
O Fiat Elba Weekend 1991 mudou o curso da história política brasileira. Ícone da indústria automobilística nacional, a perua de aparência modesta se tornou peça-chave de um escândalo que abalou as estruturas do poder em Brasília.
Em 1992, foi apontada como adquirida com recursos desviados, em nome do então presidente Fernando Collor de Mello, elemento que desencadeou no processo de impeachment.
Mais de três décadas depois, o nome de Collor voltou aos holofotes. O ex-presidente foi preso nesta sexta-feira (25), em Maceió (AL), por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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Condenado a oito anos e dez meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Collor foi detido enquanto se preparava para embarcar rumo a Brasília.
A peça-chave do impeachment
A aquisição do Fiat Elba, formalizada em nome de um suposto funcionário fantasma, José Carlos Bonfim, foi apontada por investigações como fruto de recursos desviados de contas controladas por Paulo César Farias, o PC Farias, tesoureiro da campanha presidencial de Collor em 1989.

O episódio serviu como prova material das acusações de corrupção passiva que sustentaram o pedido de impeachment.
Em setembro de 1992, a Câmara dos Deputados aprovou o processo por 441 votos a favor e apenas 38 contrários. No fim daquele ano, Collor renunciou ao mandato em tentativa frustrada de preservar seus direitos políticos. O Senado prosseguiu com o julgamento e decretou sua inabilitação por oito anos.
O Supremo Tribunal Federal absolveu Collor por falta de provas em 1994 e novamente em 2014, encerrando os processos ligados à compra do veículo. Ainda assim, o Fiat Elba se tornou símbolo do movimento popular que resultou no impeachment e nas manifestações lideradas pelos “caras-pintadas”.
Paradeiro incerto da Elba

O destino da perua, por anos alvo de especulação, permanece sem resposta definitiva. Documentos indicam que o veículo continua registrado em nome de Collor, mas com baixa no sistema do Detran, impedido de circular.
Ao ser questionado sobre o automóvel ser um antecessor da Fiat Toro no X (antigo Twitter), o ex-presidente fez uma das raras menções ao veículo após a polêmica:
Segundo a Tabela Fipe, uma Elba Weekend 1.5 1991 semelhante custa atualmente em torno de R$ 6.198.
Prisão decretada pelo STF
Collor foi preso nesta sexta-feira por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, crimes cometidos entre 2010 e 2014, quando exercia mandato de senador. A acusação envolvia recebimento de R$ 29,9 milhões em propinas para favorecer contratos da BR Distribuidora.
Collor foi condenado a oito anos e dez meses de prisão em maio de 2023, pena confirmada por maioria no Supremo.
O ex-presidente foi detido enquanto se preparava para viajar a Brasília e cumprir o mandado de prisão. Permanece custodiado na Superintendência da Polícia Federal em Alagoas.
Em 2015, três automóveis da coleção de Collor foram apreendidos durante a Operação Lava Jato: um Lamborghini Aventador Roadster 2014, uma Ferrari 458 Italia 2011 e um Porsche Panamera 2012. Avaliados em R$ 4,12 milhões, na ocasião, os veículos foram posteriormente devolvidos.