
Apresentada ao público brasileiro no Salão do Automóvel de São Paulo em 1974, a Chevrolet Caravan nasceu como versão perua do Opala e rapidamente assumiu o papel de carro familiar de grande porte na linha da marca.
Produzida de 1975 a 1992, ofereceu motores de quatro e seis cilindros e amplo espaço para bagagens.
Nesta reportagem, o Portal iG Carros reconstitui a trajetória da Caravan na série “Geração sobre rodas”, da estreia ligada ao Opala às reestilizações dos anos 1980 e à despedida no início dos anos 1990.
O texto revisita versões, motores e mudanças de estilo que ajudaram a consolidar a perua como um dos modelos mais lembrados da marca no país.
1ª geração (1975–1979) | Estreia da perua do Opala
Baseada no Opel Rekord Caravan europeu, a versão brasileira chegou às lojas em 1975, um ano depois de ser exibida no Salão de 1974.

A carroceria de duas portas seguia a solução preferida do mercado nacional da época, mas com dimensões generosas: cerca de 4,70 metros de comprimento e 2,66 m de entre-eixos, praticamente repetindo as medidas do sedã Opala.
Logo no lançamento, a Caravan compartilhava a mecânica da linha de origem, com motores de quatro cilindros 2,5 litros e seis cilindros 4,1 litros, ambos dianteiros e com tração traseira.
As versões Standard e Comodoro atendiam perfis distintos de público: de quem buscava robustez e espaço a quem priorizava acabamento mais sofisticado, com itens como teto de vinil e detalhes internos imitando madeira.
O grande porta-malas era um dos argumentos centrais. O projeto privilegiava conforto, com suspensão macia, eixo rígido na traseira e freios a disco dianteiros, ainda que a estabilidade não fosse o ponto forte em curvas mais rápidas.

Na segunda metade dos anos 1970, a linha recebeu evoluções mecânicas e de segurança derivadas do Opala. Entre elas, freio com duplo circuito, câmbio de quatro marchas no assoalho em vez da alavanca na coluna de direção e opções como ar-condicionado e direção hidráulica.
Em 1977, a GM comemorava 500 mil unidades da família Opala produzidas, marco que incluía a Caravan.
2ª fase (1980–1987) | Reestilização, versões especiais e mais conforto
Em 1980, a família Opala passou por uma reestilização profunda, que alterou também a Caravan.
A perua ganhou frente com faróis retangulares, grade redesenhada e capô mais baixo, enquanto a traseira adotou lanternas trapezoidais maiores.

A carroceria básica foi mantida por questões de custo, mas ajustes em bitolas, molas, amortecedores e barras estabilizadoras deixaram o comportamento dinâmico mais previsível, agora com pneus radiais mais largos.
Nas versões de topo, o refinamento aumentou. A Diplomata surgiu como opção mais luxuosa, com rodas de liga leve, melhor isolamento acústico, tecidos mais sofisticados, vidros verdes e pacote de conforto que podia incluir ar-condicionado, direção hidráulica, travas e vidros elétricos.

A Comodoro ocupava posição intermediária, com friso lateral e acabamento superior ao das versões básicas, enquanto a SE (ou SL, conforme o ano) se mantinha como configuração de entrada.
A Caravan também teve espaço para esportividade. A versão SS, inspirada no cupê Opala SS, trazia motor 250-S de seis cilindros com taxa de compressão elevada, carburador de corpo duplo e potência ampliada, além de visual específico com faixas decorativas, rodas mais largas e faróis auxiliares.
No início dos anos 1980, a linha registrou série especial Silver Star, com produção limitada, cores exclusivas em tons de verde ou azul e rodas de aço na cor da carroceria.

Ao longo dessa fase, o modelo acompanhou o movimento da indústria em direção ao álcool. Motores adaptados ao combustível passaram a ser oferecidos, com tanque de 88 litros para aumentar a autonomia.
A ergonomia também foi revista em detalhes como o posicionamento da alavanca do freio de estacionamento entre os bancos dianteiros, novos bancos com apoios de cabeça reguláveis e painel redesenhado com instrumentos de melhor leitura.
Últimos anos (1988–1992) | Atualizações finais e despedida
Em 1988, a linha recebeu mais uma atualização visual, considerada por parte dos entusiastas como a mais harmoniosa dos anos 1980.
A frente adotou grade em formato de trapézio invertido, com pequenos elementos retangulares e faróis auxiliares integrados ao conjunto, enquanto a traseira ganhou painel de lanternas em toda a largura.
Nas versões de topo, o interior trazia volante com ajuste de altura, temporizador dos vidros elétricos e travamento automático das portas.

No início dos anos 1990, a Caravan passou por mudanças pontuais para acompanhar exigências ambientais e de segurança.
A adoção de tanque plástico de maior capacidade, sistemas de controle de emissões e aprimoramentos de arrefecimento desenvolvidos com apoio de consultorias internacionais ajudaram a manter o projeto em linha com a legislação, embora já se tratasse de uma plataforma defasada frente aos concorrentes mais modernos.
A partir de 1991, as versões com motor seis cilindros passaram a contar com freios a disco nas quatro rodas e câmbio de cinco marchas, melhorando frenagens e regime de giro em estrada.
Ao mesmo tempo, a configuração de quatro cilindros foi gradualmente abandonada, concentrando a oferta nos modelos mais potentes.
Ainda assim, a combinação de peso elevado, consumo alto e novas preferências do mercado por sedãs e, depois, por veículos com proposta mais moderna, reduziu o apelo comercial da perua.

A produção da família Opala/Caravan em São José dos Campos (SP) foi encerrada em 1992.
A última unidade da perua a deixar a linha de montagem foi uma versão adaptada como ambulância, marco simbólico do papel utilitário que o modelo desempenhou em frotas públicas, empresas e serviços de saúde.
O espaço na gama da marca passaria a ser ocupado por projetos mais recentes, como o Omega, que substituiu o Opala no topo da linha de automóveis.
Legado
Ao longo de quase duas décadas, a Caravan consolidou um espaço próprio na indústria automobilística brasileira como a perua de grande porte associada à família Opala.
Com participação relevante em frotas públicas, na rotina de famílias e em aplicações profissionais, se tornou presença comum em estradas e cidades entre os anos 1970 e início dos 1990.
Hoje, o modelo mantém presença frequente em encontros de veículos antigos e clubes dedicados à linha Opala.