Fala galera, beleza??? Mais uma vez, quero agradecer a todos que estão acompanhando essa coluna. A prova disso foi um e-mail que recebi sobre o texto anterior.
Foi um e-mail contrapondo as informações que trouxe. Fico muito honrado, pois os textos estão gerando discussão e reflexão. Este é meu objetivo, não quero que aceitem minhas palavras como verdade absoluta, mas como um relato que gere um debate profundo sobre a mobilidade elétrica no Brasil e no mundo.
Confira a última coluna aqui: Carro elétrico é coisa de rico?
A ideia do texto de hoje é discutir o uso dos veículos elétricos em rodovias. Um fato desconhecido pela maioria das pessoas é que o carro elétrico possui um consumo energético superior em rodovias, em contraponto aos veículos a combustão.
O fato é que o carro elétrico é mais eficiente em velocidades constantes de aproximadamente 60 km/h e aproveita as frenagens para regeneração de energia, tornando o ambiente urbano o habitat perfeito para um carro elétrico.
Quando se fala em rodovias , imagina-se velocidades de aproximadamente 100 km/h, poucas reduções e necessidade de retomadas de velocidades mais abruptas.
Somados ao arrasto aerodinâmico e poucas oportunidades de regeneração, o consumo de energia será consideravelmente maior. Então uma autonomia urbana de 300 km será reduzida para média de 260 km (lógico que o motorista também precisa colaborar para atingir essa média).
Rodar por volta de 10 km/h abaixo do limite máximo da via garantirá médias de consumo muito positivas. Além de reduzir o consumo de energia , você precisará reduzir e acelerar em menos oportunidades, sem contar que será uma viagem mais segura.
- Calibre os pneus com 2 PSI a mais que você colocaria na cidade, o carro ficará mais duro, mas ajudará muito para diminuir o arrasto dos pneus e aumentará a autonomia do veículo. Pode gerar um desgaste maior no pneu, mas a dica é usar como exceção, não como regra.
- Faça um teste, veja que o tempo de viagem não será muito diferente, mas a autonomia será muito melhor.
- Apesar do ar-condicionado consumir a energia da bateria, rodar com as janelas abertas consumirá ainda mais. Mantenha o ar em uma temperatura suficiente para garantir um conforto térmico.
Agora que dei uma pequena introdução com dicas, quero contar como foi minha experiência com viagem rodoviária em um carro elétrico. Tudo aconteceu no longínquo ano de 2019.
Estava com o carro há pouco mais de 1 mês e precisava buscar uma família de clientes em Pouso Alegre (MG). Uma viagem
de 400 km de ida e volta São Paulo / Pouso Alegre. Pensei: “Ah, precisarei de apenas um terço de recarga, tranquilo”.
Com pouca experiência, levei em conta vários fatores básicos como a tipografia do trajeto, consumo de energia superior na estrada, uso de ar-condicionado, tempo necessário para recarregar o veículo
e a adição do peso na volta para São Paulo com mais três pessoas e malas no carro.
Precisei parar duas vezes na ida e duas vezes na volta para conseguir concluir a viagem. Detalhe: uma das paradas obrigou-me a aumentar em 60 km meu percurso. Infelizmente não havia nenhum carregador Supercharger na Fernão Dias em 2019. Para “ajudar” a piorar, os carregadores existentes se encontravam em área rural, que apresentava oscilação e entrega deficitária de energia.
Lição aprendida, na segunda vez que fiz exatamente esse trajeto, fui e voltei sem precisar carregar no meio do percurso. Decidi sair à noite, passar a noite em Santa Rita do Sapucaí (MG) para carregar o veículo e retornar na manhã seguinte. O tempo necessário para carregar durante à noite foi o mesmo que passei na estrada na viagem anterior.
Conhecer o carro, o trajeto e os pontos de apoio fazem toda a diferença para garantir uma viagem tranquila, principalmente quando se fala em viagem com carro elétrico.
Então quer dizer que viajar com um carro elétrico é sempre um transtorno? Não, longe disso. A viagem com carro elétrico é muito prazerosa, desde que bem programada e consciente.
Desde o episódio relatado, os pontos de carregamento cresceram de forma exponencial, inclusive nas rodovias. Para se ter ideia, falta apenas cobrir um trecho de 1.000 km entre Feira de Santana e Vitória para conseguirmos viajar toda a costa brasileira de carro elétrico.
Parece muito? Então vamos pensar: O trecho de São Paulo a Brasília possui uma distância similar e já é possível completar essa viagem com as opções que temos hoje (Jundiaí, Limeira, Ribeirão Preto, Uberlândia e um carregador de 7,4 kWh que garante o fim da viagem em Cristalina).
Com apenas quatro carregadores , você terá 1.000 km de viagem garantidos. Mas lógico que o ideal seria ter um ponto a cada 100 ou 150 km para proporcionar uma viagem mais tranquila e sem tantas filas nos carregadores.
Para se ter uma ideia, Porto Alegre (RS) e Natal (RN) são mais de 4.200 km. Precisamos cobrir menos de 25% desse trajeto com novos pontos de carregamento . Evoluímos muito nos últimos anos e a evolução será ainda mais rápida daqui para frente.
Declarações de empresas de energia, demonstram que o crescimento será rápido e amplo . Não veremos eletrovias apenas em pequenos trechos entre as capitais, mas uma grande malha por todo o Brasil.
Então, meu caro leitor, carregue seu carro
, prepare sua mala e pé na estrada.