Pura maldade: acelerar os 1.262 cm 3 de cilindrada do V2 da Ducati XDiavel na janela de um carro cujo motorista esteja distraído. Se ele estiver no celular, maior ainda é a traquinagem. O ronco, no entanto, não é o único atrativo da XDiavel.
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Nos anos 80, mais precisamente em 1982, eu era fã de uma série de quadrinhos japoneses chamada Akira. Nesse mangá, o protagonista Kaneda e seus amigos circulavam por uma Tóquio pós apocalíptica, que havia sido destruída pela Terceira Guerra Mundial, em motocicletas futuristas, que pareciam, na época, impossível de serem produzida. Hoje, 35 anos depois, existe a Ducati XDiavel .
A motocicleta dos quadrinhos era baixa e alongada – a do Kaneda era vermelha –, não passando a impressão de que poderia fazer curvas em altas velocidades, como era sugerido. E o ronco? Mangá não tem som. A história, no entanto, teve uma versão em desenho animado, de 1988, só que lá as motocicletas futuristas quase que não emitiam qualquer ruido. Já a Ducati XDiavel supera qualquer rival quando o assunto é potência sonora. Um ronco
vigoroso acompanhado de um ruído metálico de máquina trabalhando forte, exatamente como sugerem os motores italianos. A subida de giro é brutal, assim como o susto do motorista distraído e com a janela aberta ao lado dos escapamentos da XDiavel.
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Esses dois atributos são apenas o aperitivo para a degustação da primeira custom da marca italiana. Há quem não a considere uma custom, mas a semelhança na posição de pilotagem com a também radical Harley-Davidson V-Rod não nega esse status. Perto da XDiavel, a H-D V-Rod corre o risco até ser chamada de comportada ou convencional. A base de tanta ousadia é o motor V2 Testastretta DVT 1262, que, além de potente e absurdamente torcudo, é muito bonito. São 152 cv de potência e 12,8 kgfm de torque, possibilitando altas doses de divertimento, só que diferente da diversão normalmente possível em uma custom convencional. O sistema eletrônico de controle de largada, equipamento presente nos
automóveis esportivos de primeiríssima linha, é um dos brinquedos que a
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XDiavel oferece para apimentar a diversão. Com o DPL, Ducati Power Launch, ela se transforma em um dragster e acelera brutalmente, em três modos de intervenção. Tanto que o sistema disponibiliza ao piloto um número limitado de partidas rápidas sucessivas, para poupar a embreagem.
Akira
Como uma motocicleta custom, a Ducati XDiavel oferece ao piloto uma posição confortável e relaxada, com os braços abertos, devido ao guidão bem largo, Seria muito boa para, do mesmo modo, podermos viajar confortáveis e relaxados, mas, quem é que resiste ao acelerador sempre aberto, com as rotações lá em cima? A mesma coisa acontece no ambiente
urbano, serpenteando pelo meio dos automóveis. E isso a XDiavel até que faz muito bem, mesmo com as pernas jogadas lá pra frente, como toda boa custom! Mas quem é que resiste às aceleradas nas janelas dos incautos? Ouvi até velada reclamação de usuários de garagens de prédios, já que o som forte e metálico ecoa por todos os cantos dos subterrâneos.
Além de tudo isso, desempenho, adrenalina, diversão, a danada da XDiavel é muito bonita. Se não está chamando a atenção pelo barulho, está pela beleza agressiva. Se pudéssemos voltar 35 anos no tempo, certamente deixaríamos um tal de Kaneda com muita vontade de trocar a sua japonesa por uma italiana. E para isso ele teria que desembolsar R$ 74.900. A Ducati XDiavel S, que tem alguns detalhes a mais de acabamento, como partes usinadas do alumínio do motor e das rodas, pinças de freios Brembo M50, pintura em preto brilhante, sistema DRL de iluminação (daytime running light, ou iluminação diurna) e conexão Bluetooth para celular, custa R$ 89.900.