O Governo Federal sancionou recentemente a lei do “Combustível do Futuro” , alterando os limites de etanol na gasolina comercializada no Brasil. A nova legislação modifica o percentual permitido, que antes variava entre 18% e 27,5%, para uma faixa de 22% a 37%.
Esta mudança levanta questões sobre os possíveis efeitos nos veículos, especialmente para proprietários de carros movidos exclusivamente a gasolina. Especialistas esclarecem que, para veículos mais modernos, o aumento na proporção de etanol não causa prejuízos significativos.
O principal efeito da nova mistura será o aumento no consumo de combustível. Isso ocorre devido à menor capacidade de combustão do etanol em comparação com a gasolina, exigindo maior quantidade de combustível para gerar a mesma potência.
Especialistas explicam que o etanol possui menor densidade energética que a gasolina. Em média, um litro de etanol contém menos de 30% da energia presente em um litro de gasolina.
Quanto ao desempenho, pode haver uma melhora marginal devido à maior octanagem do etanol. Esta característica permite que o combustível suporte maior compressão sem sofrer detonação, podendo resultar em um leve aumento de potência, estimado entre 1% e 2%.
Cuidados com veículos antigos
Para carros mais antigos, especialmente os carburados, a nova mistura requer atenção especial. Estes veículos podem ser mais suscetíveis à corrosão de materiais e oxidação de peças metálicas, devido à presença de água no etanol hidratado utilizado na mistura.
Nestes casos, recomenda-se o uso de gasolina com etanol anidro, que não contém água em sua composição. Este tipo de combustível geralmente é encontrado em opções premium oferecidas por diferentes distribuidoras.
A nova legislação prevê que o percentual de etanol na gasolina possa atingir 35% até 2025. Esta mudança faz parte de uma estratégia governamental para promover o uso de combustíveis renováveis e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Proprietários de veículos, especialmente os mais antigos, são aconselhados a consultar mecânicos ou as montadoras para obter orientações específicas sobre o uso da nova mistura de combustível em seus automóveis.
A indústria automobilística brasileira, que já trabalha há anos com motores flex, está preparada para essa transição. No entanto, a adaptação pode ser mais desafiadora para veículos importados ou modelos mais antigos projetados para uso exclusivo de gasolina.
Pesquisa e desenvolvimento
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou os investimentos que serão feitos na produção de etanol a partir da nova lei: “Isso vai expandir a produção nacional, que hoje é de 35 bilhões de litros, para 50 bilhões de litros por ano. São mais de R$ 40 bilhões em novos investimentos e R$ 25 bilhões para formação de canaviais, de mais milharais e transportes. É a segunda geração do etanol”.
A Lei o “Combustível do Futuro” também instituiu programas de desenvolvimento e pesquisa. O primeiro deles é o Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação, que visa reduzir as emissões do setor.
Já o Programa Nacional de Diesel Verde (PNDV) prevê o estabelecimento de uma proporção mínima de diesel verde no diesel de origem fóssil.
Por fim, o Programa Nacional de Descarbonização do Produtor e Importador de Gás Natural e de Incentivo ao Biometano tem como objetivo estimular a pesquisa, a produção, a comercialização e o uso do biometano e do biogás na matriz energética brasileira.