Os carros do futuro serão mais do que simples meios de transporte. Nas próximas décadas, a indústria automotiva passará por grandes transformações, impulsionadas por inovações tecnológicas e demandas por sustentabilidade e segurança .
A eletrificação é uma tendência irreversível. Fabricantes investem pesado em veículos elétricos, buscando aumentar a autonomia das baterias e reduzir custos de produção. Em 2040, estima-se que 85% da frota de veículos de aplicativos no Brasil será elétrica.
Combustíveis alternativos também ganham espaço. Hidrogênio e combustíveis sintéticos são apostas para reduzir emissões de CO2. A Porsche desenvolve o e-Fuel, derivado de metanol, enquanto a Toyota já comercializa o Mirai, movido a célula de hidrogênio.
Telas maiores e interativas dominarão os painéis, substituindo botões físicos. A interação por voz se tornará mais comum, permitindo aos motoristas controlar funções do veículo e acessar informações usando comandos de voz naturais.
Segurança em foco
A segurança veicular passará por uma revolução nos próximos 20-30 anos. Sistemas de Assistência ao Motorista (ADAS) se tornarão mais sofisticados, utilizando sensores LiDAR, câmeras e radares para monitoramento em 360 graus do ambiente ao redor do veículo.
Inteligência artificial será fundamental na prevenção de acidentes. Veículos analisarão dados em tempo real, ajustando suas respostas a situações de risco. Sensores avançados detectarão obstáculos e aplicarão os freios automaticamente quando necessário.
Espera-se que os sistemas ADAS reduzam as colisões em até 40% até 2030. Veículos autônomos têm potencial para eliminar quase todos os acidentes causados por erro humano, que representam cerca de 90% das ocorrências atuais.
Novos materiais de construção, como compósitos e ligas metálicas avançadas, aumentarão a resistência e a segurança dos veículos. Esses materiais mais leves e resistentes melhorarão o desempenho e oferecerão maior proteção em caso de colisão.
O Volvo FH 2025 já incorpora algumas dessas inovações, como retrovisores por câmeras e sistemas avançados para evitar colisões laterais. Esse modelo demonstra como as tecnologias de segurança do futuro estão sendo aplicadas na prática.
A integração com a infraestrutura urbana inteligente também contribuirá para a segurança. Veículos se comunicarão com semáforos e outros elementos urbanos, otimizando o fluxo de tráfego e reduzindo riscos de acidentes.
O design dos carros passará por mudanças. Faróis afilados, lanternas unidas por peças iluminadas e grades dianteiras gigantes ou até mesmo ausentes são algumas das tendências atuais que devem se intensificar.
Veículos que estacionam e se deslocam sem a necessidade de um condutor humano já são realidade. No entanto, líderes da indústria automotiva defendem a importância de manter a opção de dirigir.
Os eVTOLs (veículos elétricos de pouso e decolagem vertical) são uma possibilidade para o futuro da mobilidade urbana. O Brasil está entre os poucos países com um modelo em desenvolvimento, pela Eve Air Mobility, em parceria com a Embraer.
Acessibilidade
A inclusão é uma preocupação crescente na indústria automotiva. Com o envelhecimento da população e a maior visibilidade das pessoas com deficiência, os carros do futuro deverão ser mais acessíveis e adaptáveis às diferentes necessidades.
Dados do Google mostram um aumento de 251% na busca por carros para PCD em agosto de 2024. A procura por veículos eletrificados por pessoas com mais de 60 anos e com deficiência registrou aumento anual de 236% e 824%, respectivamente.
A implementação dessas tecnologias traz desafios regulatórios e éticos. Questões sobre responsabilidade em acidentes envolvendo veículos autônomos, privacidade e segurança cibernética precisarão ser abordadas pelos legisladores e pela indústria.
** Jornalista formado pela PUC-SP, atuando como repórter do IG Carros. Já atuou também nas editorias de esportes e ESG.