmo ano. No mesmo ano, surge a terceira série especial da Ipanema , a Flair , com motor 2.0 e freio a disco nas quatro rodas. Na verdade era uma SL/E com alguns acessórios esportivos. Seu capô tinha as entradas de ar, emprestadas do GSi.

O ano de 1994 foi marcado também com a chegada do Kadett Lite , uma versão mais despojada da linha que nem sequer tinha frisos nas portas, tornado-o modelo mais simples possível. O objetivo da marca era aumentar a participação do médio da Chevrolet nas vendas, barateando assim seu preço final.

Para a insatisfação de muitos apreciadores do GSi , o modelo esportivo deixa de ser comercializado em 1995 por conta da redução da alíquota do imposto de importação, reduzindo assim o preço dos importados. A GLS dava lugar ao importado Astra , trazido da Bélgica, porém este só ficou por um curto período por causa da oscilação repentina da taxa da alíquota de importação.

O Kadett Sport, uma tentativa de cativar os apreciadores dos esportivos da Chevrolet
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O Kadett Sport, uma tentativa de cativar os apreciadores dos esportivos da Chevrolet

Preocupada em preencher esta lacuna deixada pelo Astra , a GM lançava o Kadett Sport , uma tentativa de cativar os apreciadores dos esportivos da Chevrolet , porém esta última não tinha o mesmo pedigree do famoso GSi.

Em 1996, o Kadett ganhava sua primeira e última reformulação, ganhando linhas mais arrendondadas com os novos para-choques, grade, capô, faróis, lanternas mais envolventes. Neste ano a produção do Kadett era transferida de São José dos Campos para São Caetano do Sul.

Um ano depois, com a tercera fase do Proconve , a GM passa a disponibilizar a injeção multiponto (M.P.F.I.) para toda linha, além do motor de 2,0 litros de 110 cv. O câmbio por sua vez, ganhou relações de marcha mais curtas, atendendo as a exigências antigas de proprietários. Neste ano a GLS voltava a ser produzida.

Em setembro de 1998, o Kadett deixava o mercado dando lugar ao moderno Astra que já era produzido na Europa. Sua produção somou 459.068 unidades, incluindo a Ipanema (65.000).

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