Honda HR-V é fora da curva
Eduardo Rocha
Honda HR-V é fora da curva

Outro patamar
Versão Touring justifica com tecnologia e desempenho a condição de SUV compacto mais caro do mercado

por Eduardo Rocha

Auto Press

A Honda está confortável com o desempenho do HR-V. O modelo vem mantendo uma média de emplacamentos em torno de 4 mil mensais e respondeu por duas de cada três vendas da marca no país. A performance fica ainda mais importante se for levado em conta que o HR-V só atua na parte superior – e mais cara – do segmento de SUVs compactos. Essa condição de premium é justificada pela modernidade do projeto, as tecnologias de construção, pelo nível de equipamentos e qualidade de acabamento do modelo. Um bom exemplo desse posicionamento é a versão de topo avaliada, a Touring, que custa R$ 195.800, R$ 20 mil acima do segundo modelo mais caro do segmento, o VW T-Cross Highline.

A rigor, quando foi formatado para o mercado brasileiro, o HR-V foi pensado para morder tanto o segmento B, de compactos, quanto o C, de médios-compactos, onde estão o Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e Volkswagen Taos. E o SUV da Honda tem motorização suficiente para este confronto. Sob o capô, o modelo traz o propulsor 1.5 DI Vtec Turbo flex, que rende 177 cv e 24,5 kgfm, gerenciado por um câmbio CVT com sete marchas pré-programadas. Com este conjunto, ele vai de zero a 100 km/h em 8,9 segundos e à máxima de 200 km/h.

Novo HR-V quer o topo do mercado

O posicionamento no topo do segmento compactos se justifica também pelo pacote de equipamento. Ele conta com ar-condicionado duplo, ajuste elétrico do banco do motorista, partida remota na chave, tampa do porta-malas elétrica com sensor de presença. chave presencial para travas e ignição, que é acionada por botão, painel digital de 7 polegadas, ar-condicionado duplo, carregador por indução, controle de descida, sistema Magic Seat, central multimídia com tela touch de 8 polegadas e conexão sem fio com Apple CarPlay e Android Auto, retrovisor interno eletrocrômico, e revestimento dos bancos em couro.

Na parte de segurança, o modelo traz seis airbags, câmera de ré panorâmica com sensores dianteiro e traseiro, faróis full led e ainda o pacote Honda Sensing. Ele é composto de alerta de colisão frontal com frenagem autônoma, controle de cruzeiro adaptativo que funciona em baixas velocidades, para uso em trânsito lento, sistema de permanência na faixa, com ação corretiva no volante, farol alto automático e monitoramento por vídeo da faixa direita, quando a seta é acionada.

HR-V quer encarar SUVs maiores

Em relação ao porte, o HR-V é encorpado na comparação com os rivais diretos. Ele tem 4,39 metros de comprimento, com 1,59 m de altura, 1,79 de largura e 2,61 metros de entre-eixos. A versão tem também algumas particularidades estéticas, como molduras das rodas em preto e rodas diamantadas, design de para-choques e grade e ponteira de escapamento dupla ‑ o que acabou deixando o modelo 6 cm mais longo que as versões de entrada EX e EXL.

Mas uma diferença mais relevante é a conectividade. A versão oferece o aplicativo my Honda Connect, em duas versões. A mais simples é gratuita e possibilita agendar revisões, acessar o itinerário das últimas viagens e receber alertas remotos para falhas, ultrapassagem da velocidade programada e saída da região geográfica autorizada para circulação. Na versão Plus é possível ainda rastrear o veículo em tempo real, localizar onde está estacionado, ter acesso ao computador de bordo e ligar o motor, ajustar a temperatura do ar-condicionado, destravar e travar portas e acionar buzinas e luzes (Texto e fotos de Eduardo Rocha, Auto Press) .

