
Os Estados Unidos, berço de gigantes da indústria automobilística, enfrentam um obstáculo inesperado na corrida dos veículos elétricos: a dificuldade em construir carregadores de alta potência.
Enquanto isso, a China já domina mais de 70% da produção global, segundo a Agência Internacional de Energia, e promete entregar até 400 km de autonomia em apenas cinco minutos de recarga.
A BYD, maior montadora mundial de carros elétricos, anunciou modelos capazes de receber carga de 1.000 quilowatts, quase três vezes a capacidade média dos veículos vendidos hoje nos EUA.
O preço também pesa: um carro chinês com essa tecnologia custa em torno de US$ 37 mil (R$ 201 mil), bem abaixo de concorrentes americanos como o Tesla Cybertruck, que parte de US$ 70 mil (R$ 381 mil).
De acordo com um artigo do The New York Times sobre o tema, analistas afirmam que barreiras comerciais e entraves regulatórios tornam improvável a chegada dessa inovação ao mercado americano no curto prazo.
O salto da China e a trava dos EUA
Em testes acompanhados por Patrick George, editor do site InsideEVs, os veículos da BYD mostraram desempenho “uma ou duas gerações à frente do resto do mundo”. A diferença não está apenas na bateria, mas na infraestrutura.
O governo chinês trata as estações de recarga como prioridade estratégica, comparável à manutenção de rodovias. Isso permite a construção de pontos de carregamento diretamente conectados a linhas de alta tensão, acelerando a expansão da rede.
Nos Estados Unidos, qualquer estação de alta potência depende de aprovações locais e de atualizações na rede elétrica pública, um processo que pode levar anos.
“[Na China] as coisas simplesmente têm um caminho mais direto para serem concluídas”, afirmou Bill Russo, CEO da consultoria Automobility, sediada em Xangai.
Já Ryan Fisher, da BloombergNEF, destacou que a diferença tecnológica é expressiva: a taxa de pico de 1.000 quilowatts representa quase o triplo do que a maioria dos carros atuais nos EUA suporta.
Preço e acesso
O custo reforça a vantagem chinesa. Um veículo elétrico de recarga ultrarrápida produzido pela BYD custa pouco mais de US$ 37 mil, enquanto modelos de carregamento rápido vendidos nos EUA são muito mais caros.
Esse diferencial amplia a competitividade da China não apenas no mercado interno, mas também em regiões como a Europa, onde tarifas são menos restritivas.
A BYD já anunciou a construção de 4.000 estações de recarga de megawatts na China até 2025.
Na Europa, a empresa Ionity prepara infraestrutura semelhante ainda este ano, embora a potência seja dividida entre diferentes pontos de carregamento.
Nos EUA, em contrapartida, até programas básicos de expansão foram paralisados: iniciativas da era Biden foram suspensas pelo governo Trump e retomadas somente neste mês, com ajustes que permitem maior uso de verbas federais pelos estados.