Veículos elétricos diminuem os impactos do carbono no clima
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Veículos elétricos diminuem os impactos do carbono no clima

O slogan que dá título a esta coluna é emprestado de campanha do Governo federal que, no final da década de 70, buscava incentivar a compra do carro a álcool, antes da chegada da tecnologia flex (Carro à álcool: você ainda vai ter um).

Fast forward para 2023, na última semana de junho, tivemos uma notícia histórica que o carro mais vendido do mundo atualmente é um 100% elétrico. O Tesla Model Y ultrapassou o então líder, Toyota Corolla, no primeiro trimestre do ano. Foram 267,2 mil unidades versus 256,5 mil unidades apesar de custar mais que o dobro (U$ 52 mil x U$ 23 mil).

O mercado de carros elétricos no mundo já superou de longe as projeções recentes mais otimistas feitas nos últimos anos sobre seu crescimento. Nos últimos 2 anos a venda de EV’s multiplicou-se por 3. Na China, nos últimos 12 meses o mercado de carros elétricos chegou a 25% do total e na Europa cresceu 17%. Já há países naquele continente onde as vendas de carros elétricos já ultrapassaram as vendas de carros a combustão, como na Noruega com 80% das vendas totais.

Recentemente o diretor da GM (que já virou estrategicamente a companhia para um futuro 100% elétrico) para a América Latina Santiago Chamorro divulgou pesquisa sobre o relacionamento do consumidor automotivo com os carros elétricos.

0% (ou ninguém) das pessoas que compraram carros elétricos no Brasil pretendem voltar a ter um carro a combustão. Entre as razões estão a facilidade de carregar (fator emblemático, mas que sugere que uma vez estabelecido o hábito de carregar em casa, desmistifica-se a questão do abastecimento). O prazer de dirigir com a presença de torque constante, o fato de ser bom para o planeta e a tecnologia embarcada completam as razões para 100% de fidelidade ao novo power train.

86% das pessoas que pretendem comprar um carro nos próximos 12/18 meses consideram a compra de um elétrico, o que sugere rápida “contaminação” dos não convertidos. 

80% das viagens diárias acontecem em ambiente urbano e distâncias de até 45 km. 70% das viagens fora de ambientes urbanos acontecem em distâncias de até 400Km. Já há investimento importante em rede de carregamentos rápidos a partir de iniciativas de empresas do setor energético e espera-se rápido crescimento da infraestrutura para carregamento nos próximos anos no Brasil.

Com uma matriz energética que tem 86% de sua origem de fontes limpas, como hídrica, solar ou eólica, o Brasil é o cenário ideal para o carro elétrico, já que temos o potencial de zerar emissões nos centros urbanos em relação ao carro híbrido, que gera alguma emissão. Além disso, é importante admitir que o Brasil ou o mercado brasileiro não tem papel de protagonista na indútria automotiva global e, se a diretriz de produção for na direção dos elétricos, não é razoável pensar que serão mantidas linhas de produção de híbridos para atender o mercado brasileiro, que tem volume marginal em relação às vendas no mundo.

Em 2022, o Brasil gerou o equivalente a uma Usina de Itaipú em energia solar ou um aumento de 3% no total de capacidade do sistema. Este crescimento anual em geração de energia limpa é suficiente para suportar o crescimento da frota circulante de carros elétricos no Brasil sem a necessidade de recorrer a fontes sujas como as termoelétricas. Além disso, segundo especialistas, o melhor destino para o etanol seria a substituição as usinas de carvão muito poluentes, como reserva adicional de energia para os 14% da matriz que não é limpa.

No momento em que o mundo todo busca alternativas para regenerar suas emissões, assim como fomos exemplo na década de 70, o Brasil tem tudo para ser exemplo para o mundo de mobilidade limpa e sustentável.

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