A Hyundai Company Motors decidiu recolher unidades do Genesis G90 depois de identificar que o reflexo provocado por um tom específico de prata pode levar o carro a reduzir a velocidade sozinho quando o sistema de assistência está ligado.
Os testes mostraram que o brilho excessivo da tinta altera a leitura do radar frontal e leva à frenadas inesperadas.
O problema ocorre apenas em modelos pintados em Savile Silver, que a formulação contém alumínio em quantidade capaz de dispersar o sinal emitido pelos sensores.
A montadora afirma que não houve acidentes, mas orienta motoristas a não usar o assistente até a troca da peça afetada.
Como o brilho interfere nos sensores do carro
A investigação apontou que os radares instalados nos cantos do para-choque registravam objetos inexistentes quando o feixe refletia na tinta metálica e atravessava a viga frontal do veículo.
Esse desvio fazia o sistema interpretar que outro carro estava entrando na faixa e acionar os freios sem aviso, sobretudo em velocidades muito baixas ou durante mudanças automáticas de faixa
A falha não aparece em outras cores, já que apenas a prata continha alumínio suficiente para provocar esse tipo de dispersão.
O problema levou meses para ser reproduzido em laboratório, e a confirmação veio após a instalação de para-choques pintados nesse tom em veículos de controle.
A Hyundai registrou 11 ocorrências entre 2023 e 2025, todas com o mesmo padrão: leitura equivocada do radar e frenagem repentina, sem que outro veículo estivesse na rota.
O que será trocado nos carros afetados
A solução envolve substituir a viga dianteira por uma versão selada, bloqueando a passagem do sinal pelo componente e evitando que ele volte distorcido para o sensor.
A montadora informou que o reparo será gratuito e inclui reembolso de despesas relacionadas ao defeito, seguindo o plano enviado às autoridades
Até que a substituição seja feita, os proprietários são orientados a não utilizar o Highway Drive Assist, já que a comunicação entre o sensor e o sistema pode ser alterada pelo reflexo da tinta.
A produção dessa cor foi interrompida temporariamente em novembro de 2025, e somente retornará após a adoção da peça revisada.
A cronologia do defeito e a decisão pelo recall
A primeira suspeita surgiu em fevereiro de 2025, quando um relatório de campo indicou uma frenagem sem motivo em um modelo G90.
Isso levou o escritório de segurança da empresa a monitorar casos semelhantes e recuperar peças para análise.
Entre abril e julho, técnicos replicaram a falha somente em veículos pintados em Savile Silver. O passo seguinte foi cruzar registros de produção, que confirmaram a diferença na composição da tinta.
Em novembro, após receber a análise completa do centro de pesquisa, a área de segurança da Hyundai concluiu que havia risco de acionamento inesperado dos freios e decidiu pela convocação do recall.
Problemas ligados à pintura normalmente envolvem desgaste, corrosão ou aparência, raramente afetam sistemas eletrônicos.
Nesse caso, o brilho da tinta se tornou um elemento capaz de modificar o comportamento do radar, um dos componentes centrais dos sistemas de assistência à condução.