Combinado bem-dosado
Jeep Commander Limited T270 sustenta a imagem de conforto e luxo mas com desempenho discreto
por Eduardo Rocha
Auto Press
O Jeep Commander praticamente inventou o mercado de SUVs médios-grandes no Brasil. Não porque não existissem outros modelos no segmento, mas por conta de que até a chegada dele no mercado, o segmento era inexpressivo. E o modelo tem mostrado uma regularidade impressionante. Desde que foi lançado, no final de 2021, vem se mantendo religiosamente em torno das 1.700 vendas mensais – de janeiro a novembro deste ano foram exatos 18.690 emplacamentos.
Mercado
O modelo se posiciona no segmento D e tem valores que começam em R$ 241.590 da versão de entrada Longitude T270 e vão até os R$ 338.990 da Overland TD380 4X4, a mais cara de todas. A versão avaliada é a intermediária Limited T270, que sai a R$ 261.790 e não tem opcionais. Apesar do preço pouco acessível, o Commander tem volume de vendas maior que o de quase todos os modelos do segmento imediatamente abaixo, médio ou C, com duas exceções: o Jeep Compass e o Toyota Corolla Cross – que custam em torno de R$ 70 mil a menos com equipamentos semelhantes. O modelo do segmento D que chega mais próximo é o Chery Tiggo 8, que vende uma para cada três unidades do Commander.
Conteúdo
A versão Limited vem com um recheio bastante generoso: rodas de liga leve de 18 polegadas com pneus, iluminação full Led, painel digital com 10,25 polegadas, chave presencial para travas e ignição, banco do motorista com ajustes elétricos, acabamento em couro e suede, movimentação elétrica da tampa do porta-malas e ar-condicionado de duas zonas.
Na parte de segurança, o Commander Limited traz sete airbags e diversos recursos dos chamados sistemas avançados de assistência à condução (ADAS), como controle de cruzeiro adaptativo, alerta de colisão com frenagem autônoma e detecção de pedestres, ciclistas e motociclistas, detecção de ponto cego e de tráfego traseiro cruzado, sistema de manutenção de faixa de rolagem, detector de fadiga do motorista, reconhecimento de placas de velocidade, comutação automática de faróis e sistema de estacionamento semiautônomo. Na parte de conectividade, o modelo traz a central multimídia com tela de 10,1 polegadas, com espelhamento sem fio e conexão através do Apple CarPlay e Android Auto.
Estrutura
O Commander é montado sobre a mesma plataforma body wide do Renegade e Compass, mas bastante encorpada. Ela foi aumentada tem todas as dimensões para poder oferecer lugar para sete ocupantes, um dos principais diferenciais do modelo. Em relação ao Compass, o Commander ganhou 37 cm no comprimento, 16 cm na distância entre os eixos, 5 cm na altura, e 4 cm na largura. Ele ficou com 4,77 metros de comprimento, 2,80 m de entre-eixos, com 1,70 m de altura e 1,86 de largura. O porta-malas oferece 233 litros de capacidade na configuração para sete passageiros, 661 litros com cinco ocupantes e 1.760 litros com apenas dois lugares.
Motorização
Sob o capô, o Commander traz o motor GSE 1.3 turbo, o mesmo usado em outros modelos da Stellantis, como Jeep Renegade, Fiat Pulse Abarth e outros. Ele rende 180/185 cv e 27,5 kgfm, tem câmbio automático de seis marchas e direciona a força para as rodas dianteiras. A ausência da tração 4X4 em parte é compensada pelo sistema Jeep Traction Control+, que usa o ABS para frear uma roda com baixa aderência para transferir a força para a roda com mais tração. De qualquer modo, o modelo fica mais à vontade mesmo no asfalto (Texto e fotos de Eduardo Rocha, Auto Press).
Ponto a ponto
Desempenho – É um SUV comportado. Os 180/185 cv de potência e os 27,5 kgfm de torque dão conta dos 1.685 kg de maneira contida, sem sobras. Por essa relação peso/potência de 9,1 kg/cv, o câmbio de seis marchas tem um escalonamento com as duas primeiras marchas curtas, o que dá alguma agilidade ao modelo, principalmente em ambiente urbano. Ainda assim, o zero a 100 km/ fica em razoáveis 9,5 segundos. A máxima fica em 202 km/h. Nota 7.
