Se você está ralando desde janeiro, pode até não gostar desse papo de que o ano começa pra valer depois do Carnaval. Mas o fato é que a partir de hoje está todo mundo de volta de férias (os que ainda têm emprego), a criançada já retornou às aulas e os negócios parecem que vão embalar, mesmo com Copa do Mundo e uma imprevisível eleição pela frente. No mercado automotivo, a corrida pela preferência dos clientes fica ainda mais acirrada, sobretudo pelas perspectivas de mais um ano de recuperação nas vendas de carros (alta de 12%, segundo a Anfavea). E com Salão do Automóvel. Por isso, a coluna desta semana vai analisar os lançamentos, as estratégias e as chances das oito marcas que lideram o mercado brasileiro. O que esperar delas em 2018? Na próxima semana, as demais marcas.
LEIA MAIS: Ainda há espaço para versões aventureiras no Brasil?
As quatro grandes
Apostas de AutoBuzz : GM perde participação, mas se mantém líder. Fiat fica estável. VW cresce e vira vice-líder. Ford cai ao menos uma posição.
Tudo indica que estará aqui a disputa mais acirrada do ano. Isso porque a Volkswagen está sedenta por recuperação. A marca tinha 21,1% do mercado em 2012, despencou para 11,5% em 2016 e começou a subir no ano passado, chegando a 12,5% do bolo. Este será o primeiro ano cheio de vendas do Polo, que largou muito bem (está em 4º no ranking, com mais de 6,6 mil unidades vendidas em janeiro). E ele ganha a companhia este mês do sedã Virtus, uma boa aposta entre o Voyage e o Jetta nos lançamentos . A picape Amarok estreia motor V6 a partir de 22 de fevereiro, e um SUV compacto é aguardado para o Salão, em outubro. Ainda não dará para brigar este ano pela liderança com a GM, mas são boas as chances de tirar a 2ª colocação da Fiat.
LEIA MAIS: Sete materiais que prometem revolucionar o mundo automotivo
Falando em Fiat, ela lança em março o sedã Cronos, para fazer dobradinha com o Argo. Ele terá versões mais acessíveis que o Virtus, já que tem como um dos objetivos substituir o Grand Siena. Com a dupla que praticamente aposenta a família Palio (restará apenas a Strada), a Fiat espera ao menos deixar de perder share de marcado, já que caiu de 23,1% em 2012 (quando era líder) para 13,4% no ano passado. Ou 17,5% se forem somadas as vendas da Jeep, de sua propriedade. A Fiat aposta no bom desempenho de Argo e Cronos para manter sua força no segmento de compactos, com Mobi e Uno brigando na porta de entrada. E ela está confortável na lucrativa praia das picapes, com Strada e Toro na liderança. A ponto de estudar o ingresso no segmento de picapes médias para 2019, com um produto vindo do México.
E a líder GM, como é que fica? A tendência é que ela perca um pouco de participação neste ano, mas não a ponto de perder a liderança. A montadora anunciou no ano passado um investimento de R$ 4,5 bilhões até 2020. Mas os principais frutos só começam a chegar no ano que vem, com a renovação das linhas Onix/Prisma e Sonic/Cobalt. E numa segunda etapa, com ao lançamento de uma picape menor que a S10 e um SUV compacto com maior poder de fogo que o importado Tracker.
A Ford, por sua vez, luta para se manter no time das quatro líderes. No ano passado conseguiu, após ter ficado na 6ª posição em 2016. O sucesso do Ka, em suas versões hatch e sedã, tem ajudado a marca do oval azul a recuperar participação de mercado. Por isso ela aposta em uma versão aventureira para a metade do ano, batizada de Ka Freestyle (assunto polêmico tratado na última coluna). E principalmente na renovação visual do compacto. A Ford está sofrendo nos segmentos de Fiesta, Focus e Ranger. O novo EcoSport não consegue acompanhar os SUVs mais vendidos, e não dá para esperar muito em nichos como os de Fusion e Mustang. Por isso, a aposta no Ka parece insuficiente para garantir a 4ª posição, pois a Toyota promete uma ofensiva (veja abaixo).
