A Ford anunciou planos de injetar até 4,4 bilhões de euros (aproximadamente R$ 27,6 bilhões) em sua subsidiária alemã, visando manter as operações em meio a dificuldades financeiras. John Lawler , vice-presidente da empresa, afirmou que a Ford não pretende abandonar seus negócios na Europa , mas ressaltou a necessidade de apoio para acelerar a transição para veículos elétricos .
A subsidiária alemã, Ford-Werke, acumula uma dívida superior a 5 bilhões de euros (R$ 31 milhões). Com a recapitalização, a Ford encerrará um compromisso vigente desde 2006 de assumir as perdas da unidade. Em vez disso, a montadora se comprometerá a investir centenas de milhões de euros nos próximos quatro anos para fortalecer a subsidiária.
Lawler enfatizou a importância de reduzir custos e tornar o negócio viável, descartando a possibilidade de abandonar a subsidiária. "Não acho que devemos ser derrotistas. Devemos traçar um caminho e descobrir como tornar isso viável, e é isso que pretendemos fazer", declarou o executivo em entrevista ao Financial Times.
Desafios no mercado europeu e reestruturação
A Ford enfrenta dificuldades para gerar lucros na Europa e tem reduzido sua linha de veículos, focando no negócio de vans e em áreas mais rentáveis do competitivo mercado. Em novembro, a empresa anunciou planos de cortar cerca de 4.000 empregos na Europa, incluindo 2.900 na Alemanha, além de reduzir a produção de modelos elétricos como o Explorer e o Capri.
A montadora investiu 2 bilhões de dólares (R$ 12,6 bilhões) para transformar sua fábrica em Colônia em uma unidade de produção de veículos elétricos. No entanto, o sindicato IG Metall tem resistido fortemente aos planos de demissão na centenária fábrica, chegando a convocar paralisações temporárias dos trabalhadores.
O futuro de outra fábrica alemã da Ford, em Saarlouis, também é incerto. Embora o IG Metall tenha concordado com milhares de cortes de empregos, os planos da Ford para vender o local estão paralisados. O sindicato criticou duramente a recente movimentação da empresa, chamando-a de "um truque muito sujo" para pressionar o conselho de trabalhadores.
Contexto global e desafios do mercado de veículos elétricos
Globalmente, a Ford registrou perdas de US$ 5 bilhões em seu negócio de veículos elétricos no ano passado. A empresa não espera atingir o ponto de equilíbrio até o final da década, após o lançamento de uma nova plataforma de veículos em 2027, que reduzirá os custos de produção de EVs.
Lawler observou que a transição para veículos elétricos "simplesmente não avançou tão rapidamente quanto todos esperavam". Ele instou por mais incentivos após uma queda nas vendas de carros elétricos em grandes mercados europeus, como Alemanha e França, após os governos reduzirem abruptamente os subsídios para compras de EVs.
O executivo, recentemente nomeado para o conselho da ACEA, associação da indústria automobilística europeia, enfatizou que o problema atual é de demanda, não de oferta. "Temos que começar a atacar a causa raiz", afirmou Lawler, indicando a necessidade de medidas para estimular o mercado de veículos elétricos na Europa.