Estabilidade – A suspensão é independente nas quatro rodas e consegue equilibra os movimentos da carroceria nos trechos mais esburacados. Com o conjunto de rodas aro 18 e pneus 235/55, a versão Limited alia uma boa aderência com algum conforto. Os alertas dos sistemas de condução autônoma são um tanto histriônicos quando acionados. Nota 8.
Interatividade – O interior do Commander é funcional e ergonômico. Boa parte dos comandos podem ser acessado através do volante multifuncional, que permite navegar pelo computador de bordo. O modelo tem sistema de estacionamento semiautônomo, além de contar sensores dianteiros e traseiros, combinados com a câmera de ré, ajudam a estacionar no modo tradicional. A central multimídia é bem amigável e tem inclusive GPS nativo e espelhamento sem fio. A transmissão automática traz aletas no volante para trocas manuais e as informações de temperatura do habitáculo também aparecem na tela do sistema de entretenimento, que tem boas 10,1 polegadas. Nota 9.
Consumo – O InMetro avaliou o consumo do Commander Limited T270 em 6,9 e 9,8 km/l na cidade, enquanto na estrada a média foi de 8,3 e 11,8 km/l, com etanol e gasolina. Isso rendeu notas C na categoria e C no geral. São índices esperados pela combinação de peso/potência de 9,1 kg/cv em um carro com mais de quase 1.700 kg. Nota 6.
Conforto – O Commander é, sem dúvida, o mais refinado entre os Jeep produzidos no Brasil. Ele roda de forma suave e tem um ótimo isolamento acústico. O espaço no habitáculo é excepcional para quatro ocupantes com a fileira central recuada, muito bom para cinco e um tanto justo com os sete lugares em uso. Essa configuração, na verdade, só é indicada para uso breves ou para público infantil. Além do mais, o acesso à última fileira de bancos não é aconselhável para quem não tem um bom alongamento muscular. A suspensão, não é macia, mas filtra as irregularidades e vibrações. Nota 8.
Tecnologia – A Jeep oferece no Commander Limited uma lista completa de tecnologias de condução autônoma, como controle de cruzeiro adaptativo, estacionamento semiautomático, monitoramento de faixa de rolagem, etc. O padrão de conectividade da versão é o esperado. A central multimídia é amigável e tem tela grande, assim como o painel digital configurável, de 10,25 polegadas – o qual exige um certo tempo para familiarização, tal a variedade de opções. Nota 9.
Habitabilidade – Como boa parte dos SUVs, a altura do modelo facilita a entrada e saída do carro e garante um bom espaço para os ocupantes no interior, principalmente nas duas primeiras fileiras. A terceira fileira é adequada apenas a crianças, tanto pelo acesso pouco amigável quanto pelo espaço. O porta-malas na configuração para cinco passageiros leva generosos 661 litros. Nota 8.
Acabamento – O padrão de acabamento do Commander é o mais elevado da marca, com um cuidado na montagem visível. Não há plástico rígido nas áreas de toque. A cabine tem luxo, com revestimento em couro e detalhes cromados e preto brilhante que valorizam a vida a bordo. Nota 9.
Design – Em linhas gerais, as proporções do Commander não são muito harmoniosas. A linha de cintura é muito alta e por conta da capacidade para sete passageiros, ele acaba sendo longo demais. A Jeep tenta compensar essa desproporção com detalhes luxuosos, como o alumínio acetinado na grade e na tampa traseira, conjuntos óticos elevados e teto emoldurado por um friso cromado, entre outros. O traz elementos tradicionais, como a grade de sete fendas e as caixas de rodas trapezoidais. Nota 7.
