Ford sofreu impactos financeiros em razão da pandemia da Covid-19
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Ford sofreu impactos financeiros em razão da pandemia da Covid-19


A Ford foi condenada pela Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT-5) a pagar uma indenização de R$ 30 milhões por danos morais coletivos contra funcionários da sua antiga fábrica em Camaçari, na Bahia

A Justiça entendeu que a montadora não realizou uma negociação prévia com o sindicato ao desativar a unidade em janeiro de 2021.

Cerca de 60 mil colaboradores, entre diretos e indiretos, foram demitidos pela Ford, conforme o Sindicato dos Metalúrgicos da Bahia.

A ação foi movida pelo Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT-BA), e o julgamento do TRT-5 ocorreu em 31 de julho. No entanto, a decisão só foi divulgada na última terça-feira (5).

O acórdão, que é a decisão de um colegiado judicial, foi emitido no julgamento dos recursos protocolados pelo MPT, pela Ford Motor Company Brasil Ltda. e pela Ford Credit Holding Brasil Ltda.(Banco Ford).

O que diz o MPT

O Ministério Público do Trabalho da Bahia pediu a condenação da Ford por dano moral coletivo.

Segundo o órgão, a empresa não realizou uma negociação com o sindicato da categoria antes de desativar a sua fábrica em Camaçari e, consequentemente, demitiu de forma unilateral os seus colaboradores.

Ainda segundo o MPT, a montadora teria violado os acordos coletivos que previam a garantia dos empregos pelo período de quatro anos.

A Ford ainda teria se beneficiado com incentivos fiscais e, diante disso, deveria ter dialogado com o sindicato antes de demitir em massa o quadro de colaboradores.

O Ministério Público do Trabalho ainda destaca que a Ford descumpriu normas presentes em acordos coletivos e em contratos com o BNDES.  

A montadora automotiva foi acusada de iniciar a negociação coletiva somente após a intervenção do MPT, a partir do ajuizamento da ação civil pública. 

Para o órgão ministerial, o objetivo do pagamento da indenização por danos morais coletivos é reparar os problemas causados pela desativação da montadora. 



O que diz a Ford

No processo, a Ford argumenta que as suas negociações com o sindicato começaram voluntariamente e logo depois dos anúncios da desativação e das demissões.

A montadora diz que a sua fábrica foi encerrada devido a prejuízos bilionários.

Além disso, afirma que devolveu os incentivos fiscais e acrescenta que tais circunstâncias retiram a obrigação legal de uma negociação prévia.

O pagamento

A Ford ainda pode recorrer da decisão na Justiça, com isso, o pagamento da indenização só deverá ser feito após o esgotamento de todos os prazos para a apresentação de recursos.

Caso voltem a ser negados, será aberto o processo de execução na 3ª Vara do Trabalho de Camaçari, onde a ação civil pública foi iniciada.

Em seguida, o valor da indenização é destinado aos funcionários demitidos.

A desativação da fábrica

A Ford comunicou, em janeiro de 2021, o encerramento da fabricação de veículos no Brasil, com isso decidiu fechar as suas fábricas de Camaçari, na Bahia; Taubaté, em São Paulo; e Horizonte, no Ceará.

A justificativa da montadora foi a queda nas vendas em decorrência da pandemia de  Covid-19.  

Na época, o fechamento da fábrica de Camaçari gerou protestos por parte dos trabalhadores.

Em 2023, o Governo da Bahia comprou a estrutura desativada pela  Ford.

No mesmo período, a montadora chinesa BYD anunciou a instalação de três fábricas no local.

O Portal iG entrou em contato com a Ford, mas, até o momento da publicação desta reportagem, não obteve retorno. O espaço segue aberto.

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