A marca BMW sempre inspirou altas doses de respeito e confiança em seu selecionado público, seja em duas ou quatro rodas. E até agora, as motocicletas que ostentam o símbolo da hélice estilizada eram de cilindradas médias a grandes, desde os 700 cm3 até os 1.600 cm3. A entrada da marca no segmento de baixa cilindrada, no entanto, não significa que essa imagem que sempre acompanhou seus produtos possa ser maculada, como pode muito bem demonstrar a nova G 310R, lançada esta semana na pista do Haras Tuiuti, interior de São Paulo.
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Com o mesmo bom acabamento das irmãs maiores e com uma enorme preocupação na qualidade do produto, a BMW G 310R
começa a ser vendida amanhã, na rede oficial da marca, pelo preço de R$ 21.900. A BMW fez uma campanha de pré-venda para esse modelo, nas 39 concessionárias da marca espalhadas pelo país, e rodas as unidades reservadas para isso foram vendidas em três semanas. Essas primeiras motocicletas já começam a ser
entregues aos clientes da pré-venda e as que começam a ser vendidas neste sábado (12) serão entregues em setembro.
Além do preço bastante tentador, na mesma faixa das suas principais concorrentes, que são as bicilíndricas Yamaha MT-03 (R$ 21.190, com ABS) e a Kawasaki Z300 (R$ 20.890, com ABS), a BMW tem um plano de financiamento para sua nova motocicleta com R$ 7.150 de entrada, 36
parcelas de R$ 499, juros de 2,08% e parcela final de 30%, com garantia de recompra. A produção da BMW G 310R foi iniciada há três meses, menos de um anos após o início das atividades da fábrica própria da marca, em Manaus, AM.
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A nova BMW G 310R é uma pequena jóia. O porte impressiona, parece ser uma motocicleta de maior cilindrada, já que o pequeno monocilindro fica oculto pelas duas carenagens laterais. A suspensão dianteira invertida, do tipo upside-down, com amortecedores dourados de 41 mm de diâmetro, é outro item que contribui para um visual de motocicleta de maior porte.
A BMW G 310R está sendo apresentada como uma motocicleta urbana, com características que a tornam bastante versátil e confortável para enfrentar o trânsito das grandes cidades brasileiras, mas como seu lançamento para a imprensa nesta semana foi em um circuito fechado, a pista de testes do Haras Tuiuti, no interior paulista, minhas impressões logicamente se resumem em seu comportamento esportivo.
Pilotando o novo modelo da BMW
A posição de pilotagem é um dos primeiros pontos positivos que notamos, mais uma vez graças ao seu tamanho um tanto crescido. Não há aquela sensação de “moto pequena”. O ronco do motor é, obviamente, o de um monocilindro, o que pode não inspirar ideias muito esportivas no início, o que, no entanto, muda de figura em menos de uma volta completa no circuito.
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Com cilindrada de 313 cm 3 , o motor DOHC de quatro válvulas e refrigerado a água rende 34 cv de potência, a 9.200 rpm, com torque de 2,9 kgfm a 7.500 rpm. Com essas credenciais, dá pra perceber, mesmo antes de entrar na pista, que o motorzinho vai trabalhar bem nas rotações superiores. Uma particularidade desse motor, o que pode ser uma grande surpresa para aqueles que não têm familiaridade com modelos de competição, é a sua posição invertida no quadro da moto. Ou seja, o sistema de alimentação fica na frente e o escapamento sai por trás do cilindro.
O câmbio de 6 marchas tem escalonamento propício para pilotagem esportiva, porém não posso afirmar nada ainda sobre as três marchas superiores. No circuito “travadão” do Haras, o que beneficia pequenas esportivas e pune as realmente potentes, usei apenas a segunda e terceira marchas e assim a G310R realmente estava se sentindo em casa. Como havia um bloqueio de cones em um ponto antes do trecho mais lento da pista, usei nesse ponto também a primeira marcha.
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Do painel de instrumentos, totalmente digital, acompanhei apenas o conta-giros, pouco esportivo, uma vez que é apenas uma barra no pé do display, e o indicador de marchas, relativamente útil até que eu estivesse mais à vontade após algumas voltas. O resto deixaremos para uma avaliação urbana.
Após levar a rotação um pouco acima da de potência máxima, quando
acende uma discreta luz branca no painel (“não é um shift-light”, diz a BMW), a mudança para a marcha superior não deixa cair demais a rotação e a consequente subida de giros é feita rapidamente.
Quanto à estabilidade, a G 310R é bem resolvida. Pesando 158 kg, é ágil e de fácil maneabilidade. Uns exercícios de equilíbrio praticados antes de entrar para a pista mostraram bem essa faceta da nova motocicleta. Nas curvas, ela vai exatamente onde queremos, o que já era esperado pelas características do conjunto. A suspensão dianteira invertida Kayaba tem
curso de 140 mm, a traseira com braço oscilante de alumínio e mais longo (o que foi possível graças à posição invertida do motor) tem 131 mm e a distância entreeixos é de 1.374 mm.
Ao final do dia, a nova BMW G 310R se revelou uma grata surpresa. Não tanto por acharmos que uma BMW pequena e barata não poderia ser boa, mas, principalmente, por poder existir uma motocicleta pequena e barata – e competente – com a marca e o padrão BMW que todos sempre desejaram. A motocicleta tem muito mais atributos do que uma tarde na pista poderia revelar, como, por exemplo, bancos de várias alturas e densidades para diversos tipos de pilotos e pilotagens. Mas isso vou deixar para uma próxima etapa, quando poderei conferir outras qualidades da pequena BMW no dia a dia urbano.