A fabricante chinesa GWM está chegando no Brasil com o “pé na porta”. Antes de oferecer os carros por aqui, já havia adquirido a fábrica de Iracemápolis, interior de São Paulo, que foi construída pela Mercedes-Benz , mas, desde o fim de 2020, estava ociosa.
A Great Wall Motors, ou somente GWM
, irá começar a produzir no Brasil somente no segundo semestre de 2024, mas, até lá, contará com pelo menos três famílias de modelos comercializados: Haval (focada em SUVs); Poer (picapes) e Tank (modelos off-road)
. Por enquanto, somente a Haval será disponibilizada por aqui, no modelo H6 nas versões HEV (híbrida), PHEV (Híbrida plug-in) e GT (carroceria cupê e motorização plug-in
). A marca ainda promete um lançamento no segundo semestre de 2023, mas não divulgou mais detalhes.
Apostando em segmentos premium, a GWM chegará para disputar espaço com marcas de grande nome, tais como Audi e BMW, e aposta na experiência do usuário para conquistar a confiança e alavancar as vendas.
Em coletiva realizada nesta quinta-feira (30), a marca divulgou sua estratégia de vendas, que consiste em 4 passos: E-commerce, transparência, preço único e concessionária.
O e-commerce é o único meio pelo qual os clientes interessados veículos da linha Haval podem adquirir um exemplar de pré-venda. Oficialmente, os modelos só serão lançados no país em maio, mas segundo a marca, a página oficial da GWM no Mercado Livre parceiro escolhido para as vendas eletrônicas, tem cerca de 900 acessos por minuto.
O uso da famosa plataforma digital possibilita que o cliente faça a reserva do veículo em apenas cinco cliques, além da flexibilidade de horários. Segundo a GWM, 26% das negociações do lote de pré-venda aconteceram fora do horário comercial, enquanto 23% ocorreram aos domingos ou feriados.
Outro ponto que a marca faz questão de reforçar é a transparência com os preços. Durante a coletiva, os executivos mencionaram que os veículos da GWM terão versões sem opcionais que encarecem o veículo e fazem o valor na concessionária ser diferente do exibido no site, por exemplo. Segundo a empresa, os valores serão sempre os mesmos, seja comprando no e-commerce ou na concessionária.
Um ponto curioso é que o faturamento do veículo será diretamente entre cliente e a fábrica , o que facilita a vida do interessado e também diminui os custos. Será interessante entender como o concessionário irá lucrar ao vender um carro e como irá pagar os custos de sua operação.
O próximo passo da estratégia é “estar onde o cliente está”, e, para isso, a GWM estará presente em 40 shoppings centers do Brasil a partir do mês de abril . Segundo dados fornecidos pela marca, os shoppings recebem 400 milhões de visitas por mês, e instalar concessionárias ou exibir o modelo nesses lugares, irá permitir que pessoas a conheçam e se tornem potenciais clientes.
As agências, inclusive, serão conectadas em tempo real à fábrica de Iracemápolis, e mediante um cadastro do cliente, ao chegar à loja, o vendedor saberá tudo o que o potencial comprador pesquisou sobre os carros. Além disso, haverá a possibilidade de ambientes modulares, que serão configurados conforme a proposta dos automóveis.
Outro diferencial das unidades da GWM é que não haverá atendentes de recepção. O agendamento de serviços será realizado 100% online , e, ao chegar no setor responsável, o veículo será reconhecido pela placa e direcionado à estação onde será reparado ou revisado.
A companhia também fechou parcerias com as blindadoras Carbon e BLC , para oferecê-los blindados e com garantia de fábrica . Além do processo tradicional de blindagem dos parceiros, haverá a opção de “blindagem inovadora”, que segundo a GWM utiliza materiais da linha Tensylon da DuPont, o que garante um peso menor e menos risco de ruído entre as peças metálicas, mas com a mesma eficiência balística.
Esse processo levará cerca de 30 dias e terá preços competitivos, mas que não foram divulgados. Todos os veículos disponíveis em pré-venda podem ser blindados, e isso diz respeito até às versões com teto panorâmico.
Os executivos da marca falam muito em eletrificar o Brasil, e, para tal, preparam explicações sobre como funcionam o sistema híbrido recarregável e o híbrido plug-in . A versão recarregável conta com a “tomada” localizada na traseira, no lado do passageiro, e é do padrão CCS2, conhecido como “tipo 2”, o mais popular no Brasil.
O modelo conta com baterias de 34 kw de capacidade e são suficientes para rodar 170 km sem gastar uma gota de gasolina.
Para recarregar as baterias, o veículo virá com um carregador portátil que pode ser conectado em tomadas domésticas (desde que devidamente aterradas), ou em aparelhos wallbox ou estações de recarga mais potentes.
Para facilitar a vida dos clientes, a GWM se uniu à multinacional brasileira WEG , e vai oferecer carregadores do tipo wallbox que levam cerca de 5h e 20 minutos para realizar uma carga completa . Ao custo de R$ 8.800, o cliente leva para casa o aparelho com instalação e toda a assistência necessária sendo realizada pela WEG. Para os clientes da pré-venda, o cupom “GWM” no Mercado Livre dá 50% de desconto na compra do Wallbox.
Em todas as concessionárias credenciadas, a WEG irá instalar aparelhos de recarga rápida, processo que leva cerca de 1h e 10 minutos para recarregar as baterias de zero a 100%.
Os preços para abril continuam sendo os mesmos praticados em março: R$ 209.000 para o Haval H6 Premium HEV; R$ 269.000 no Haval H6 Premium PHEV (Híbrido Plug-in); e R$ 299.000 no caso do Haval H6 GT . O lote é limitado a 1.000 unidades. Os clientes que realizarem a pré-compra, além de terem duas semanas para realizar o pagamento quando o veículo for faturado no porto de Vitória, Espírito Santo, terão ainda direito ao pacote “Tranquilidade dois anos”.
Para abril, o pacote perde as duas primeiras revisões gratuitas, que são exclusivas para quem realizou a pré-compra em março. Este sistema segue oferecendo assistência remota; carro cortesia; tag de pedágio em parceria com a Veloe, com direito a seis meses grátis; pacote conectividade (com 3 GB de dados por mês); além de recompra garantida com 85% do valor da tabela Fipe para os clientes que optarem pelo financiamento.
Além de um lançamento sendo preparado para o segundo semestre de 2023, a GWM ainda oferecerá veículos no sistema de assinatura , mas isso só será revelado no futuro, já que todas as unidades planejadas para fazer até estoque das concessionárias estão sendo vendidas na pré-venda, segundo a marca, e portanto, não haverá veículos disponíveis para assinatura, por enquanto.
Outro ponto que chamou atenção na coletiva foi o sistema de atendimento. Conforme palavras da empresa, a cobertura será nacional, mas no caso de não haver concessionária no Acre, por exemplo, os funcionários de uma concessionária próxima, Porto Velho, Rondônia, irão até a casa do cliente realizar a manutenção do veículo, ou levá-lo para lá, caso seja necessário. Uma medida no mínimo “inusitada” e que pode causar confusão a longo prazo caso os processos não sejam realizados com muito cuidado.