As quatro médias
Apostas de AutoBuzz : Toyota cresce e ultrapassa a Ford. Renault e Honda se mantêm estáveis. Hyundai perde um pouco de participação.
Hyundai, Toyota, Renault e Honda formam o bloco intermediário do mercado nacional. Todas ameaçam embolar com a Ford, a menor das quatro grandes. E todas vêm historicamente num movimento ascendente desde o início desta década. A Hyundai chegou a ficar em 4ª em 2016, mas foi superada pela Ford no ano passado. Ela tinha 3% do mercado em 2012, e agora tem 9,3%. Mas o ano não promete ser calmo para os coreanos, com risco de perda de sua fatia no bolo. A linha HB20, que garante o maior volume de vendas, vai sofrer com os lançamentos de VW e Fiat. Além disso, a esperada renovação do hatch e do sedã só virá em 2019. O que anima é o Creta, com ótimos indícios de que será o líder do segmento que mais cresce no Brasil, o dos SUVs.
Nesse pelotão do meio, a Toyota esfrega as mãos à espera do lançamento do hatch Yaris (rival do Polo), na metade do ano (o sedã vem em 2019). Será uma ponte fundamental entre a linha Etios e o Corolla. Dada a força da marca, da rede e a fidelidade de seus clientes, tudo indica que o modelo fará sucesso e impulsionará a Toyota, talvez superando a Ford. Tudo vai depender do ritmo nos primeiros meses de venda do Yaris. A marca japonesa tinha 3,1% do bolo em 2012, e fechou 2017 com 8,7%. Corolla e Hilux continuam liderando seus segmentos e dando bons lucros aos japoneses.
A Renault é a maior incógnita deste bloco, pois ainda é difícil mensurar o mercado do subcompacto Kwid. Ele teve uma explosão de vendas em setembro (acima de 10 mil), mas depois enfrentou dois recalls e não passou mais de 3 mil por mês. Será que vai reagir este ano? Os franceses garantem que ele vai vender mais do que isso. Além dele, a marca fará um upgrade nos modelos Sandero, Logan e Duster, e trará da Coreia o SUV grande Koleos, na faixa de R$ 150 mil. A aposta é de estabilidade este ano e crescimento em 2019.
A Honda fecha esse quarteto em situação curiosa. Ela tem uma segunda fábrica construída no interior de São Paulo, mas só vai inaugurá-la quando o mercado brasileiro embalar de vez – quem sabe no ano que vem? Com isso, as fábricas de Sumaré (SP) e da Argentina trabalham perto do limite da capacidade. O HR-V ainda garante os melhores volumes, e deve passar pelo primeiro facelift no segundo semestre, para se manter atraente. WR-V não embalou, a exemplo do novo Civic. O City chega com mudanças discretas em março, mas vai sofrer com a dupla Virtus e Cronos. Neste ano, a Honda vai lançar o renovado CR-V (para brigar com as versões mais caras do Jeep Compass), e ainda o novo Accord (sedã grande) e o esportivo Civic Si. Modelos que proporcionam status e boas margens, mas baixos volumes de venda, o que dificulta a meta de superar os 6% de participação que teve em 2017.
LEIA MAIS: Volkswagen Virtus tentará vingar em segmento que nunca foi forte no Brasil
As demais marcas
Na coluna da próxima semana, AutoBuzz analisará a estratégia das marcas que têm menos de 5% de participação, mas que lutam por uma posição mais forte com lançamentos, como Nissan, Peugeot e Citroën, ou que se especializam em certos segmentos, como Jeep e Mitsubishi. Você verá ainda a briga das marcas premium e a retomada das empresas que mais sofreram com o Inovar-Auto, como Kia, JAC e Chery. Até lá!
E você, leitor, que tal fazer suas apostas? Comente abaixo ou escreva para [email protected]. E veja mais novidades no Facebook e no Instagram, pelo código glaucolucena67