Fala, galera. Beleza? Gostaria de dizer que esse mês foi um desafio imenso na minha vida pessoal, mas os textos são um compromisso com vocês. Além disso, a mobilidade elétrica não iria parar e me aguardar. Pelo contrário, julho tem sido um mês bem agitado.
Boa parte desse movimento é por conta da visita da vice-presidente global da BYD, Stella Li, que, em uma breve passagem pelo Brasil, anunciou a compra da antiga fábrica da Ford em Camaçari (BA) para produção de veículos eletrificados, lançamento do BYD Dolphin e a apresentação oficial da parceria entre a marca e a 99, com a oferta de 300 unidades do modelo BYD D1 EV para motoristas de aplicativo.
Sobre a compra da fábrica de Camaçari, a empresa informa que será um investimento de R$ 3 bilhões, com previsão de iniciar a produção no segundo semestre de 2024. A capacidade esperada é de 150 mil veículos ainda na primeira fase e 300 mil na segunda etapa. Para a terceira fase de implantação, a BYD prevê produzir as baterias de LFP para atender ao mercado brasileiro.
Lembrando que para produzir tudo isso, serão reabertos empregos perdidos após o fim das atividades da Ford na região. Somando as fábricas de Campinas, Manaus e Camaçari, a BYD deverá ter mais 5.000 postos de trabalhos. Evidentemente que uma nova tecnologia também exigirá conhecimento. Sendo assim, além de novas vagas de trabalho, teremos o desenvolvimento dos profissionais na região e transferência de conhecimento necessário.
Mas será que o Brasil teria mercado suficiente para justificar a produção de 300.000 veículos por ano? Provavelmente não, e isso só pode significar uma coisa: temos todas as condições de sermos o maior polo exportador de veículos elétricos da América Latina.
Pensem: os principais mercados mundiais comprarão cada vez menos carros a combustão. Não faz sentido manter a produção apenas de algo que terá pouco a evoluir e cada vez menos apelo de compra. Colocar o Brasil no mapa da produção de veículos elétricos significa reerguer o potencial de industrialização e exportação do nosso país.
No último dia da visita da vice-presidente Stella Li, ocorreu o evento que marcou a oficialização da parceria entre BYD, 99, Banco Santander, Grupo Dahruj e IturanMob para disponibilizar 300 BYD D1 EV aos motoristas de aplicativos em São Paulo por meio do serviço de locação. Essa parceria não é isolada, faz parte de uma aliança maior que envolve mais de 12 empresas de diversas áreas com o objetivo de promover a mobilidade sustentável.
Que cidade no Brasil precisa mais desenvolver uma mobilidade sustentável que São Paulo? Vivemos em uma metrópole doente, com alto índice de poluição ambiental e sonora, fora o aumento constante do congestionamento. Ampliar o número de veículos elétricos não é benéfico apenas para o motorista e seus passageiros, mas para todas as pessoas ao redor desses veículos.
Ah, então a BYD será a resposta para a Mobilidade Elétrica no Brasil? Não sozinha, mas seus últimos movimentos acabaram gerando uma onda de ações das demais marcas também. Empresas como a JAC Motors e CAOA Chery reduziram o preço dos veículos de entrada para manter a competitividade alta.
A montadora ainda traz a tecnologia embarcada em seus veículos, o que permitirá a evolução da mobilidade elétrica no Brasil. Se focarmos apenas nas baterias, a nova Blade é muito mais resistente e possui ótima densidade energética comparada com as demais baterias do mercado. Graças a isso, até mesmo os veículos mais básicos como o BYD Dolphin possuem uma capacidade de armazenamento e carregamento maior que similares da mesma categoria. Isso significa melhor autonomia e menos tempo parado nos carregadores.
Da mesma forma, logo teremos outras empresas importantes no mercado de mobilidade elétrica firmando unidades no Brasil, como é o caso da GWM, que também adquiriu uma fábrica deixada pela Mercedes em Iracemápolis (SP). Não duvido que, em breve, outras montadoras anunciarão produção local de elétricos. A GM já declarou que há grandes chances de produção local de seus modelos elétricos. Afinal, ninguém quer deixar que um mercado automotivo tão importante quanto o Brasil seja dominado por apenas uma empresa.
Ok, mas não faz sentido investir na produção de veículos que a maioria dos brasileiros não pode comprar. Será? Bem, como disse antes, o Brasil se tornaria uma base importante de exportação: isso significa aumento de vagas de emprego, desenvolvimento tecnológico e saldo positivo na balança comercial. Nem ouse dizer que o etanol é a solução, pois se já não representa o grande volume de exportação hoje, não será amanhã que fará alguma diferença.
“Ah, mas promoverá o fechamento de muitas vagas de emprego porque precisará de menos peças e menor mão de obra. Até os frentistas correm o risco de perder seus empregos.” Olha, para mim, trata-se do mesmo tipo de discurso do início do uso do WhatsApp no Brasil.
Falava-se que o aplicativo iria quebrar as empresas de telefonia; que não daria certo porque a cobertura de internet no Brasil é péssima; que a maioria das pessoas não teriam condições de comprar um smartphone e não precisaríamos também do serviço por termos pacotes de minutos e SMS que atendiam nossas necessidades. Não preciso nem dizer para que lado evoluímos.
Apenas para trazer uma bela reflexão, os veículos elétricos estão para a empresa automotiva, como o WhatsApp está para a comunicação, os streamings de vídeos estão para o cinema e as redes sociais estão para a informação. Um dia todos foram temidos ou menosprezados, hoje não vivemos sem nenhum deles.
Como disse essa semana para alguns motoristas enquanto carregava meu carro: a mobilidade elétrica não precisa de incentivo para crescer, pois o crescimento já está acontecendo com o pouco incentivo que recebe. A mobilidade elétrica precisa de incentivo para acelerar o crescimento e o Brasil precisa do crescimento acelerado da mobilidade Elétrica.
Até mais.