Teve exposição dos pneus e carregadores da Tupinambá que reuniram apaixonados por elétricos
Thiago Garcia
Teve exposição dos pneus e carregadores da Tupinambá que reuniram apaixonados por elétricos

Fala, galera. Beleza? Esse final de semana foi marcado pelo primeiro Eprix São Paulo e gostaria de trazer a experiência que vivenciei.

Para quem não conhece, a Fórmula E é um campeonato mundial de monoposto lançado pela ABB e pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Além de se tratar de uma competição exclusivamente de veículos elétricos, a ideia é testar novas tecnologias integradas ao ambiente urbano (principalmente a frenagem regenerativa). Por conta, disso que os circuitos são prioritariamente realizados nas ruas das cidades.

A Fórmula E já está na nona edição e, apesar de já ter dois brasileiros campeões da categoria, é a primeira vez que a disputa acontece no Brasil. O Eprix (seria o equivalente ao GP na Fórmula 1) aconteceu nos dias 24 e 25 de março, com treinos livres na sexta-feira e um sábado recheado de etapas: 2º treino livre, qualificação e a corrida na parte da tarde.

O evento aconteceu na região do Anhembi (Zona Norte de São Paulo), passando por dentro do sambódromo e pela avenida Olavo Fontoura. A edição de São Paulo trouxe a maior reta da temporada, o que permitiu velocidades máximas superiores a 260 km/h. Mesmo com muitas retas e poucas curvas, foram 114 ultrapassagens em apenas 35 voltas.

Diferentemente da Fórmula 1, a Fórmula E tem em sua essência testar sistemas e tecnologias que poderão ser aplicados em um curto período nos veículos de linha de produção. Tanto em relação a baterias quanto carregadores. Os carros usam pneus com ranhuras radiais. A Hankook, fornecedora da categoria, estava com stand para apresentação da linha exclusiva de veículos elétricos desenvolvida nas pistas da categoria.

Falando um pouco da principal parte do carro quando falamos em automobilismo, o motor: neste caso é o powertrain da Jaguar e garantiu os três lugares do pódio: 1º  Mitch Evans, da Jaguar TCS Racing; 2º Nick Cassidy da Envision Racing; e 3º Sam Bird, também da Jaguar TCS Racing.

Os brasileiros da categoria não pontuaram nessa prova. Lucas di Grassi, da Mahindra Racing, e Sérgio Sette Câmara, da Nio 333 Racing, ficaram em 13º e 16º lugar, respectivamente. Apesar disso, demonstraram incrível garra e representaram muito bem. Parabéns a ambos. 

Foi incrível observar de perto as próximas tecnologias de veículos elétricos testadas ao limite. Mas quero trazer um pouco da experiência com espectador, que teve seus altos e baixos.

A começar pelo preço. Não considerei um valor abusivo pela grandeza do evento – e ainda havia a possibilidade de redução do valor com uso do ingresso social, desconto aplicado no caso de doação de 1 kg de alimento não-perecível.

A localização do evento também foi bem prática, próximo ao metrô Tietê-Portuguesa, com transfer de ônibus (lógico que só poderiam ser elétricos) grátis até a entrada do circuito. Quem foi de carro, conseguiu estacionar dentro do próprio Anhembi, inclusive com a presença de uma área exclusiva para elétricos, com carregadores à disposição.

Fumaça dos pneus na hora da largada é um show
Thiago Garcia
Fumaça dos pneus na hora da largada é um show

O acesso foi muito rápido, com pouca fila, mas com um grande inconveniente na entrada. Todos os recipientes com líquidos, inclusive garrafinhas de água, foram confiscados. Foi até motivo de uma pequena gafe minha. Vi o segurança descartando dois vidros de perfume e uma embalagem de enxaguante bucal e questionei para o segurança: “Quem vem com enxaguante bucal para uma corrida?” Com toda a discrição possível, o segurança falou bem baixinho: “A moça que está na sua frente”. [risos]

Caminhei 1 km da área de exposições até o sambódromo, passando por algumas opções de entretenimento, como área de descanso, pista de kart elétrico, stand de patrocinadores e até um simulador de corrida da Fórmula E (espero que lancem logo para Xbox).

Chegando nas arquibancadas, mais um pequeno probleminha. Eu estava com ingresso para o setor J, que ficava do outro lado da pista. O atendente me orientou a ir para um local que me obrigou a dar uma volta maior. Para completar, dei de cara com a área VIP. Eu teria que dar toda a volta novamente, mas, como conversando a gente se entende, consegui cortar por dentro e chegar ao meu lugar.

A arquibancada J dava visão ao início da reta do grid de largada (um show à parte ver a fumaceira dos pneus na hora da bandeirada) e a um dos principais pontos de ultrapassagem e colisões na parte de trás. Infelizmente, o sol de sábado castigou a todos e ficar em um ambiente sem sombra desgastou muito quem foi assistir o evento. Lembrando ainda que era proibido entrar com água.

Aí vem mais uma crítica: pouquíssimas opções de lugares para comprar alimentos e bebidas. Um colega chegou a ir embora na metade da corrida por conta do filho que já estava faminto. Outro colega relatou que tinha crédito para consumir e não conseguiu utilizar por conta da fila para pegar as coisas.

Apenas para fechar as minhas percepções, houve mais uma pequena coisa que me incomodou: o uso de helicóptero para captura das imagens aéreas. Custava fazer o uso de drone? Em um evento de mobilidade elétrica, não faz muito sentido colocar um helicóptero consumindo combustível e gerando barulho. Mas como não sou da área, fica apenas o questionamento para saber se poderia ser feito de outra forma.

Problemas à parte, o evento foi demais. Tanto em relação à corrida como à possibilidade de reencontrar grandes amigos e fazer novos parceiros. Claro que boa parte desses encontros aconteceu exatamente no local dos carregadores que foram instalados no estacionamento (Por favor, os mantenham no local. Serão muito utilizados em todos os eventos). Inclusive, tive a felicidade de conhecer a Bia Figueiredo carregando uma Mercedes EQC lindona. Quem sabe vejamos a Bia pilotar um Fórmula E? Fica a minha torcida registrada.

Até mesmo depois do evento foi possível encontrar alguns doidos da mobilidade elétrica. Já na parte da noite, fui carregar meu carro para trabalhar de madrugada. Dessa vez foi no Shell Recharge da Marginal Tietê. Foi muito bacana rever amigos distantes, que vieram de várias partes do Brasil em seus veículos elétricos para assistir a um evento tão especial.

Agora podemos dizer que o Brasil está entrando de forma majestosa no mapa da mobilidade elétrica. Não há como negar, você pode até torcer o nariz e fazer torcida contra porque acha que queimar cana ou acelerar um motor V10 é mais legal por causa do barulho e cheiro de gasolina. Mas o Brasil ainda será conhecido por ser o país em que mais deu certo a mobilidade elétrica.

Em resumo, queridos fãs do esporte e da mobilidade elétrica, o Eprix de São Paulo não deixou nada a desejar com relação à mobilidade elétrica, mas tem algumas coisas para melhorar a experiência do espectador na próxima edição. De qualquer forma, eu estarei lá novamente.

Até mais.

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