O Brasil enfrenta um grave dilema em relação à segurança nas estradas . Com uma frota de veículos envelhecida, muitos automóveis em circulação estão defasados em termos tecnológicos , aumentando o risco de acidentes .
Um estudo recente, realizado pelo Instituto Zero Morte e encomendado pelo IPEA , revela que carros fabricados antes de 2014 têm três vezes mais chances de se envolver em acidentes fatais do que modelos mais novos.
A ausência de tecnologias de segurança , como freios ABS e airbags , é um fator crítico. Essas tecnologias passaram a ser obrigatórias no Brasil somente em 2014, deixando milhões de vidas em risco.
O estudo destaca que 59,86 mortes a cada 10 mil veículos fabricados em 2009 ocorreram entre 2021 e 2022 . Após 2014, os números de óbitos a cada 10 mil veículos começaram a cair, com a introdução de novas tecnologias de segurança.
O papel dos freios ABS e airbags
O ABS ajuda a evitar o bloqueio das rodas durante frenagens bruscas, o que melhora a dirigibilidade. Por outro lado, os airbags protegem os ocupantes em colisões, reduzindo o risco de lesões fatais. A falta de inspeção veicular em muitos veículos no Brasil é um ponto crítico, pois permite que veículos antigos e inseguros continuem nas ruas.
Impacto dos acidentes de trânsito
Além das enormes perdas para os envolvidos e suas famílias, os custos humanos e econômicos dos acidentes de trânsito no Brasil são alarmantes. As 38 mil mortes anuais geram um impacto econômico estimado em R$ 150 bilhões, incluindo despesas hospitalares e perdas de capacidade produtiva.
O impacto no Sistema Único de Saúde é significativo, pois as vítimas de acidentes ocupam uma grande porcentagem de leitos de UTI, comprometendo o atendimento a outras emergências.
A necessidade de políticas públicas eficazes
Uma solução proposta para reduzir o impacto dos veículos antigos nas estradas é a implementação de um programa de renovação da frota. Este programa poderia incluir incentivos fiscais e opções de financiamento facilitado para a aquisição de veículos mais novos. Além disso, a reintrodução da inspeção técnica veicular obrigatória, já prevista no Código de Trânsito, é uma ação importante.
O Brasil necessita de uma política que responsabilize as montadoras pela segurança dos veículos que produzem. A implementação de tecnologias como a frenagem automática de emergência pode ter um custo relativamente baixo em comparação com as vidas que pode salvar. A conscientização da população sobre os perigos de dirigir veículos inseguros é essencial para a mudança no cenário atual.
O debate sobre segurança viária no Brasil deve envolver tanto a sociedade quanto o governo. A discussão não deve se limitar a reduzir o número de mortes, mas também buscar melhorias na qualidade de vida e na diminuição dos impactos econômicos causados pelos acidentes de trânsito. A adoção de medidas concretas pode fazer a diferença e contribuir para um futuro mais seguro nas estradas brasileiras.