Morreu nesta terça-feira (22), aos 76 anos, o cantor Ozzy Osbourne, vocalista original do Black Sabbath e um dos nomes mais influentes da história do heavy metal.
Além da música, cultivava uma relação peculiar com automóveis, com uma coleção que refletia seu estilo excêntrico e trajetória fora dos padrões.
Mesmo dirigindo por anos sem licença, o artista desenvolveu fascínio por modelos de visual sóbrio, desempenho expressivo e personalidade própria.
Na juventude, chegou a trabalhar como flanelinha. Décadas depois, viraria tema de homenagem em uma equipe da Fórmula Indy.
Um motorista tardio (e persistente)
Ozzy só tirou a carteira de motorista aos 60 anos, em 2009, após quase 19 tentativas, algumas feitas, segundo ele próprio, sob efeito de álcool.
“Tomava uns drinques para ficar menos nervoso”, contou, em 2010, ao radialista Howard Stern.
Em uma das provas, furou um sinal vermelho. Em outras, os avaliadores se recusaram a entrar no carro.
Apesar da demora, já dirigia há décadas tanto no Reino Unido quanto nos Estados Unidos , de forma ilegal. “Estar sóbrio me garantiu isso”, disse, sobre a aprovação final.
Ainda assim, costumava dirigir apenas por curtas distâncias. “Meu assistente começa a gritar, a dizer que vou bater em uma árvore”, brincou na mesma entrevista.
Volvo, Daimler, Mercedes: os clássicos de Ozzy
A garagem de Ozzy Osbourne nunca seguiu o padrão dos superesportivos que costumam atrair celebridades. Entre seus modelos mais notórios estavam:
Volvo 240 DL (1982): sedã de apelo familiar, com motor 2.3 de 113 cv. Conhecido pela robustez e discrição, era o oposto do estereótipo de um astro do rock.
Daimler DS420 (anos 1960): limusine britânica associada a funerais e cerimônias oficiais, com motor 4.2 de seis cilindros. Seu estilo imponente o tornava um dos carros mais excêntricos da coleção.
Mercedes-Benz W201 (1988): o modelo 190E, que serviu de base para a versão de competição no DTM (Campeonato Alemão de Turismo). Com motor 2.5 de até 204 cv, equilibrava elegância e desempenho.
Não se sabe quantos carros Ozzy teve ao longo da vida, mas esses modelos reaparecem em registros fotográficos e entrevistas. Em 1983, por exemplo, posou com um Rolls-Royce durante a divulgação do álbum Bark at the Moon.
De flanelinha em Birmingham à Fórmula Indy
Muito antes de se tornar ícone global, Ozzy ganhava dinheiro tomando conta de carros nos arredores do estádio do Aston Villa, em Birmingham, onde cresceu.
A história foi contada pelo músico Charles Gavin (Titãs), que destacou o contraste com o show de despedida do Black Sabbath, realizado no mesmo local, 65 anos depois.
O vínculo com o automobilismo também se manteve em outras formas. Em julho, a equipe Meyer Shank Racing, da Indy, homenageou Ozzy e o Black Sabbath no GP de Mid-Ohio.
O carro nº 60 foi à pista com pintura roxa e o rosto do cantor estampado no capô, em alusão ao show “Back to the Beginning”.