A Toyota não precisava ter pressa alguma para mexer no Corolla, tanto é que a reestilização, apresentada no ano passado na Europa, chegou só agora ao País. Com um ritmo de vendas que faz emplacar o mesmo que todos os concorrentes somados, investir em uma mudança é um risco, já que, segundo a marca, envolve um aumento no preço para custear a operação. Levou um tempo, mas, enfim, decidiram trazer o sedã renovado. E, acredite, vai continuar vendendo bem.
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Ficou mais caro, como esperado. A versão básica do Corolla , a 1.8 GLi manual, agora custa R$ 69.690 e sobe até R$ 114.990, valor cobrado pelo 2.0 Altis Multidrive. Assim, o Corolla perde um dos atrativos comparado aos outros sedãs que mudaram de geração recentemente, ficando com um valor muito mais próximo (ou até mais caro). O Chevrolet Cruze LTZ com o pacote de opcionais, por exemplo, custa R$ 111.890. E temos o Honda Civic Touring por R$ 124.900 como o sedã médio ncional mais caro até agora.
Esse preço mais elevado do Corolla veio para cobrir os custos para equipar o sedã com sete airbags (dois frontais, dois laterais, dois de cortina e um de joelho para o motorista), controle eletrônico de estabilidade e tração e assistente de partida em rampa, todos de série desde a versão GLi manual. Configurações mais caras recebem painel de instrumentos com tela TFT de 4,2 polegadas, rodas de 17 polegadas, lanternas e luzes diurnas em LED, disponíveis a partir da versão XEi.
Deram uma atualiza bem de leve no design, principalmente na parte frontal. A grade ficou muito mais fina, assim como os faróis. O novo para-choque recebeu uma entrada de ar por toda sua área, com acabamento preto. Mesmo nas fotos podemos notar como ficou um pouco mais jovem do que o anterior. Na traseira, há uma peça cromada ligando os faróis e os filetes de LED das lanternas ajudam a complementar o visual. As rodas de 17 polegadas fecham o conjunto (item muito requisitado pelos donos).
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Mas ainda existem pontos que deiam claro que o Corolla ainda é um carro mais conservador, principalmente por dentro. O painel, por exemplo, é reto e com linhas bem sérias – o acabamento em dois tons ajuda a suavizar um pouco. Todo o acabamento é muito agradável ao toque, mesmo nas peças de plástico. Há algumas coisas que não fazem sentido, como o relógio digital, que agora fica ao lado da tela da central multimídia e que parece ser tirado de um aparelho dos anos 90. Falando nisso, trocaram o sistema multimídia pelo mesmo usado no Etios 2018. É um sistema bem lento e pouco intuitivo – quem poderia imaginar que, para voltar uma opção no GPS, temos que apertar a tecla Home ? Merecia uma software melhor.
Mecânica exemplar
Como disse um colega jornalista: “Nós reclamamos do Corolla, mas basta sentar em um e dirigir para entender porquê vende tanto.” Ninguém contestou essa frase. Temos motores melhores, é claro, como o 1.4 turbo do Cruze ou o 1.5 turbo do Civic. Mas o casamento entre o motor 2.0, de 154 cv e o câmbio CVT ( que simula sete marchas) é magnífico. É o tipo de coisa que toda marca que usa uma transmissão CVT deveria estudar.
Isso porque você não sente que está em um CVT em 99% do tempo a bordo. Gera pouco ruído (algo característico deste tipo de câmbio) e ficou ainda mais silêncioso com os reforços no isolamento acústico. Para que comece a incomodar, tem que levar o câmbio a uma situação bem específica. Por exemplo, quando colocamos no modo manual, ele continuará a passar marchas sozinho, apenas te deu a opção de forçar uma marcha específica.
Seu rendimento é dentro do esperado para um carro com CVT. Segundo o Inmetro, faz 7,2 km/l na cidade e 8,8 km/l na estrada. No teste, peguei o carro com 7,2 km/l e fiquei nessa média e com boas razões, pois uma parte do evento envolvia dirigir dentro do Kartódromo Aldeia da Serra (SP) com uma pegada mais forte (apesar da pista ser para karts). Com gasolina, teria feito 10,6 km/l na cidade e 12,6 km/l na estrada.
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Por receber rodas maiores, tiveram que mexer na suspensão e na direção elétrica. Para quem gostava do sedã mais confortável, a má notícia é que ficou um pouco mais esportivo, já que sentimos um pouco mais ao passar pelas irregularidades da via. A direção também ficou mais pesada pelo novo ajuste, o que acaba transmitindo uma sensação de segurança maior.
Faltaram equipamentos
Quando foi apresentado na Europa, o Corolla surpreendeu por ganhar itens interessantes, como assistente de permanência em faixa, detector de colisões, farol alto automático, e até mesmo assistente de leitura de placas. Nenhum deles veio ao Brasil, nem mesmo na versão mais cara do sedã. A justificativa, segundo a Toyota, é custo. Se incluissem esses itens, ficaria ainda mais caro, principalmente por ser uma tecnologia importada.
Mas há concorrentes que têm alguns deles. O Cruze oferece alerta de ponto cego, farol alto adaptativo, alerta de colisão frontal e sistema de estacionamento automático. O Civic tem itens semelhantes. Tudo bem, incluir esses itens no Corolla o deixaria mais caro, mas bem que poderiam oferecer como um pacote de opcionais. Por outro lado o carro, merece elogios por vir com sete airbags de série e o controle de estabilidade não ter ficado restrito a versões mais caras.
Pela confiança de seus clientes, iniciativas como o Ciclo Toyota (que ajuda o cliente a trocar por outro carro da marca) e ser muito competente, o Corolla deve continuar reinando por mais algum tempo. Não é a toa que, quem entra na marca, dificilmente sai dela e trazer um visual mais moderno ao sedã ajudará a conquistar o público um pouco mais jovem.