Benê Gomes

Por que a locação de frotas executivas não embala no Brasil?

Para especialistas, a cultura da posse e a falta de informação são os principais fatores que impedem a popularização dessa modalidade

Audi A5 Sportback
Foto: Divulgação
Audi A5 Sportback


Enquanto países da Europa e os Estados Unidos adotam amplamente a locação de veículos, o Brasil ainda caminha a passos lentos nessa tendência. Dados da Associação Brasileira de Locadoras de Veículos (ABLA) e da Associação Internacional de Administradores de Frotas e de Mobilidade (AIAFA), mostram que apenas 10% da frota corporativa no país é composta por automóveis alugados ou em leasing, enquanto em mercados mais maduros esse percentual chega a 60%.

Para especialistas, a cultura da posse e a falta de informação são os principais fatores que impedem a popularização do modelo de negócio. “Os brasileiros têm o hábito de querer casa e carro próprios e não percebem como o aluguel pode ser mais barato e vantajoso”, afirma Alexandre Mariano, CFO da X-Fleet, que atua no segmento de gestão e terceirização de veículos e frotas. No entanto, esse cenário pode estar mudando. Um estudo da OLX, divulgado em 2023, revelou que 7 em cada 10 jovens entre 18 e 28 anos não consideram a compra do primeiro carro uma prioridade. Já uma pesquisa global da Booking.com, de 2019, apontou que os jovens preferem investir primeiro em viagens e educação antes de economizar para adquirir um imóvel. “A Geração Z valoriza mais a experiência do que a posse”, acrescenta Mariano.

Economia e benefícios impulsionam terceirização

Além de refletir uma mudança de comportamento, a locação de veículos tem vantagens financeiras significativas. Dados da  X-Fleet apontam que a economia com terceirização pode variar entre 11% e 32%, dependendo do modelo e do tempo de contrato. Em uma simulação com um Mercedes-Benz C200 2024, avaliado em aproximadamente R$ 376 mil, a economia ao longo de 36 meses pode chegar a R$ 81 mil. Outro equívoco comum é acreditar que a terceirização só vale para grandes frotas. “A economia acontece desde a primeira unidade. Empresas de qualquer porte podem se beneficiar, pois cada contrato é estruturado conforme as necessidades específicas do cliente”, explica Mariano.

Mercedes-Benz Classe C 200
Foto: Divulgação
Mercedes-Benz Classe C 200


Mas essa possibilidade não é exclusividade das empresas, tanto que hoje diferentes locadoras oferecem planos de assinatura de automóveis para pessoas físicas. Um dos primeiros pontos destacados pelo especialista, é o melhor aproveitamento do valor investido. Isso porque, uma pessoa que escolhe comprar o mesmo carro que pode alugar, certamente vai gastar mais, já que normalmente não consegue as mesmas condições comerciais negociadas pelas locadoras com montadoras e concessionárias. Como a locadora paga menos na compra do carro, ela pode repassar a diferença para o preço da locação, o que acaba garantindo um valor mais vantajoso para o cliente.

Foto: Matheus Simanovicius
VW Nivus Highline


Outra situação que pode ser interessante é para quem já tem um carro. Nesse caso, o proprietário pode vender o veículo, fechar um contrato de locação e investir o dinheiro arrecadado no mercado financeiro ou em projetos pessoais. Além da comodidade oferecida, a locação de longo prazo também evita perdas com a depreciação do carro, que em média pode chegar a 40% em dois anos, e com os custos de documentação e manutenção, que são todos de responsabilidade da locadora. Hoje, os contratos de locação de automóveis podem ser feitos de 12 a 36 meses, com opções de pacotes de quilometragem e renovação ao final do período por outro modelo 0 km.