O Renault Sandero RS que você vê durante o intervalo comercial da Fórmula 1 corresponde a menos de 1% do mix de vendas do hatch no Brasil. Por este motivo, a marca francesa optou por não atualizar o farol dianteiro, apenas acrescentando a nova lanterna da parte de trás e o volante exclusivo. É realmente uma pena, pois o esportivo ficaria um charme com acentuação em DLR e os LEDs inferiores.
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A marca aproveitou o evento FAST que aconteceu no último fim de semana, no Autódromo Velo Città, para colocar algumas unidades do novo Renault Sandero RS na pista. Cheio de curvas abertas, retas seletivas e um selo de homologação da FIA, é um dos melhores lugares para acelerar hatches esportivos na América Latina.
Abro um sorriso ao perceber que, onde o Sandero RS realmente não precisava mudar, não mudou! O câmbio manual de seis marchas continua bem escalonado, com um arranjo de trambulação que permite engates curtos, precisos e macios.
Seu casamento com o motor 2.0 de 150 cv é dos mais felizes. A transmissão consegue extrair o que há de melhor no Sandero, ainda mais com a boa relação peso/potência de 7,7 kg/cv. Isso fica bem claro na saída da primeira curva, onde afundo o acelerador e coloco os 20,9 kgfm de torque para trabalhar na segunda marcha. O esportivo responde à retomada com vigor.
Em relação ao Sandero convencional, o modelo da Renault Sport tem molas 92% mais rígidas na dianteira e 10% na traseira. Os amortecedores têm buchas de poliuretano e ângulo de cáster mais fechado. Dessa forma, o hot-hatch enfrenta curvas de autódromos como se estivesse a 40 km/h em uma alça da Marginal, mas fica bem rígido para o uso urbano.
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Apesar da suspensão irretocável para situações extremas, as coisas ficam um pouco mais complicadas na cidade. O Sandero RS pode ler até mesmo as micro-imperfeições dos melhores asfaltos brasileiros. Se o chão da sua cidade for demasiado esburacado, suas obturações provavelmente sairão voando na terceira cratera.
O diâmetro do tubo foi aumentado e o escapamento é duplo. Dessa forma, há acréscimo na quantidade de gás de escape. Além de ficar ainda mais potente e “torcudo”, o RS ainda ganha o ronquinho abafado que é uma delícia.
Costumo ter dificuldades na curva três do Velo Città. Para vencê-la sem passar vergonha, é preciso pisar com força no freio e apontar a dianteira do hot hatch para a direita. É hora dos grandes freios a disco ventilados de 280 mm na dianteira e 240 mm na traseira brilharem, reduzindo a velocidade com veemência antes de uma curva perfeita. Na retomada, a segunda marcha já fornece torque suficiente para a sequência.
Um hatch ponderado
A Renault diz que o Sandero RS acelera de 0 a 100 km/h em apenas oito segundos. Por mais que este número não encha os olhos dos mais aficionados por velocidade, a filosofia por trás do modelo francês é a ênfase no equilíbrio. Afinal, não adianta ter potência nas retas sem austereza para traçar curvas.
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Vale mencionar que o novo Renault Sandero RS traz o sistema atualizado Media Evolution, contando com Apple CarPlay e Android Auto para espelhamento remoto. A marca também não esqueceu de integrar câmera de ré e vidros elétricos com função um toque de todas as janelas. Se você busca um hatch interessante para as pistas e não se incomoda de alguns sacrifícios no conforto da cidade, invista sem medo.
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Motor: 2.0, quatro cilindros, flex
Potência: 150 cv (E) / 145 cv (G) a 5.750 rpm
Torque: 20,9 kgfm (E) / 20,2 (G) a 4.000 rpm
Transmissão: Manual, seis marchas, tração dianteira
Suspensão: Independente, McPherson (dianteira) / eixo de torção (traseira)
Freios: Discos ventilados (dianteiros) / discos sólidos (traseiros)
Pneus: 195/55 R16 (205/45R 17 opcional)
Dimensões: 4,07 m (comprimento) / 1,73 m (largura) / 1,50 m (altura), 2,59 m (entre-eixos)
Tanque: 50 litros
Porta-malas: 320 litros
Consumo gasolina: 9,9 km/l (cidade) / 11,1 km/l (estrada)
0 a 100 km/h: 8 segundos
Velocidade máxima: 202 km/h