
O único exemplar do Porsche 911 B17, projeto experimental desenvolvido em parceria com a lendária casa de design italiana Pininfarina, foi colocado à venda pela primeira vez desde 1974.
A raridade, guardada por décadas em uma coleção particular na Suécia, tem preço inicial de US$ 1,25 milhão (mais de R$ 7,1 milhões na cotação atual) e representa um marco pouco conhecido na trajetória da montadora alemã.
O modelo histórico conta com apenas 38 mil quilômetros rodados e permanece em estado original, com exceção da pintura. A cor foi alterada do azul escuro original para o verde atual nos anos 1980.
A venda pública desta peça desperta atenção não apenas pela exclusividade, mas pela relevância técnica e simbólica do projeto. O 911 B17 foi o primeiro e único 911 com carroceria assinada pela Pininfarina, iniciativa que refletiu um momento de abertura da Porsche a novas interpretações de seu clássico esportivo.
Um 911 um tanto quando diferente
Em 1969, a Porsche encomendou à Pininfarina o desenvolvimento de uma nova variante do 911. A proposta previa um esportivo com espaço real para quatro adultos, algo inédito na linha até então. O objetivo era testar a viabilidade de uma versão mais versátil do modelo sem sacrificar o legado estético e dinâmico do cupê.
Para isso, a equipe italiana alongou a distância entre-eixos do 911 S2 em 192 milímetros e modificou a estrutura após o pilar B. Ainda foi criado o espaço para bancos traseiros mais funcionais.

O acabamento interior recebeu couro preto e soluções ergonômicas inovadoras, enquanto o perfil externo manteve a queda de teto tradicional com adaptações sutis. O resultado, batizado de 911 B17, impressionou pela proposta, mas gerou receios na fábrica.
Com peso de 1.970 kg e distribuição de massas comprometida (39% na dianteira, 61% na traseira), o modelo destoava do equilíbrio que consagrou o 911.
Após rejeitar oficialmente o protótipo, a Porsche arquivou o projeto e passou a investir em soluções internas para um 911 de quatro lugares.
O 911 C20, protótipo sucessor desenvolvido em 1970, também falhou em entregar a performance desejada e permaneceu guardado até sua exibição no Goodwood Revival de 2016.
Já o B17 seguiu outro caminho: vendido em 1972 a um revendedor ligado à Porsche e, dois anos depois, transferido para o colecionador sueco Nisse Nilson, onde permaneceu por quase cinco décadas longe dos olhos do público.
Experimentos como esse anteciparam, ainda que de forma tímida, caminhos que a marca voltaria a explorar décadas depois com modelos como Panamera e Cayenne. Hoje, esses veículos são pilares do portfólio da fabricante alemã.