Faz algum tempo que se debate quem serão os próximos automóveis clássicos. Colecionadores, lojistas e entendidos em geral são unânimes em citar modelos como Escort XR3 , Gol GTI , Santana Sport, Kadett GSi , Omega CD (de preferência os primeiros) e Uno 1.5R , entre outros. A maioria ainda não tem trinta anos – a idade oficial para se tornar um antigo, entre outros quesitos –, mas todos eles já são considerados colecionáveis. Agarre o seu quem puder.
Uma explicação está no fato de que os garotos que babavam nesses carros nos anos 80 e 90 viraram adultos e agora podem bancar o antigo sonho.
Outro elemento é a joia a ser paga para se tornar sócio no clube do antigomobilismo. Em geral, quem tem veículo antigo não o vende, e quando vende, vende caro. Portanto, quem quisesse entrar para esse mundo gastando valores razoáveis deveria buscar alternativas que desviassem de Mustangs e Camaros .
Só que o tempo passou rápido demais, e o Clássicos Brasil – evento criado no ano passado para celebrar a indústria nacional – mostrou que Kadett , Gol , Escort e afins deixaram de ser clássicos do futuro para serem clássicos do presente. Hoje fazem parte de coleções de entusiastas e investidores.
A exposição em si evidencia que eles já são itens a serem preservados, mas também os preços revelam que, se outrora podiam ser uma porta de entrada para o antigomobilismo, hoje já estão em um patamar cada vez menos acessível.
Há dois ou três anos, ninguém em sã consciência pagaria R$ 48 mil por um Kadett GSi Cabriolet 1994 . Esse era o valor pedido por uma loja ali mesmo no evento, que exibia ao lado dele um Gol 1982 S, com uma etiqueta de R$ 24 mil. Sim, “S” de Standard, básico.
E o que dizer do Puma GTB 2 1979, que no passado recente atraía o interesse de poucos e que hoje é anunciado por R$ 90 mil?
Presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos, Roberto Suga tem uma explicação para a alta dos preços.
“Além da explosão mundial que faz os preços inflacionarem, você tem cada vez mais dificuldades em restaurar um carro antigo. Primeiro pela falta de peças, que naturalmente vão se esgotando ao longo do tempo. Segundo pela falta de profissionais: achar um funileiro ou um tapeceiro hoje em dia é cada vez mais difícil. À medida que a oferta cai e a demanda sobe, os preços sobem também”, reflete.
Então, o que podia ser uma alternativa relativamente barata para começar uma singela coleção já ficou cara demais. Considere também que a geração seguinte àquela dos anos 80 e 90 não é tão interessada em automóveis.
Isto posto, fica a pergunta: e agora, quem são os próximos colecionáveis depois dos que eram os próximos colecionáveis?