Ponto a ponto

Desempenho ‑ O HR-V Touring aproveita muito bem o motor 1.5 turbo de 177 cv e 24,5 kgfm e exibe uma dinâmica bem controlada. Ao gosto do freguês, pode se mostrar apimentado ou calmo, com um comportamento liso, sem buracos na aceleração ou engasgos nas retomadas. Junto com a ótima relação peso/potência de 8,0 kg/cv, o SUV tem reações vigorosas. Na prática, a sensação é de ter um carro sempre disposto a ganhar velocidade de forma progressiva e contundente. O câmbio CVT com sete marchas pré-programadas acompanha bem o ritmo do propulsor, é rápido e oferece boas arrancadas. Nota 9.

Estabilidade – Apesar da economia quase inexplicável de instalar um eixo de torção da traseira (com McPherson na frente), o novo HR-V Touring encara muito bem buracos e trechos sinuosos. Na verdade, ele se vale da estrutura com alta rigidez torcional para manter a carroceria sob controle e conjugar conforto e equilíbrio. Ele é neutro nas retas, sem flutuação, e contorna as curvas com precisão, com pouquíssima rolagem. Nota 8.

Interatividade – A Honda tratou de embarcar uma boa dose de tecnologia no HR-V Touring para melhorar tanto o volume de recursos quanto a interatividade. Ele traz central multimídia com espelhamento sem fio, com diversos sistemas de avançados de assistência ao condutor, ADAS, incluindo o recurso Stop & Go, rebatizado aqui de Low-Speed Follow, capaz de acompanhar o para e anda num engarrafamento. O modelo ainda oferece o my Honda Connect, com diversas funções de consulta e controle. Nota 9.

Consumo – O motor 1.5 turbo do HR-V Touring tem bom desempenho, mas cobra um preço no consumo. Segundo o InMetro, o consumo de etanol é de 7,9 a 11,3 km/h na cidade e de 8,8 a 12,6 km/l na estrada, dependendo da proporção de etanol e gasolina. Esses números rendem nota “C” na categoria e no geral. Nota 6.

Conforto – O maior controle de carroceria do HR-V se transforma em suavidade de rodagem. A estrutura interna do encosto dos bancos dianteiros, análogo a costelas, gera um melhor apoio ao ocupante. O habitáculo é amplo, com bastante espaço na altura, e o entre-eixos de 2,61 metros oferece bom espaço para as pernas de quem vai atrás. O isolamento acústico é bem eficiente e o som do motor só é percebido quando se alcança giros mais altos. Nota 8.

Tecnologia – Plataforma nova, motor turbo com tecnologia flex, conjunto de recursos ADAS como Stop & Go, controle de cruzeiro adaptativo e alerta de colisão com frenagem autônoma, entre outros, ar-condicionado duplo, tampa traseira elétrica com sensores de movimento, chave presencial, controle de descida, central multimídia com conexão sem fio, faróis full led, seis airbags etc. O novo HR-V se coloca entre os modelos com mais recursos tecnológicos no segmento. Nota 9.

Habitabilidade – A cabine do HR-V conta com um sistema de distribuição da ventilação que forma uma cortina de ar para isolar o calor proveniente de janelas e teto. O porta-malas não é dos maiores, com 354 litros, mas conta com movimentação elétrica da tampa, o que é bastante prático e charmoso. O acesso ao interior é facilitado pela boa altura do carro. Um aspecto agradável é que os limpadores de para-brisa ficam ocultos quando não estão em uso, o que cria uma integração maior com a estrada. Nota 9.

Acabamento – A Honda manteve no HR-V seu tradicional padrão de acabamento. O revestimento em couro combina cinza claro com cinza escuro e empresta requinte ao habitáculo. O design é marcado por linhas horizontais, que valorizam a largura da cabine. Tudo é elegante, com poucos elementos e texturas na combinação dos acabamentos. O couro sintético aparece nos bancos, no câmbio, no volante e apoios de braço. O ambiente traz uma certa sofisticação. Nota 8.

Design – O HR-V traz linhas limpas, ligeiramente esportivas, mas cheias de personalidade. Dá para identificar facilmente o SUV japonês nas ruas. Ele traz elementos charmosos, como o caimento acentuado do teto na traseira, a maçaneta da porta traseira camuflada, a frente com faróis em led. Na versão Touring, grade e para-choques são mais protuberantes. Um aspecto futurista é emprestado pelas lanternas traseiras, conectadas por uma barra iluminada internamente por led. Nota 9.

