Evolução natural

SUV da Honda, que chega ao Brasil este ano, mantém as antigas qualidades e ganha em desempenho e economia

por Jonatas Miranda

Autocosmos.com/México

Exclusivo no Brasil para Auto Press

Por conta da antiguidade e fama, o Honda CR-V não exige nenhuma apresentação protocolar. Está presente no mercado brasileiro desde o ano 2000, na primeira geração, como um SUV leve. De lá para cá, foi se encaminhando para um perfil mais urbano, de crossover. Para atender às crescentes exigências de segurança, suas dimensões externas cresceram, mas manteve sempre uma personalidade discreta e eficaz. Essas características aparecem mais valorizadas na variante híbrida da sexta geração, que desembarca no Brasil no primeiro trimestre de 2024. Longe de apenas reproduzir o que a versão normal já oferecia, o CR-V Hybrid comunica outra linguagem, transmite sensações diferentes e, claro, dá performances diferentes. A ideia da marca japonesa é rivalizar com modelos como Toyota RAV4 e Jeep Compass, ambos híbridos e com preços em torno de R$ 350 mil.

Estruturalmente, as medidas cresceram, com 4,70 metros de comprimento, com 7 cm a mais, a mesma largura e altura, com 1,86 m e 1,68 m respectivamente, com um entre-eixos 4 cm maior, com 2,70 m. Na estética, mantém os mesmos elementos básicos da versão Turbo Plus, como faróis, lanternas, para-choques e capô, mas com um tratamento visual diferente. Os detalhes da grade passam de cromados a preto brilhante. As rodas de 19 polegadas recebem acabamento em preto, o contorno das janelas é em cromo, spoiler traseiro superior e retrovisores em preto e a logomarca na grade e na tampa traseira ganham um sutil friso em azul, que identifica a versão híbrida na marca.

Devido aos recursos elétricas, a área útil do CR-V foi ligeiramente reconfigurada. O crossover usou parte do espaço antes destinado para o pneu sobressalente para instalar a bateria de 1,1 kWh e um kit de reparação de pneus. Em compensação, a capacidade de carga no porta-malas subiu 40 litros, para 1.068 litros, além de um ligeiro aumento para o espaço para as pernas, especialmente nos bancos traseiros. Logicamente, os bancos dianteiros são os mais privilegiados em ergonomia, conforto e acomodação.

A disposição dos componentes não sofreu alterações, incluindo materiais e acabamentos discretos, mas muito elegantes, como a saída de ar que percorre todo o console frontal, presente também no Honda Civic, e que se tornou uma nova característica da marca no interior. Na parte central, a tela touch de 9 polegadas se destaca, enquanto o painel digital de 7 polegadas, que juntamente com o volante multifuncional, representam o centro nervoso e o elo principal com o CR-V HEV através de seus diferentes menus, conectividade, monitoramento de energia, etc. O equipamento é complementado por um carregador de telefone sem fio, sistema de áudio com alto-falantes Bose, teto solar e pacote elétrico. A percepção de qualidade não reclama em termos de texturas, estofados, flush, costuras e plásticos.

Na parte de segurança, o modelo conta com o pacote mais completo do Honda Sensing. Estão incluídos alerta de colisão com frenagem autônoma, inclusive em baixas velocidades, monitoramento de faixa, de ponto cego e de tráfego cruzado, controle de cruzeiro adaptativo com assistente de engarrafamento, leitor de placas de velocidade, monitor de fadiga do motorista, farol alto automático, câmera de ré e sensores dianteiros e traseiros. Os ocupantes serão protegidos por 10 airbags.

O CR-V e:HEV está equipado com o trem de força composto de um motor a combustão 2.0 litros com 148 cv e 19,3 kgfm, gerenciado por uma transmissão automática eCVT da ZF com nova marchas pré-programadas. Além disso, a transmissão apresenta uma segunda relação final mais curta, que melhora a força motriz em baixas velocidades. Ele está acoplado a dois motores elétricos com até 184 cv e 34,2 kgfm de torque, que é também a medida de torque máximo. Na soma, o sistema gera 204 cv com os mesmos 34,2 kgfm de torque e é capaz de acelerar o CR-V e:Hev AWD de zero a 100 km/h em apenas 9,5 segundos. A velocidade máxima fica em 187 km/h (por Jonatas Miranda, Autocosmos México, exclusivo no Brasil para Auto Press. Fotos de divulgação).

Honda Accord Híbrido está ligado no futuro

Impressões ao dirigir

Conjunção de fatores

No CR-V e:HEV, as características de confiabilidade, segurança, bem como qualidade de manuseio tradicionais do crossover o longo de sua história não mudou muito, mas ficam mais interessantes. Tudo começa a partir de um motor DOHC VTEC de quatro cilindros, 2.0 litros normalmente aspirado com 16 válvulas que gerenciado por uma transmissão e-CVT, enquanto a parte elétrica é composta por dois motores elétricos, que têm bastante efetividade. A partir do momento em que o Honda CR-V Hybrid começa a se movimentar, esses motores tiram o lastro da inércia até aproximadamente 30 km/h. A partir daí, a parte térmica entre em ação.

Isso dá ao crossover da Honda a capacidade de navegar no trânsito, passagens lentas, ruas e até mesmo lacunas sem desperdiçar uma única gota de combustível. E se a sua dúvida é como recarregar, bem, é sempre uma boa ideia usar a inércia para que a energia volte para onde veio. Nesse tipo de sistema é preciso se adaptar para ter uma boa gestão. Por tudo isso, a energia está sempre pronta, sem atraso na entrega de energia. É muito fácil conseguir ritmos rápidos, mas também é notável como é fácil mantê-los. A sincronia entre direção e chassi é acima da média, mesmo em momentos exigentes como em frenagem em curvas, trechos sinuosos ou superfícies escorregadias. Tudo isso com grande hermetismo em relação a vibrações ou ruídos.

A excelente sensação de condução, o equilíbrio e o conforto proporcionados pelo SUV torna a direção um prazer. Em cada um dos modos de condução ‑ Normal, Eco e Sport –, a impressão é a mesma: tudo vai depender do peso do pé direito de quem está ao volante, No entanto, com exceção do modo mais esportivo, os outros dois não fazem se diferenciam muito entre si. No final de 260 km percorridos, o Honda CR-V Hybrid cumpriu uma média de 21 km/l. Para chegar aos 23 km/l prometidos pela marca, é preciso ter uma familiaridade maior – e agir de forma um pouco menos impetuoso do que se costuma ser em avaliações.