Painel do Nissan Frontier
Divulgação
Painel do Nissan Frontier

Motoristas frequentemente se deparam com um detalhe curioso ao observar o painel dos próprios veículos: a escala do velocímetro costuma ultrapassar, com folga, a velocidade máxima que o carro realmente é capaz de atingir.

Não se trata de um erro de projeto, mas de uma decisão técnica e comercial adotada globalmente pela indústria automotiva.

Quais as funções?

A razão é multifatorial. Uma das principais motivações está no marketing. Montadoras projetam velocímetros que exibem escalas elevadas como forma de sugerir ao consumidor uma percepção subjetiva de potência e desempenho superiores.

Modelos populares já mostram esse expediente de forma explícita. O Volkswagen Polo Highline 2025, atualmente o carro mais vendido no Brasil, por exemplo, chega a exibir no painel uma escala de até 260 km/h, apesar de sua capacidade real é até 192 km/h.

A Fiat, por exemplo, confirma não adotar um padrão fixo para as escalas dos velocímetros. Modelos como a picape Toro trazem marcações que chegam aos 240 km/h, embora a velocidade real não ultrapasse 190 km/h. 

Não é só marketing

Além do apelo mercadológico, há fatores técnicos e normativos que justificam a prática.

A legislação europeia, por exemplo, impõe que os velocímetros nunca exibam velocidades inferiores à real.

A margem de erro permitida deve sempre superestimar a velocidade, limitada a até 10% mais 4 km/h.

Na prática, um carro que trafega a 90 km/h não pode ter um velocímetro que indique menos que essa velocidade, mas está autorizado a mostrar até 103 km/h.

Painel do Renault Clio
Reprodução
Painel do Renault Clio

No Brasil, o Código de Trânsito também considera essa discrepância nas medições oficiais de velocidade, aplicando tolerâncias nas fiscalizações eletrônicas. Até 100 km/h, a margem é de 7 km/h. Acima desse limite, a tolerância passa a ser de 7%.

Há ainda um argumento funcional ligado à segurança veicular. A escala elevada permite que o velocímetro permaneça operacional em situações excepcionais, como descidas longas e íngremes, onde o veículo pode ultrapassar momentaneamente sua velocidade máxima nominal.

Além disso, alterações no conjunto de rodas e pneus — comuns entre entusiastas e no mercado de acessórios — podem afetar a leitura do velocímetro. Pneus de diâmetro maior, por exemplo, induzem uma velocidade real superior à indicada no painel.

Por fim...

Importante destacar que, em termos de precisão, a medição por GPS oferece resultados mais confiáveis, uma vez que calcula a velocidade com base no deslocamento em linha reta sobre a superfície terrestre, livre de interferências mecânicas.

A combinação desses fatores — normativos, técnicos e mercadológicos — explica por que os velocímetros seguem indicando velocidades inalcançáveis para a maioria dos veículos.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!