Custo/benefício – O HR-V Touring é tabelada em R$ 195.800, o que deixa o SUV bem mais caro que os rivais diretos e em confronto com SUVs médio de entrada. Nesse caso, o HR-V só leva desvantagem nas dimensões. Já em relação aos concorrentes, vence em conteúdo e requinte. Ainda assim, não atende bem quem procura custo/benefício. Nota 6.

Total ‑ O Honda HR-V somou 81 pontos em 100 possíveis.

Primeiras impressões

Força e luxo

O desempenho do motor turbo de 177 cv eleva o HR-V a um patamar mais alto, quando comparado a outros SUVs urbanos, como T-Cross, Creta e Tracker, com relação peso/potência de 8 kg/cv – ponto exatos em que muitas marcas passam a classificar seus veículos como esportivos. Em movimento, esta matemática se traduz em um carro bem disposto, capaz de ganhar velocidade com facilidade em todas as situações cotidianas, sejam urbanas ou rodoviárias.

Outro ponto a favor é a rapidez de reação e a suavidade de funcionamento do câmbio CVT com sete marchas pré-programadas – sistema de transmissão que está evoluindo com enorme rapidez. A eficiência desse conjunto faz com que o uso dos paddle shifts seja praticamente dispensável. E tem a característica de reduzir a marcha quando o acelerador é liberado de forma abrupta, o que melhora muito o controle nas entradas de curva ou início de descida.

Por dentro, o novo HR-V oferece um ambiente agradável e espaçoso. O sistema de distribuição de ventilação cria uma cortina que isola vidros e teto dos passageiros. É tão simples e inteligente que gera um questionamento do motivo de ninguém ter feito isso antes. Os acabamentos são de boa qualidade, com muitos revestimentos soft touch e uma decoração em duas cores que pode até não agradar todo mundo, mas é discreto e elegante. Os comandos são bem posicionados e é muito fácil de familiarizar com a operação do modelo.

Mas além do comportamento dinâmico elogiável e do alto nível do acabamento, o HR-V Touring tem conteúdo de segurança dos melhores, com um conjunto de sistemas de assistência avançada ao condutor, ADAS. Este pacote de recursos inclui, controle de cruzeiro adaptativo com Stop &, alerta de colisão com frenagem autônoma e monitoramento de faixa, com um detalhe fundamental: as intervenções do carro são discretas e pouco invasivas. O único recurso ausente que seria desejável é o de frenagem autônoma em baixa velocidade, que evita pequenas colisões em manobras.

Ficha técnica

Honda HR-V Touring

Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.497 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, sobrealimentado por turbocompressor com intercooler, comando duplo no cabeçote e comando variável de válvulas na admissão e no escape. Acelerador eletrônico e injeção direta de combustível.

Transmissão: Transmissão continuamente variável (CVT) acoplada por conversor de torque com sete marchas pré-programadas e paddle shifts no volante. Tração dianteira. Controle eletrônico de tração.

Potência máxima: 177 cv a 6 mil rpm com gasolina e etanol.

Torque máximo: 24,5 kgfm entre 1.700 e 4.500 rpm com gasolina e etanol.

Diâmetro e curso: 73,0 mm X 89,5 mm. Taxa de compressão: 10,6:1.

Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson. Traseira por eixo de torção. Controle eletrônico de estabilidade.

Freios: Discos ventilados na frente e tambor atrás. Oferece ABS com EBD, assistente de partida em rampa, controle de descida e sistema de frenagem autônoma.

Pneus: 215/60 R17, com monitoramento de pressão.

Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,39 metros de comprimento, 1,79 metro de largura, 1,59 metro de altura e 2,61 metros de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina de série.

Peso: 1.422 kg.

Capacidade do porta-malas: 354 litros.

Tanque de combustível: 50 litros.

Produção: Itirapina, São Paulo.

Preço da versão Touring: R$ 195.800.

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