Tudo ao mesmo tempo
Premier é a versão que melhor representa a lógica de um sport utility pick-up
por Eduardo Rocha
Auto Press
O conceito de SUP, os sport utility pick-up, certamente surgiu nos Estados Unidos, mercado em que as picapes ocupam as três primeiras posições no ranking de modelos mais vendidos. Foram as picapes grandes de lá que inauguraram a ideia de incluir conforto e tecnologia à robustez e força típica do segmento. Mas pode-se dizer que o Brasil inaugurou o conceito de picape compacta, no final dos anos 1970, com a Fiat 147 City. E a Chevrolet Montana é o mais recente exemplar dessa categoria. Só que a General Motors, dona da Chevrolet, decidiu apostar do crescimento da Montana para ameaçar tanto a compacta Fiat Strada quanto a média-compacta a Fiat Toro. Em um ano de mercado, a nova picape da Chevrolet vem mantendo médias de emplacamento em torno de 3.400 unidades, três vezes mais do que o modelo vendia em 2019, último ano completo da picape no mercado.
Nessa lógica do SUP, o melhor exemplar da Montana é a versão Premier. Ela custa R$ 155.450 e equivale à versão RS sem os adereços. O preço é cerca de 15% a mais que as duas versões de topo da Strada, Ranch e Ultra , e valor semelhante ao da versão básica da Toro, Endurance . Em relação à primeira, a picape da Chevrolet se vale das maiores dimensões e em relação à segunda, se apoia em um conteúdo mais completo. Sob o capô, a Montana traz o único motor disponível na linha, que é o mais forte usado pela família Onix, o 1.2 turbo de três cilindros. Aqui este motor de três cilindros é sempre gerenciado por um câmbio automático de seis marchas e rende 132 cv e 19,4 kgfm com gasolina e 133 cv e 21,4 kgfm com etanol.
Em relação aos equipamentos, a Montana Premier traz seis airbags, central multimídia de 8 polegadas com espelhamento sem fio, luz de condução diurna, faróis de acendimento automático, regulagem de espelhos e vidros elétricos, travas que atuam inclusive na tampa traseira, monitoramento de pressão dos pneus e protetor de caçamba, rodas de liga leve aro 17, rack no teto, controle de cruzeiro, limitador de velocidade, sensor e câmera de ré, chave presencial para travas das portas, ignição e tampa traseira, acabamento em couro sintético no bancos, carregador por indução, ar automático, alerta de ponto cego e faróis full led.
De série, o modelo traz capota marítima, mas a versão avaliada trazia capota elétrica, um dos muitos acessórios desenvolvidos pela marca para melhorar a usabilidade no modelo no dia a dia. Nesse sentido, foram desenvolvidos itens como bandejas separadoras, para organizar os objetos na caçamba, extensor de caçamba, redes separadoras etc (Texto e fotos de Eduardo Rocha, Auto Press).
Ponto a ponto
Desempenho – O motor 1.2 turbo da Montana dá bastante disposição à picape da Chevrolet. Arrancadas e retomadas, mesmo carregada ou em trechos íngremes, são feitas com alguma facilidade. Tem agilidade para encarar um tráfego mais disputado e até parece menor do que é. A aceleração de zero a 100 km/h, em 10,7 segundos traduz o vigor que o modelo exibe em movimento. O motor apresenta uma vibração em regimes de giro intermediários que dá até um certo tom de esportividade ao modelo, mas pode incomodar. Nota 8.
Estabilidade – A suspensão tem um acerto que permite um bom controle da carroceria sem detonar o conforto. Na traseira, o modelo traz um batente de dois estágios, para aproximar o comportamento de quando está com ou sem carga. Nas curvas, o comportamento fica ligeiramente mais neutro quando está carregada, mas em compensação perde um pouco de desempenho. Nota 8.
Interatividade – Desde o lançamento da primeira linha Onix, em 2012, a Chevrolet mantém a mesma arrumação interna em seus carros, o que facilita bastante o uso imediato. De lá para cá, os modelos vêm ganhando recursos, que são disponibilizados de forma a não atrapalhar o que o carro já oferecia. A Montana tem espelhamento de celulares sem fio, roteador wi-fi, sendo de ponto cego, controle de cruzeiro, chave presencial, sensor de luz, câmera, sensores de ré e computador de bordo de fácil acesso. Nota 8.
Consumo – A Montana tem potência e desempenho, mas cobra um preço no consumo, principalmente com etanol, que eleva o consumo em cerca de 40%. A picape apresentou nos testes do InMetro um consumo médio de 7,7/9,3 km/l com etanol na cidade/estrada e 11,1/13,3 km/l com gasolina, nas mesmas condições. A classificação no Conpet foi B na categoria e C no geral. Nota 7.
Conforto – A área interna na cabine justifica a classificação de SUP. Os ocupantes dos bancos dianteiros são nitidamente privilegiados, com bom espaço para se acomodar. Na segunda fileira, o problema não é espaço, que é bom, mas sim o ângulo de inclinação do encosto, que é muito verticalizado e pouco ergonômico. O teto panorâmico oferece um certo requinte ao ambiente. A suspensão por sua vez, consegue absorver bem as irregularidades do piso. Já o isolamento acústico só perturbado pelas vibrações geradas pelo propulsor. Nota 8.
Tecnologia – A estrutura eletrônica até permitiria que a Montana trouxesse tantos recursos de assistência à condução quanto o Tracker ou o Onix. Mas como o custo adicional de equipamentos como controle de cruzeiro adaptativo, frenagem automática de emergência e estacionamento semiautônomo dificilmente seria capitalizado nas vendas, a Chevrolet tratou de equipar a picape com itens mais óbvios, mas que ainda a deixam bem em relação ao segmento. Nota 8.
