O carro elétrico vai dominar as ruas do Brasil.
Esta é uma das frases que os apocalípticos pregam por aí, atrás de likes e compartilhamentos nas redes sociais. Mas, nesta coluna, a gente gosta mesmo é de provocar e mostrar os muitos caminhos da mobilidade.
Sem hipocrisia, para falar de meio ambiente e carro elétrico, a origem da energia é muito importante. O impacto e emissões de carbono devem ser considerados em todo o ciclo de vida do veículo, desde a produção de insumos, baterias e, obviamente, o combustível que ele vai usar. Se um carro elétrico utilizar a energia produzida a partir de termoelétricas a carvão, ele pode poluir igual ou até mais que um carro movido a petróleo.
Outro mito muito comum é o que não tem energia para abastecer os carros movidos a eletricidade. De fato, o mundo tem déficit de energia. E em alguns lugares do mundo, como na Europa, a energia elétrica não vem de uma fonte renovável. Mas falando de Brasil, aqui a coisa é diferente.
Nosso país, como diz a música é “abençoado por Deus e bonito por natureza”. Temos hidroelétricas, somos líderes mundiais nos biocombustíveis, o Etanol está aí para demonstrar nossa competência. Os investimentos em usinas eólicas crescem a cada dia. E a energia solar está ocupando um espaço muito importante nas nossas matrizes energéticas.
A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) registrou um crescimento de mais de 83% em um ano da geração de energia Solar. Entre fevereiro de 2022 e fevereiro de 2023, a produção de energia solar saltou de 14,2 gigawatts (GW) para os atuais 26 GW. Desde julho do ano passado, o crescimento médio da fonte solar tem sido de 1 GW por mês.
A energia gerada a partir de painéis solares se tornou, no início deste ano, a segunda maior fonte do país, ultrapassando a capacidade total de produção das usinas eólicas, segundo dados da Absolar e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A energia elétrica permanece dominante no país, com mais de 50% do parque nacional. As outras fontes de matriz elétrica são usinas a gás natural, biomassa, diesel, carvão mineral e nuclear.
E caso, da noite para o dia, todos os carros do Brasil se transformassem em carros elétricos o aumento da demanda de energia seria de 1%. Em tempos normais, quando o Brasil crescia de verdade, o aumento da demanda era de 4 a 5% ao ano. Em outras palavras, dá sim para andar com seu carro elétrico aqui no Brasil, e se for energia limpa é melhor ainda.
Agora que a gente sabe que vai ter combustível para o seu carro, seja movido a eletricidade ou a combustão, a pergunta que fica é o preço. Mesmo com todos os esforços do governo brasileiro e Estados, o mar internacional não está para peixe.
No último domingo (2), a Opep anunciou redução da produção de petróleo, o que impactou diretamente o preço do barril. Até o fechamento desta coluna, já estava na casa dos 8% de aumento no custo do barril. O etanol, que é uma opção, teve um aumento de 1,84% e o açúcar, que é um commodity e uma alternativa de produção nas usinas, está em alta também.
No caso da energia, o consumidor que usa a rede também fica refém das tarifas que podem ter variações e têm os custos das termoelétricas que são complementares e servem como suporte em caso de escassez de água nas hidroelétricas.
Agora quem tem painel solar é literalmente Deus enchendo o tanque do carro, ou melhor: a bateria.