Custo/benefício – O Commander Limited custa R$ 261.790. Os concorrentes diretos com sete lugares são Chery Tiggo 8, que custa R$ 179.990 na versão Max Drive, com conteúdo e potência semelhantes, e R$ 239.990, na versão Pro Hybrid, com mais conteúdo e potência. Já a Volkswagen anunciou o Tiguan Allspace por R$ 278.990, com um nível de equipamentos semelhante ao do Commander Limited. Numa briga indireta, entram os SUVs baseados em picapes, como Chevrolet Trailblazer, Toyota SW4 e Mitsubishi Pajero, que têm propostas bem diferente. Nota 6.
Total – O Jeep Commander Limited T270 somou 77 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Requinte tático
A Jeep conseguiu um posicionamento de marca sofisticada no Brasil. Estes é, inclusive, um dos fatos que fazem com que os modelos da marca tenham um desempenho avassalador no mercado brasileiro, pois apesar da boa imagem, têm preços compatíveis com os de marcas generalistas. Obviamente, essa diferença entre valor atribuído pelo consumidor e valor cobrado uma hora iria se reduzir. Para isso, a marca traçou uma estratégia de sofisticar os acabamentos. E em relação aos modelos feitos no Brasil, o Jeep Commander está no ponto mais alto no Brasil.
Os materiais usados ressaltam a ideia de luxo e requinte como em nenhum outro modelo do segmento. Couro, alumínio, cromados e guarnições em preto brilhante criam uma atmosfera de alto luxo sem perder o charme rústico. Bancos robustos, que mais parecem poltronas, as duas generosas telas em LCD (painel e multimídia) e tablier com revestimento em Suede complementam o ambiente e emprestam também a ideia de tecnologia. No caso do Commander Limited, a ideia é justificada ainda pelo pacote de assistentes à condução, ADAS, a chave presencial, a tampa traseira elétrica com sensor de presença, sistema de conectividade com funções via celular, estacionamento semiautônomo etc.
Dinamicamente, o Commander imprime um ritmo sereno, sem grandes arroubos nas acelerações e retomadas. Pode-se dizer até que as reações ao acelerador são elegantes. Na cidade e em rodovias, o Commander se movimenta bem e mesmo que não seja um exemplo de agilidade, mantém a coerência com a proposta do modelo. Na terra, o Commander não sofre. Ele tem uma boa altura livre para o solo, de 20,9 cm, e conta com o sistema Traction Control+, que desabilita o controle de tração e usa o ABS para frear individualmente uma roda que esteja patinando, para que o torque seja direcionado para a roda de melhor aderência. Não permite um off-road radical, mas ajuda a sair de pequenas enrascadas.
Ficha técnica
Jeep Commander Limited T270
Motor: Flex, dianteiro, transversal, 1.332 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando simples no cabeçote e sobrealimentado por turbocompressor. Acelerador eletrônico e injeção direta de combustível.
Transmissão: Câmbio automático com seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira com sistema Jeep Traction Control+. Controle eletrônico de estabilidade e tração.
Potência máxima: 180/185 cv a 5.750 rpm com gasolina/etanol.
Aceleração de zero a 100 km/h: 9,9/10,6 segundos com etanol/gasolina.
Velocidade máxima: 200/202 km/h com gasolina/etanol.
Torque máximo: 27,5 kgfm a partir de 1.750 rpm.
Diâmetro e curso: 70 mm x 86,5 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira McPherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora. Traseira McPherson com rodas independentes, links transversais/laterais e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade.
Freios: Discos nas quatro rodas com ABS, EDB, assistência de partida em rampa e frenagem autônoma.
Pneus: 235/55 R18.
Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,77 metros de comprimento, 1,86 m de largura, 1,70 m de altura e 2,79 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais laterais, de cortina e de joelho para motorista.
Altura para o solo: 208 mm.
Capacidade off-road: Ângulo de entrada de 20,1°, de saída de 22,2° e ângulo de rampa de 21,1°.
Peso: 1.685 kg em ordem de marcha, com 540 kg de capacidade de carga.
Capacidade do porta-malas: 661 litros – 233 litros com sete lugares e 1.760 litros com dois lugares.
Tanque de combustível: 61 litros.
Produção: Goiana, em Pernambuco.
Preço da versão: R$ 261.790.
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