Habitabilidade – A Montana traz bons nichos no console central, sob o apoio de braço e nas portas bastante úteis e com boa capacidade. Já em relação à carga, nenhuma queixa possível. A caçamba comporta 874 litros e carrega até 600 kg – com quatro adultos médios, sobram, em média, 300 kg para as bagagens. Acessórios como bandejas separadoras e capota elétrica para a caçamba tornam o cotidiano do usuário mais prático e podem ser um bom investimento. Nota 9.
Acabamento – A versão Premier traz revestimento em couro sintético de boa qualidade no volante, apoio de braço, painéis de portas e parcialmente nos bancos com pespontos na cor crema. A mistura de materiais é de bom gosto, com detalhes em preto brilhante, cromado e pintura prata. O painel conjugado com a tela da central multimídia console em preto brilhante que unifica a moldura do painel e a central multimídia dá ao carro um ar moderno ao interior. lógico. Há bastante plástico rígido aparente, mas não há uma sensação de pobreza. Nota 8.
Design – A Montana adota o conceito que é cada vez mais usado, de elevar as luzes de posição e colocar os conjuntos óticos principais no centro do para-choque. É uma arrumação que ainda causa estranheza por dar a impressão, numa leitura antropomorfa, que os olhos do carro estão quase fechados. Já a vista lateral não traz surpresa enquanto a traseira traz uma boa solução de combinar a guarnição em preto brilhante com as lanternas com luzes horizontais, detalhe que valoriza a largura do modelo. Nota 8.
Custo/benefício – A Chevrolet Montana Premier se alinha com a Renault Oroch, que tem dimensões próximas, e rivaliza mais diretamente com a Toro de entrada. A reação da Fiat foi oferecer mais equipamentos de série em seu modelo, o que mudou nesse momento o balanceamento do custo/benefício entre os dois modelos. Nota 7.
Total – A Chevrolet Montana Premier somou 79 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Tamanho estratégico
A Chevrolet Montana aposta em um espaço entre os segmentos. É maior que as compactas, como Strada e Volkswagen Saveiro, e menos trambolhuda que as média-compactas, como Ford Maverick, Ram Rampage e Toro – picapes que têm atualmente as mesmas dimensões de Chevrolet S-10 e Ford Ranger de 20 anos atrás. Até mesmo na motorização, a Montana fica no meio termo. O propulsor 1.2 Turbo de 132/133 cv e 19,4/21,4 kgfm é bastante forte para enfrentar um eventual trabalho, onde se propõe a carregar até 600 kg e 874 litros, e ainda manter um comportamento. Sem carga, a picape se torna bastante ágil e instigante, com o motor está cheio, pronto para ganhar responder ao acelerador.
Este desempenho é acompanhado pela suspensão muito bem acertada. O ajuste do conjunto é firme, mas não a ponto de sacrificar o conforto. Na verdade, a Montana parece bem melhor adaptada à cidade que as picapes médias-compactas, com a vantagem de ter uma altura que a iguala aos SUVs. A postura elevada do motorista privilegia a visão mais ampla do trânsito. Com isso, é possível tirar melhor aproveito da agilidade e do porte do modelo. Na cidade, a Montana oferece quanto picapes maiores. Na estrada, a Montana também exibe um lado interessante, tanto pela boa potência quanto pela neutralidade que mostra em velocidades de cruzeiro mais altas.
Por dentro, a picape se vale dos conceitos de um SUV. Ou seja: posiciona os ocupantes de forma mais ereta, o que melhora o aproveitamento do espaço oferecido pelo bom entre-eixos de 2,80 metros. O habitáculo é espaçoso e agradável, com boa área para pernas e cabeças, também por conta da boa altura do veículo. Ao mesmo tempo, a cabine não é tão alta a ponto e dificultar o acesso ao interior. O teto solar panorâmico ilumina bem o bom nível de acabamento, com revestimento em couro sintético fde boa qualidade. O nível de equipamentos também é outro ponto positivo, com o espelhamento de celulares sem cabo, sensores de ponto cego e de obstáculos traseiros, câmera de ré e chave presencial, entre outros confortos.
Ficha técnica
Chevrolet Montana Premier
Motor: Etanol e gasolina, dianteiro, transversal, 1.199 cm³, com três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, turbocompressor, injeção direta e controle eletrônico de aceleração.
Transmissão: Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Controle eletrônico de tração.
Potência: 132/133 cv a 5.500 rpm com etanol/gasolina.
Torque: 19,4/21,4 kgfm a 2 mil rpm com etanol/gasolina.
Diâmetro e curso (mm): 75 X 90,5.
Taxa de compressão: 10,5:1.
Aceleração 0-100 km/h: 10,1 segundos.
Velocidade máxima: 160 km/h.
Suspensão: Dianteira do tipo independente McPherson, barra estabilizadora e amortecedores hidráulicos a gás. Traseira com eixo de torção, amortecedores hidráulicos a gás e duplo batente. Controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 215/55 R17.
Freios: Discos dianteiros ventilados na frente e tambores atrás, com ABS.
Carroceria: Picape cabine dupla em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,72 metros de comprimento, 1,80 m de largura, 1,66 m de altura e 2,80 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cabeça.
Peso: 1.310 kg com 600 kg de carga útil.
Capacidade da caçamba: 874 litros.
Tanque de combustível: 44 litros.
Produção: São Caetano do Sul, São Paulo, Brasil.
Preço: R$ 155.450 (R$ 157.400 com pintura metálica).
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