A dinastia Z
Eduardo Rocha
A dinastia Z

Roadster com pedigree

Linha esportiva Nissan Z esbanja tecnologia sem contrariar a tradição

por Alexandre Konstantonis

Autocosmos.com/Argentina

Exclusivo no Brasil para Auto Press

Um pouco da história: a ordem alfabética foi inventada por Zenódoto de Éfeso, no ano de 283 a.C., quando Ptolomeu II Filadelfo, Rei do Egito, lhe pediu para organizar as centenas de milhares de papiros que estavam alojados na imensa Biblioteca de Alexandria, construção iniciada por seu pai, Ptolomeu Sotér I. A lenda da linha Z, última letra do alfabeto romano, tem uma história mais recente. Surgiu no Japão na década de 1960, quando a Nissan apresentou o modelo Roadster 1500, um pequeno modelo conversível que estampava a marca Datsun.

Em 1969 surgiu o primeiro Z, que dependendo do mercado era assinado como Nissan ou como Datsun. A partir daí tempo se encarregou de esculpir o grande nome que a linha esportiva tem hoje. Tradicionalmente, os modelos eram nomeados com a o número que indicava o tamanho do motor seguido da letra Z. No Brasil, o primeiro a desembarcar oficialmente foi o 350Z, quinta geração do modelo, em 2004. Na sequência vieram o 370Z e em 2020, foi mostrada a 7ª geração, ainda como carro conceito, o Nissan Z Proto, mas efetivamente pronto para ser lançado. Mas isso só ocorreu em 2021, devido à pandemia de Covid-19, com o nome reduzido a Nissan Z .

O design do novo Z é muito bem equilibrado, com muitos detalhes que lembram o legado e com adições elementos modernos que além de torná-lo mais atraente, o tornam eficiente. Apesar de ser um veículo baixo de dois lugares não é difícil entrar, e já no posto do motorista tudo fica à mão – com exceção dos ajustes do banco, que ficam na parte interna, espremidos entre o assento e túnel de transmissão. O veículo de teste tinha câmbio automático e, como um bom Nissan moderno, o seletor de marchas mais parece um joystick do que uma alavanca.

Sob o capô, o Z traz, como sempre, um motor V6. Desta vez ele tem 3.0 litros, com turbos gêmeos e comando variável no cabeçote e injeção direta de combustível. Ele rende 400 cv a 6.400 rpm e robustos 48,5 kgfm e 5.600 giros e a força é direcionada para a rodas traseiras através de um câmbio manual de seis marchas com embreagem de alta performance ou automático de nove marchas com paddle shifts no volante.

Como usa a plataforma FM, de Front Midship, o propulsor é descolado para atrás e centraliza o peso do modelo, que gira em torno de 1.600 kg no total. Isso facilita o trabalho da suspensão, que tem configuração clássica para carros esportivos, com triângulos sobrepostos dianteiros e multilink na traseira. No total, o Z mede 4,38 metros de comprimento, 1,85 m de largura, 1,32 m de altura com 2,55 m de entre-eixos. E peso gira em torno de 1.600 kg. O preço nos Estados unidos começa em torno de US$ 40 mil, ou cerca de R$ 200 mil. Não há planos da Nissan de importar o modelo para o Brasil (Fotos de divulgação).

Impressões ao dirigir

Evocação da tradição

Quando se acelera fundo o Nissan Z com a estrada livre, o som da respiração do motor V6 invade a cabine, deixando claro que o esportivo está ganhando aceleração com muita força. Se a opção for por mudanças no modo manual, as trocas devem ser feitas precisamente a 6.200 rpm para não sofrer um corte de injeção – o limitador de giro só entra em 6.500 e esperar até esse ponto é perder tempo. Isso porque o sistema de controle do câmbio não passa a marcha seguinte automaticamente – como, aliás, deve ser em um esportivo.

A suspensão faz muito bem o seu trabalho, a direção é comunicativa e, se as assistências estiverem desligadas, a entrada dos controles de estabilidade e tração é atrasada para que o Z nos deixe que o piloto exceda um pouco os limites. Mas se o sistema concluir que o descontrole foi abusivo, ele entra em ação. É preciso destacar a boa configuração e entonação do som do sistema de exaustão do Z.

Quando as 4 mil rotações são ultrapassadas, ele libera o fluxo de gases sem passar pelo último silenciador e o som se torna metálico e convidativo. Além disso, há um sistema de ruído de alta frequência que faz com que o motor seja ouvido harmoniosamente dentro da cabine pelo equipamento de áudio.

A distribuição de peso também é algo que os desenvolvedores cuidaram muito. A proporção é de 57% na dianteira e 43% na traseira, e nem preciso dizer, mas a força de tração está no eixo traseiro. Os freios têm pinças dianteiras de quatro pistões com discos ventilados, enquanto atrás as pinças são de dois pistões, também com discos ventilados.

Por dentro, o design da cabine remete diretamente aos modelos Z das gerações anteriores. Embora o painel de instrumentos configurável de 12,3″ seja uma experiência totalmente digital, a Nissan não esqueceu a ligação histórica e colocou no meio do painel três instrumentos que indicam pressão do turbo, velocidade de rotação do turbo (até 25 mil rpm!) e tensão da bateria.

Hoje a mecânica assistida por um turbocompressor é uma constante, e ainda mais em veículos do gênero do Nissan Z, que além de carregar um motor consagrado com evoluções favoráveis, é equipado com duas turbinas paralelas – uma para cada bancada de cilindros – que tornam a entrega de potência muito linear, mesmo e a partir de baixas rotações. O novo Nissan Z é uma das melhores evocações do passado, não só na estética, mas também na abordagem tradicional, tanto ao deixar a eletrificação de lado quanto ao manter o formato coupé clássico.

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