Os carros não são a única forma de locomoção elétrica
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Os carros não são a única forma de locomoção elétrica

Fala, galera. Beleza? Após uma reflexão sobre os participantes de um projeto maior para a mobilidade elétrica, decidi ampliar os horizontes sobre o tamanho da mudança.

Quando recebi o enfático “NÃO” da assembleia do meu condomínio para a instalação de um carregador de veículo elétrico, decidi comprar o famoso Trovão Azul, um patinete L8F da Inmotion que adquiri após 1 mês de aluguel com a galera da Emove.

A aquisição do patinete foi friamente calculada. Já havia planejado a compra caso ocorresse a infortuna negativa por parte da vizinhança. Mas como não tinha experiência na área, busquei os especialistas, a galera EFS.

Vários bate papos e muitos test rides para chegar à escolha do modelo em questão, bati o martelo. O L8F foi uma escolha milimetricamente calculada, literalmente. Todos os modelos que testei precisavam passar pelo mesmo ritual: dobrar, guardar no porta-malas e desdobrar. No final o L8F foi escolhido pelo tamanho e a possibilidade de dobrar os manetes.

O processo de guardar e retirar foi medido e cronometrado, visto que o habitat dele seria o porta-malas do Chapolin. A ideia é o patinete sempre estar a mão quando deixasse o carro carregando, e assim poderia voltar para a casa tranquilamente. Inclusive, enquanto escrevo este texto, o Trovão Azul está aqui na sala de casa dando uma carga na bateria para depois buscarmos o JAC iEV40 no ponto de carregamento próximo de casa.

Apenas para contextualizar, estou há três anos com meu carro elétrico sem nunca ter carregado em meu condomínio, apenas usando as estações próximas de casa. Fazia algumas caminhadas de 15 minutos e tudo certo. Todavia, como diria outro personagem querido (Super Sam): “Time’s Money, Oh yeah…”

As caminhadas em dias mais atarefados não eram tão bem-vindas, principalmente quando o equipamento mais próximo estava ocupado. Foi aí que surgiu a ideia de ampliar meu modal de transporte eletrificado. Garanti deslocamentos mais rápidos, consegui reduzir de 15 minutos para apenas 5.

Mas o mais bacana foi observar que tenho usado o meu novo meio transporte no dia a dia. São constantes os deslocamentos mais rápidos, como compras menores no supermercado, idas na farmácia e até ir até a loja da JAC Motors para buscar algum carro para gravar.

Dessa forma, comecei a notar o quão importante é para as grandes cidades a adoção de equipamentos de transporte individual compacto (levíssimo), que podem ser uma ótima opção para reduzir as ocupações em transportes coletivos, em trajetos curtos ou mesmo reduzir as baldeações.

Claro que trajeto curto é algo relativo, pois você pode fazer um deslocamento superior a 30 km com uma carga de bateria. O problema em trajeto longo está mais relacionado à infraestrutura das vias que ao carregamento para garantir a volta, pois qualquer tomada 110v irá permitir a recarga do seu meio de transporte.

Preciso ser honesto, torci o nariz no início da implantação das ciclofaixas em São Paulo. Também pudera, foi um projeto muito mal estruturado, que promoveu diversas vias que começavam em lugares aleatórios e terminavam em locais sem sentido. Entretanto, serviu para incentivar o transporte alternativo e, posteriormente, o surgimento de vias mais organizadas.

Não que tenhamos a infraestrutura ideal, mas temos alguma coisa, que pode ser melhorada. Ouso em dizer que até foi criada uma conscientização dos motoristas quanto à necessidade de ter zelo com os usuários de levíssimos nas vias. Claro que não posso dizer que são todos os motoristas que respeitam, mas observo sim um cuidado pela maioria.

Além de ser muito prazeroso andar de patinete em um dia de céu azul ou mesmo em uma noite agradável, é possível realizar trajetos mais rápidos do que se estivesse de carro. Costumo deixar meu carro carregando em um estacionamento próximo da escola da minha filha e voltar de patinete para casa em apenas 8 minutos.

Em outras oportunidades, quando não achava lugar para estacionar próximo ao meu destino, buscava locais mais distantes e prosseguia o trajeto em duas rodas. Aliás, o estacionamento fica até mais barato que se deixasse em um estacionamento próximo.

Infelizmente as ciclofaixas ficam esquecidas após sua implantação. Temos uma cidade que não é conhecida por oferecer o asfalto de melhor qualidade. E o estado dele é ainda pior nas laterais devido a deformação causada pelos ônibus, bocas de lobos e remendos malfeitos pelas empresas de serviço.

Atrelado às péssimas condições de nossas vias, que são ainda mais perceptíveis com rodas pequenas, ainda temos a falta de legislação para o trânsito de levíssimos. Em abril de 2022, tivemos diversas operações policiais (blitz) focadas nos veículos elétricos levíssimos. Na verdade, o foco era a apreensão de scooters elétricas irregulares.

Esses veículos viraram uma febre nas grandes cidades brasileiras O problema é que muitas pessoas compraram atraídas pela promessa equivocada de vendedores que alegavam não haver a necessidade de emplacamento e posse de CNH.

Não é bem assim, mas deixarei para especialistas explicarem melhor.

O fato é que as operações policiais incluíram na mesma interpretação todos os equipamentos que possuem acelerador, até meu querido Trovão Azul, com seu pequeno motor de 250 w, poderia ter ido passear em um guincho da prefeitura e ser abandonado sabe lá em qual pátio.

Após manifestações da ABVE, ABRAVEi e tantas outras entidades de representação, as operações foram suspensas. Mas ainda continua um certo buraco legislativo que precisa ser preenchido após discussões com a sociedade.

Então, meu caro leitor, finalizo esse texto com a seguinte reflexão: A mobilidade elétrica existe desde um prático patinete até um gigantesco trem de carga. Só precisamos cuidar de cada parte com o devido carinho para um mundo mais sustentável. Não se esqueça dos pequenos, eles são de grande ajuda.

Até mais.

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