Nissan considera rever parceria com Renault para restruturação

Montadora japonesa pode vender fatia de 5% na parceira francesa para criar novos modelos

Aliança em revisão: A Nissan pode cortar fatia na Renault
Foto: Divulgação
Aliança em revisão: A Nissan pode cortar fatia na Renault

A Nissan Motor avalia a possibilidade de reduzir sua participação na Renault, conforme declarou o CEO Ivan Espinosa ao jornal japonês Nikkei.

A medida pode resultar na venda de até 5% das ações da empresa francesa, o que geraria aproximadamente 100 bilhões de ienes (R$ 3,779 bilhões), com recursos destinados ao desenvolvimento de novos veículos.

Atualmente, a montadora japonesa detém 15% da Renault, segundo dados da LSEG. A possível venda ocorre no contexto de uma aliança em transição, marcada por uma reestruturação formalizada em 2023.

Pelo novo arranjo, Nissan e Renault concordaram em reduzir suas participações mútuas exigidas de 15% para 10%, estabelecendo cláusulas de coordenação para qualquer eventual transação acionária, incluindo direito de preferência.

"Estamos reduzindo nossas participações cruzadas para investir em veículos", afirmou Espinosa, segundo o Nikkei.

A Nissan esclareceu que não houve alterações no atual acordo de cooperação com a Renault. A empresa acrescentou, em nota oficial:

"Caso uma venda de ações seja realizada no futuro, espera-se que os recursos sejam alocados principalmente para investimentos em desenvolvimento de produtos. No entanto, nenhuma decisão definitiva foi tomada neste momento".

Entenda a estrutura acionária entre Nissan e Renault

Sede da Nissan no Japão
Foto: Reprodução/IBECS
Sede da Nissan no Japão

A aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, estabelecida em 1999, passou por uma reestruturação profunda após um acordo firmado em 2023. O objetivo foi criar uma governança mais equilibrada e permitir maior agilidade estratégica entre as montadoras.

Atualmente, Renault e Nissan mantêm participações recíprocas limitadas a 15% do capital uma da outra. No entanto, as ações excedentes da Renault — que anteriormente detinha 43,4% da Nissan — foram transferidas para uma fidúcia francesa independente, sem direito de voto em decisões estratégicas, salvo em casos excepcionais.

Entre as exceções em que o fiduciário pode votar conforme instruções da Renault estão: a eleição ou destituição de administradores indicados pela própria Renault e decisões ligadas ao Comitê de Nomeação da Nissan. Em demais situações, o fiduciário se abstém.

Com isso, a Nissan passou a exercer seus próprios direitos de voto sobre sua participação na Renault, o que não ocorria antes. Ambas as montadoras têm agora limite de 15% nos direitos de voto exercíveis, reforçando a paridade dentro da aliança.

O acordo ainda prevê que a Renault poderá vender gradualmente suas ações excedentes depositadas na fidúcia, desde que isso ocorra por meio de um processo estruturado e com direito de preferência da Nissan — que pode optar por adquirir esses papéis diretamente ou por meio de terceiros.

Além da reestruturação acionária, a aliança permanece coordenada pelo Conselho Operacional da Aliança e mantém o direito de cada empresa indicar dois membros para o conselho de administração da outra.

Pedido de demissão de Luca de Meo

A informação surge após o anúncio de saída de Luca de Meo da liderança da Renault, decisão revelada pela montadora no último domingo (15). O executivo deixará o cargo para assumir uma nova função fora do setor automotivo.

Foto: Reprodução/Reuters
Luca De Meo ocupou o cargo de CEO da Renault por cinco anos

A aliança entre Nissan e Renault, iniciada há mais de duas décadas, vem passando por revisões estratégicas desde o início de 2023.

A Renault, que possui uma fatia na Nissan por meio de um fundo fiduciário francês, iniciou a venda gradual de parte dessa participação no processo que visa reequilibrar o relacionamento entre as marcas.