A W125, da Watts, tem performance semelhante a uma motocicleta a combustão de 125 cilindradas
Ivan Barreto/Análise Rápida
A W125, da Watts, tem performance semelhante a uma motocicleta a combustão de 125 cilindradas

Fala, galera. Beleza? Quem me acompanha sabe que a minha praia são os veículos elétricos sobre quatro rodas, pois é a minha rotina diária. Como complemento, também faço uso constante da micromobilidade. 

Entretanto, apesar de não ser um condutor de motocicletas, decidi me aventurar e trazer minhas percepções sobre o tema. Deixo o pedido para que me ajudem a aprender mais sobre esse nicho com comentários sobre o assunto.

Para começar, precisamos entender que as motocicletas elétricas estão posicionadas em um nível muito particular. Apesar de demandarem apenas tomadas simples para o carregamento das baterias, elas não podem ser enquadradas como micromobilidade. Em geral, você pode fazer o carregamento diretamente na garagem, ou mesmo desacoplar a bateria e, essa sim, ser levada para dentro de casa.

A melhor categoria para elas seria a dos veículos leves, onde se encontram tuk tuk, triciclos, quadriciclos e outros utilitários com dimensões e velocidades reduzidas (geralmente utilizados em ambientes particulares, como condomínios e pátios industriais). 

O mercado de motos elétricas pode parecer um pouco mais acanhado que o dos carros e utilitários. Todavia, elas andam fazendo bastante barulho (no sentido figurado). De acordo com o site www.forumve.com, o número de emplacamentos se aproximava de 10.000 unidades em dezembro de 2022.

Diferentemente dos carros, a origem das motos elétricas é quase que exclusivamente da China. Apesar de termos algumas marcas com linhas de montagem em território nacional, os projetos originais são asiáticos. Por conta disso, apareceram nomes nunca conhecidos no Brasil até então. Mas gostaria de citar as principais marcas: Shineray; Muuv; Voltz; Watts; Super Soco, GWS e Riba Motos. Elas estão caindo no gosto dos motociclistas, inclusive no meio da galera que trabalha sobre duas rodas. Muito disso graças às estratégias inovadoras para marcar território. As mais assertivas, para mim, foram usando Apps no celular.

A primeira diz sobre locação. Tanto a Riba Motos quanto a Voltz possuem unidades espalhadas pela zona Sul de São Paulo. Outro ponto tem relação com os aplicativos de entregas. A Voltz, em acordo com o IFood, desenvolveu um modelo mais simples da EVS para os entregadores, o EVS Work. Imagine como seria bom receber uma pizza em casa por uma moto elétrica. Você conseguiria apreciar seu jantar sem se preocupar se a moto da pizzaria acordaria seu bebê que acabou de dormir.

Marcas mais tradicionais como Honda, Kawasaki e até mesmo Harley Davidson também possuem projetos de motos elétricas, entretanto ainda não apontaram em território nacional.

Agora, falando um pouco sobre recarga, as motos permitem algo que seria o sonho dos donos de carros elétricos. Como disse anteriormente, alguns modelos permitem desacoplar a bateria do veículo para que ela seja carregada em casa.

Todavia, a Voltz deu um passo à frente em relação ao serviço de recarga. Algumas estações foram distribuídas estrategicamente em pontos da cidade de São Paulo para que o motociclista possa simplesmente trocar uma bateria com pouca energia por outra carregada. Esse tipo de serviço resolveu duas aflições de uma vez: o tempo necessário para recarga e medo da degradação da bateria.

Da mesma forma que os carros, as motos elétricas também são feitas com menor número de peças móveis e custo de manutenção mais baixo em comparação com os modelos a combustão.

Entretanto, cabe um ponto de atenção: esse tipo de transporte está sempre sendo desafiado ao limite de operação. Como veículos menores, é um tanto quanto óbvio que o peso de dois ocupantes estará muito mais próximo do máximo suportado do que o parente de quatro rodas.

Em geral, as motos elétricas possuem potência e velocidade máxima inferiores. Somando a carga de trabalho e a exigência dos motores, teremos um uso intenso das baterias, que gerará aquecimento - sem que o veículo necessariamente conte com um sistema de refrigeração. Soma-se a isso o maior número de ciclos de recargas e, provavelmente, teremos uma degradação mais acelerada em comparação aos carros.

Quer dizer que não vale a pena comprar uma moto elétrica? Na verdade, o que eu quero dizer é que esse mercado tende a crescer muito antes desse tipo de veículo apresentar uma evolução tão grande quanto o patamar que os carros elétricos alcançaram. Veremos cada vez mais motos elétricas nas ruas e isso demandará uma atenção especial das assistências técnicas.

Mas para tirar um pouco da impressão de fragilidade, deem uma olhada sobre a FIM Enel MotoE World Cup, categoria de Motovelocidade 100% elétricas. Apesar do nome, a modalidade está apenas começando. E, como toda categoria de automobilismo, isso inclui o teste de novas tecnologias em ambientes extremos para posterior aplicação em veículos de linhas de produção.

Então, meu caro colega, quero concluir minhas ponderações sobre as motos elétricas com a seguinte observação: a demanda existe, os produtos estão à disposição e agora falta que olhemos de um ângulo diferente aos dos carros. As necessidades podem até ser semelhantes, mas as respostas tendem a ser diferentes.

Até mais.

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