A reestreia da Fisker
Eduardo Rocha
A reestreia da Fisker

Polo de atração

A marca californiana aposta no Ocean para crescer entre SUVs elétricos

por Marcelo Palomino

Autocosmos.com/Chile

Exclusivo no Brasil para Auto Press

É preciso reconhecer a tenacidade de empresário Henrik Fisker. O designer dinamarquês, depois de trabalhar para empresas como BMW, Ford e Aston Martin, decidiu fundar sua própria empresa em 2007. Talvez influenciado pelo trabalho na inglesa Aston Martin, fundou a Fisker Automotive e apostou no segmento de superesportivos semiartesanais com o modelo plug-in Karma. A fabricante não resistiu a problemas com fornecedores e acabou sendo leiloada em 2014, o que garantiu a sobrevivência do modelo, que acabou virando marca autônoma, mas tirou Fisker do jogo. Por pouco tempo. Em 2016, o empresário funda a Fisker Inc., agora vocacionada para veículos elétricos de luxo. Até chegar ao Fisker Ocean, seu modelo de estreia, foram três anos até os primeiros protótipos e mais quatro entre desenvolvimento e fabricação. Quando finalmente o SUV elétrico chegou ao mercado, em março de 2023, já era um sucesso comercial, com nada menos que 63 mil unidades reservadas.

Parte dessa demora pode até ser atribuída à crise sanitária provocada pela Covid-19. Assim, o Ocean começou a ser vendido há alguns meses nos Estados Unidos e na Europa, buscando ser uma alternativa coerente, mas disruptiva, no mercado de carros elétricos. Atualmente, o Ocean é o carro 100% elétrico com a maior autonomia certificada em todo o mundo, com 707 quilômetros no ciclo WLTP. Mesmo nos critérios draconianos do InMetro, chegaria a impressionantes 495 km. Só para dar uma base comparativa, o Tesla Y tem autonomia de 351 km, o BYD Tan chega a 309 km, o Volkswagen ID.4 vai a 370 km e o Volvo EX90 percorre 420 km.

Apesar de ser sediada na Califórnia, a Fisker fabrica o Ocean na Áustria, nos centros da empresa Magna, de engenharia veicular. Embora esse processo garanta qualidade de construção, tem gerado mais do que alguns problemas logísticos, a ponto de reduzir a previsão de entrega em 2024 de 42 mil para 13 mil unidades. Um mau prognóstico para uma marca que pretende impactar o setor com preços extremamente atrativos, com um valor inicial de US$ 37.400 nos Estados Unidos – equivalente a R$ 182.500 –, que sobe para US$ 69 mil – ou R$ 335 mil ‑ para a versão de luxo Extreme. São os preços mais baixos do que qualquer SUV de marca não chinesa.

O Fisker Ocean é um SUV/Crossover elétrico que mede 4,78 metros de comprimento, 2,00 m de largura e tem 2,92 m de entre-eixos. É semelhante a um Tesla Model Y e maior que Volvo XC40 ou Nissan Leaf O toque da Fisker está nos detalhes estéticos, que fazem este modelo parece superior aos outros. É uma espécie de hatch elevado com superfícies lisas, carroceria em dois tons com teto solar escurecido, enormes rodas de 22 polegadas com pneus 255/45 e lanternas traseiras compostas de apenas algumas linhas. Também agrada o chamado Modo Califórnia, que a um simples apertar de botão, abaixa todas as janelas, inclusive as decorativas entre a penúltima e última coluna, e abre o teto e o vidro traseiro.

Para a parte mecânica, a Fisker oferece três opções com um ou dois motores, e baterias com diferentes gamas. A versão de entrada, chamada Sport, tem tração dianteira com motor que gera 279 cv de potência e entrega 402 km de autonomia máxima. Depois, há uma segunda versão com dois motores chamada Ultra, que oferece tração integral, 551 cv de potência e autonomia de 610 quilômetros. Por fim, há a variante avaliada na Califórnia, a Extreme. Ela traz uma bateria de 113 kWh, que envia a energia para dois motores, um cada eixos. Juntos, eles entregam 474 cv e 71,1 kgfm de torque, ou 572 cv e 75,0 kgfm no modo booster, que só pode ser usado 500 vezes em toda a vida útil do carro. Essa configuração faz este SUV de 2.435 kg ir de zero a 100 km/h abaixo dos 4 segundos. Graças a um sistema de carregamento rápido de 250 kW, recupera de 10 a 80% em menos de 35 minutos.

No interior, há uma grande tela touch vertical de 17,1 polegadas, a partir do qual todas as funções do carro são operadas. Além de oferecer uma resolução extraordinária, tem visualização perfeita mesmo sob a luz do sol. Logo abaixo está o seletor de marchas e botões de atalhos para cinco funções mais usuais: regular a temperatura interna, modular a intensidade do vento, o volume de áudio, a sintonia do áudio e acesso ao menu principal.

À frente do motorista, o painel de instrumentos ocupa uma tela wide com 9,8 polegadas. Há ainda um head-up display completo, que inclui até um modo karaokê (mostrando as letras das músicas). O Ocean traz ainda um pacote robusto de assistências de condução e recursos de direção autônoma. Em termos de material, a cabine causa estranheza, pois usa muitos elementos reciclados de garrafas plásticas, pneus, tapetes e outros polímeros. É nitidamente bem construído, adornado por microfibra e tapeçarias de Alcântara, mas não parece luxuoso. Os bancos traseiros são grandes, sendo dois com folga e um terceiro com boa vontade. Os melhores são os gadgets colocados ali, como controles de climatização no apoio de braço central ou espelhos escondidos nos encostos de cabeça dianteiros.

Impressões ao dirigir

A dinâmica da diversão

O percurso para avaliação foi em torno da cidade de Pasadena e pela estrada de montanha da Floresta Nacional de Angeles. E o Ocean se mostrou um carro realmente deslumbrante. Mas não de cara, pois é um processo. Sentado ao volante, a primeira coisa a fazer é se familiarizar com a tela central, pois é através dela que se regula retrovisores, volante e assento. Não é muito agradável que estas funções sejam através da tela, mas este parece ser um futuro inescapável para todas as marcas.

E então, como já é a norma em muitos carros elétricos, não há botão de partida: basta entrar no carro e engatar a marcha D, que está localizado em uma haste instalada no volante. O carro é silencioso e reativo, não esconde sua potência nem seu foco em ser divertido de dirigir, sempre bem apoiado no centro de gravidade muito baixo por conta do peso da bateria.

O Oceano oferece três modos de condução: Earth, Fun e Hyper, que sem o marketês seriam Eco, Normal e Sport. Apenas esse último habilita o modo boost, que é simplesmente brutal. As diferenças estão na resposta ao toque do acelerador e no nível de recarga do freio regenerativo. Não há modificações no peso da direção ou na rigidez da suspensão. Não é um carro esportivo, mas pode ser usado rapidamente e imprimir um sorriso no rosto do condutor. Mas também é pesado, e as massas, em determinado momento, se movem e fazem o carro lutar até a morte para ficar alinhado com o asfalto.

O ponto menos elogiável do Ocean é a direção, sintética e leve demais para passar segurança em uma condução mais agressiva. Outro ponto é o freio, cujo pedal percorre um curso muito longo até que começa efetivamente a atuar. Mas esses detalhes não chegam a empanar o brilhantismo do Ocean. Trata-se de um carro inspirador, irreverente e diferente. Uma proposta atraente a um preço mais acessível.

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