Filas para carregamento mostram a adesão à eletromobilidade
Thiago Garcia
Filas para carregamento mostram a adesão à eletromobilidade

Fala, galera. Beleza? Os últimos textos trouxeram um pouco de reflexão e crítica construtiva. Talvez eu tenha deixado a impressão que estava um tanto quanto insatisfeito com a mobilidade elétrica. A verdade é que, quando gostamos muito de algo, queremos que o alvo do nosso apreço esteja em constante melhoria. É pensando nisso que tenho trazido meus pontos de observação.

O texto dessa semana será um pouco diferente. Recentemente, passei por uma experiência simples e rotineira. Todavia, essas experiências rotineiras dão o tom do dia a dia. Garanto que essa foi muito positiva.

Na última semana, recebi um pedido de viagem para o aeroporto e precisava carregar o Chapolin na noite que precedia o serviço. Fui até o carregador da Shell Recharge. Chegando ao local, não havia um, mas dois carros elétricos para carregar.

O ponto central é que havia mais um carro elétrico que já havia carregado, mas permanecia no local. No total, eram dois Nissan Leafs, um Renault Kwid e-tech e meu JAC iEV40. A primeira coisa em comum entre todos era que os quatro eram motoristas de App com carro elétrico.

A segunda coisa em comum era que todos têm noção das limitações que o tempo de recarga e a autonomia impõem ao trabalhador que está sempre na rua. Mesmo com essa consciência, ninguém pensa em voltar para o veículo à combustão.

Digo isso porque, cada um que terminava, em vez de seguir seu rumo, continuava no local para bater papo sobre mobilidade elétrica. Lógico que também estavam esperando uma boa corrida para fazer, mas o papo estava tão bom que ninguém se esforçava em aceitar as corridas “mais ou menos”.

Já escrevi em outros textos que, para você fazer amizade com um usuário de carro elétrico, basta esperar um pouco em algum eletroposto de carga rápida. Logo aparecerá alguém com muita vontade de trocar experiências.

Falando em experiências, entre os três motoristas que encontrei, era unânime que todos tinham um prazer muito maior ao dirigir, notaram aumento nos ganhos e recebiam melhores avaliações dos passageiros (clientes mais satisfeitos).

Veja bem, temos dois nichos de usuários pessoa física que consomem veículos elétricos. O primeiro nicho que surgiu foi aquele que apostou em uma causa e, provavelmente, colocou um sistema fotovoltaico antes de adquirir o carro elétrico. O segundo nicho é o trabalhador que depende do carro e partiu para mobilidade elétrica por conta de custos.

Esse segundo nicho faz a conta na ponta do lápis e precisa ver no dia a dia a vantagem de cada decisão, há pouca margem de investimento para pensar no longo prazo. Ocorre que os benefícios da mobilidade elétrica têm se tornado tão nítidos a curto prazo que alguns motoristas já investem nos seus sistemas de geração de energia solar.

Um carro isento de rodízio, com menor chance de gerar manutenção corretiva e custo de manutenção menor são os principais motivos.

É importante pontuarmos que os motoristas de App que migraram para mobilidade elétrica fizeram por motivos profissionais, não por convicção ou alguma causa ecologicamente correta. Todos foram pelo mesmo motivo: o pão nosso de cada dia.

Infelizmente, alguns motoristas de App se viram obrigados a voltar para o carro à combustão (não concordo com a decisão deles, mas cada um sabe onde o calo aperta). Muito se deu por conta do início da cobrança das recargas e pela redução (bem temporária) do preço dos combustíveis. Começaram a pensar que, talvez, não valesse tanto a pena aguardar horas em uma fila de carregamento se a diferença dos custos entre o carro elétrico e o carro à combustão não estava mais tão distante.

Na minha opinião, os motoristas que voltaram aos carros à combustão não se adaptaram ao novo estilo de vida que o veículo elétrico traz, menos tempo atrás do volante e um ritmo de vida mais slow, tanto na condução quanto naquela ansiedade de sair para rua.

Os bravos que permanecem com os veículos elétricos entenderam a necessidade de mudar sua rotina, se adaptaram e sentiram prazer na mudança. Como diriam os gestores de hoje em dia, são pessoas resilientes. Mais do que isso, aprenderam com a experiência e criaram novas estratégias de trabalho.

Vi isso naquela noite que mencionei no começo deste texto: pessoas resilientes, organizadas e com muita vontade de aprender ainda mais. Não só aprender mais, como ensinar também. Dificilmente você encontrará uma roda de conversa sobre carro elétrico que não haja um comentário sobre algum “perrengue” relatado por uma pessoa e outra com a solução do problema.

Em um momento, um motorista de app com Fiat Mobi viu aquela roda de conversa em torno do carregador e decidiu se aproximar para participar. Em 15 minutos de bate papo, recebeu mais informações sobre veículos elétricos que poderia ter aprendido em todas as matérias de canais automotivos convencionais.

O que eu quero dizer é: aqueles que conseguiram virar a chave para a mobilidade elétrica, desejam aprender cada vez mais e repassar tudo que aprenderam para outras pessoas. O compartilhamento de experiências é algo que acompanha a cada um de nós, e isso ajuda a cada novo convertido da mobilidade elétrica em sua nova jornada.

Lógico que temos muito para construir ainda. Há pouco tempo atrás, a luta era por novos pontos de carregamento. Hoje, pedimos que o crescimento da infraestrutura acompanhe o crescimento exponencial da frota elétrica.

Então, meu caro leitor, aproveite seu tempo de recarga para bater um papo com outros usuários. Garanto que sua recarga será muito mais rápida e bem mais prazerosa. Se você ainda não faz parte da nossa tribo, pare um dia em algum ponto de carregamento rápido. Creio que logo aparecerá alguém e você poderá entender um pouco sobre o que estou falando.

Até mais.

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