Ora GT: além da simpatia
Eduardo Rocha
Ora GT: além da simpatia

Base elétrica

Mais que o design interessante, o Ora 03 GT exibe excelente manuseio e boa tecnologia, além de alguns problemas de usabilidade

por Jorge Beher

Autocosmos.com/Chile

Exclusivo no Brasil para Auto Press

A chinesa Great Wall Motor, ou GWM, tem uma estratégia curiosa: para cada tipo de veículo, o grupo chinês cria uma marca, por assim dizer, independente. As picapes ficam sob o guarda-chuva da Poer, os modelos de luxo ganham o emblema da Tank, os SUVs são da Haval e finalmente os modelos elétricos ostentam a marca Ora. Um SUV de luxo com a marca Tank e uma picape Poer serão os primeiros produtos do grupo a serem produzidos na fábrica de Iracemápolis, São Paulo, vendida pela Mercedes-Benz, que decidiu não produzir mais automóveis no Brasil. Já as duas últimas têm modelos vendidos no Brasil: o SUV híbrido Haval H6 e o compacto elétrico Ora 03. Como o Ora 03 entrou em um segmento marcado pela chegada do BYD Dolphin, a GWM tratou de lançar uma versão mais despojada para brigar no preço, a Skin, e outra mais completa, a GT (a BYD não perdeu tempo e respondeu com o Dolphin Plus).

Um Dolphin selvagem

A marca Ora vem chamando a atenção principalmente pelos seus designs retrofuturistas. Na versão GT avaliada, o modelo ainda ganha alguns elementos visuais adicionais, como para-choque mais agressivo, com entradas de ar nas laterais, e detalhe em vermelho na base da grade frontal, nas rodas de 18 polegadas, no para-choque e no aerofólio traseiros, além das quatro pinças de freio também em vermelho. Além do uso abusivo do vermelho, não há nada em relação ao desempenho que possa justificar uma promoção para a condição de GT.

Em relação a equipamentos, no entanto, a versão GT traz diversos recursos que fazer valer os R$ 34 mil adicionais na tabela, sem comparação à Skin – R$ 150 mil contra 184 mil. A começar pela capacidade da bateria, que sobe de 48 para 63 kWh. Essa mudança aumenta do peso final em 40 kg, com 1.580 kg, mas amplia a autonomia de 232 para 319 km, segundo os critérios do InMetro. O tempo de recarga total a partir de 15% também aumenta de 3 para 5 horas, com carregador AC de 11 kWh. Já em relação ao desempenho, segundo a GWM não há alteração: o zero a 100 km/h se mantém em bons 8,2 segundos, com máxima em 160 km/h.

Além da bateria maior, a versão GT adiciona espelho externo com memória, teto solar panorâmico, retrovisor interno eletrocrômico, ajuste elétrico, ventilação e massagem para os bancos dianteiros, carregador por indução, apoio de braços no banco traseiro, 12 sensores, cinco câmeras e cinco radares para controle do entorno do veículo, sistema de estacionamento automático, seis modos de condução.

O Ora é um classificado como compacto, mas não é tão pequeno assim, apesar de parecer menor do que é. Ele tem 4,24 metros de comprimento – o mesmo de um hatch médio, como um Volkswagen Golf –, com 1,83 m de largura, 1,60 m de altura e 2,65 m de entre-eixos. De certa forma, a pequena capacidade do porta-malas, de apenas 228 litros, é um efeito colateral do design. O Ora já foi chamado como uma cópia do Fusca e de mini Porsche. Mas isso pode ter a ver com o fato de ser assinado por Emanuel Derta, ex-designer da Porsche. Mas por uma questão de justiça, apesar de trazer alguns elementos estéticos semelhantes, é um desenho bastante original.

Por dentro, se mantém fiel ao estilo retrofuturista do exterior. Painéis, console frontal e estilo dos botões lembram modelos antigos, enquanto cluster de instrumentos e central multimídia compartilham o mesmo quadro. A qualidade geral do carro é muito boa. É perfeitamente montado e, embora não seja um carro de luxo, os materiais são agradáveis ao toque. A posição de condução é confortável, os bancos oferecem bom encaixe e o volante tem uma ótima espessura. Por outro lado, os botões táteis no volante não são muito amigáveis, e não são muito bem iluminados. E é preciso olhar para baixo para consultar o painel com as duas telas 10,25 polegadas. Além disso, a tela da central multimídia fica longe do campo de ação do condutor e é preciso se esticar para operá-la com segurança. Por outro lado, traz uma interface muito melhorada em relação aos modelos GWM anteriores.

Na parte de segurança, o Oro se posiciona entre os melhores. Ele obteve cinco estrelas no Euro NCAP e desde o modelo de entrada oferece sete airbags, sistema anticapotamento, assistente de partida em subida e controle de descida e câmera 360° com assistentes de estacionamento. Traz ainda controle de cruzeiro adaptativo, o assistente de faixa, a, o aviso de colisão frontal e traseira com frenagem de emergência, e o alerta de tráfego cruzado traseiro (Traduzido do texto de Jorge Beher, do Autocosmos Chile, exclusivo no Brasil para Auto Press. Fotos de divulgação).

Impressões ao dirigir

Dinâmica própria

Como já mencionado, a única diferença entre a versão de entrada Skin e a versão testada GT é o alcance e a bateria. Em ambos os casos, o motor é único, localizado no eixo dianteiro, que gera 171 cv de potência e 25,5 kgfm de torque. Não é esportivo, mas se movimenta muito bem. A condução e a bateria do Ora podem ser geridas com três modos de regeneração, sendo um deles one pedal, e seis modos de condução como: Normal, Eco+, Eco, Standard, Sport e Auto.

Em uma avaliação de uma semana útil, de segunda a sexta-feira, foram percorridos 200 km em uso misto e o consumo ficou entre 5 e 6 km/kWh, o que pode ser considerado médio para um veículo com estas características. Durante o teste, a melhor maneira de regenerar energia foi o modo de regeneração alta, que consegue promover desacelerações até mais altas que o modo one pedal. Já o modo Eco é ser útil no uso na cidade e o Sport é o mais divertido para explorar os 171 cv.

No entanto, a melhor coisa sobre o Ora – e onde ele pode superar carros como o BYD Dolphin – é sua qualidade de manuseio, com direção muito precisa, com um certo toque esportivo, e um chassi muito bem resolvido: confortável, firme e equilibrado. O resultado é bem no estilo europeu, com menor flutuação que outros elétricos. O Ora é um carro com personalidade e estilo, com uma resposta dinâmica muito boa. Embora o visual simpático tem grandes chances de se tornar o maior motivador para a compra.

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