
Na edição 2025 da Automec, evento voltado ao segmento de reparação automotiva, Remanufatura e ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança), dois temas cada vez mais presentes na indústria, reforçaram uma tendência em ascensão no Brasil e no mundo. A agenda do evento destacou os avanços das empresas brasileiras em práticas sustentáveis. De acordo com a pesquisa “Avanços e Desafios: A Maturidade ESG nas Empresas Brasileiras 2024”, realizada por Beon ESG, Nexus e Aberje, 51% das empresas do país já adotam estratégias de sustentabilidade — um salto de 14 pontos percentuais em relação a 2021. O número de empresas com metas ambientais claras também cresceu, passando de 31% para 43% no mesmo período.
Remanufatura ganha força no setor automotivo
Dentro dessa lógica sustentável, a remanufatura de peças se apresenta como uma solução vantajosa tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental. Com custo até 50% menor em comparação a componentes novos, peças remanufaturadas têm se tornado uma opção viável para reparos e manutenções. Mas não é só o preço que pesa: esses itens passam por processos industriais rigorosos — incluindo desmontagem, limpeza, substituição de partes desgastadas e testes de desempenho —, garantindo qualidade e confiabilidade semelhantes às de peças novas, e algumas delas contam com a mesma garantia. Além disso, a remanufatura consome menos matéria-prima, energia e água, contribuindo para a redução de resíduos e da pegada de carbono. A prática está alinhada aos princípios da economia circular, promovendo um ciclo mais sustentável na indústria.
Crescimento global da remanufatura
O movimento global pela reutilização de componentes não para de crescer. Em 2023, o mercado mundial de remanufatura movimentou US$ 61,46 bilhões, saltando para US$ 64,93 bilhões em 2024. A projeção é de que esse número chegue a US$ 91,45 bilhões até 2030, impulsionado pela busca por soluções mais acessíveis e pela consolidação das políticas de economia circular.

Brasil avança, ainda que em ritmo mais lento
Embora o Brasil ainda esteja distante dos patamares internacionais, montadoras e fornecedores têm puxado a fila da transformação. Durante a Automec, a URBA lançou a linha ECO, voltada à remanufatura de bombas d'água e outros componentes. Segundo Luis Tocci, diretor comercial da Fluid System do Brasil, o lançamento reflete um movimento estratégico da empresa, que responde à demanda de um mercado cada vez mais consciente.
Expositores investem em sustentabilidade
No segmento de motores, a Mahle apresentou soluções desenvolvidas com reaproveitamento de rejeitos metálicos, diminuindo a pegada de carbono no processo produtivo. Com mais de 30 anos de experiência em remanufatura no Brasil, a Cummins levou à feira seu portfólio ReCon, que reutiliza componentes com 85% menos consumo de energia elétrica. Já a Eaton destacou a linha ECOBOX, focada na reutilização de peças e na redução das emissões, aliando desempenho ambiental e eficiência.

Mais que tendência, uma nova realidade
A sustentabilidade já é prática concreta na indústria automotiva brasileira, e a Automec 2025 se consolidou como uma vitrine dessa transformação. Muito bom confirmar que remanufatura, responsabilidade ambiental e inovação já caminham juntas rumo a um futuro mais consciente e eficiente.