Megane: elétrico com estilo
Eduardo Rocha
Megane: elétrico com estilo

A evolução da espécie

Com design, performance e conforto, Megane E-Tech refina a imagem da Renault no Brasil

por Eduardo Rocha

Auto Press

Mesmo em um país como o Brasil, com uma matriz energética predominantemente limpa devido ao uso extensivo de biocombustíveis, a eletrificação é uma tendência inevitável. Afinal, como qualquer outra mercadoria, automóveis também estão à mercê de modismos. Mas o Megane E-Tech, crossover médio 100% elétrico da Renault, chegou com missões mais relevantes para a marca do que simplesmente conseguir bons volumes de venda. O modelo chegou para mudar a percepção da marca francesa no mercado nacional, com um design moderno e cheio de personalidade, bom desempenho e muito conforto. Desde o lançamento, em setembro do ano passado, o modelo mantém a tabela em R$ 279.990, ao contrário do que ocorreu com modelos elétricos de entrada, que reduziram o preço. O caro é que o Megane E-Tech tem uma proposta que vai além do valor monetário.

O design do Megane reflete o que há de mais contemporâneo na linha da Renault, combinando formas orgânicas com detalhes geométricos em uma estética marcante. O crossover, que exibe a nova logomarca da fabricante, introduz o conceito de estilo batizado de Sensual Tech. Com dimensões que o posicionam entre um hatch e um SUV, o Megane apresenta proporções distintas, com 4,20 metros de comprimento, 1,77 m de largura e 1,52 m de altura, além de um entre-eixos de 2,69 m e um porta-malas com capacidade para 440 litros. Seu design original transmite uma sensação de robustez, destacando-se pela linha de cintura elevada e pelas janelas curtas, que conferem uma aparência bem singular.

Os detalhes do Megane continuam a impressionar, com maçanetas embutidas, rodas de 18 polegadas em formato de hélice e uma frente minimalista, destacada por uma grade discreta na base do para-choque. Os conjuntos óticos afilados, conectados por uma barra em preto brilhante com o novo emblema da Renault, acrescentam um toque de sofisticação. No interior, a tecnologia é protagonista, com recursos avançados de assistência ao condutor, como controle de cruzeiro adaptativo e alerta de colisão, acessíveis por meio de um teclado próximo à tela da central multimídia. Os materiais sustentáveis utilizados nos revestimentos, como tecido feito a partir de garrafas PET, reforçam o compromisso ambiental da marca.

Em termos de desempenho, o Megane surpreende pela agilidade e pelo baixo peso, com apenas 1.680 kg, sendo 395 kg destinados à bateria de 60 kWh. Esta, parte integrante da nova plataforma exclusiva para veículos elétricos da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, contribui para o excelente equilíbrio do veículo, proporcionando uma condução dinâmica e eficiente. O motor elétrico síncrono gera 220 cv de potência e 30,6 kgfm de torque, permitindo ao Megane acelerar de zero a 100 km/h em apenas 7,4 segundos, com velocidade máxima de 160 km/h. Com uma autonomia de 337 km, o Megane oferece também um tempo de recarga de aproximadamente 9 horas com o carregador padrão de 7,4 kWh AC (Texto e fotos de Eduardo Rocha, Auto Press).

Ponto a ponto

Desempenho – O Megane traz um motor elétrico dianteiro com 220 cv e generosos 30,6 kgfm de torque. São números normais para um veículo elétrico médio e oferece um bom desempenho, com liberação de potência e torque instantâneas, o que resulta em acelerações e retomadas vigorosas. O crossover não tem uma proposta esportiva, mas pode mostrar uma performance convincente se o acelerador for pressionado. O sistema de frenagem regenerativa oferece quatro intensidades, controladas através de borboletas no volante, o que acaba aproximando o comando ao de um câmbio sequencial de um carro tradicional. Nota 9.

Estabilidade – A suspensão do Megane é rígida, como costuma acontecer com modelos europeus. Apesar disso, consegue filtrar muito bem as pequenas vibrações provocadas por pisos irregulares e só repassa algum tranco no caso de vias muito acidentadas. O controle da carroceria é absoluto tanto em relação à rolagem nas curvas quanto na definição de trajetória. A direção é levíssima, mas não anestesiada. Consegue fornecer uma boa leitura do solo e é bastante prazerosa de manejar. Nota 8.

Interatividade – Todas as informações e comandos estão concentrados no volante, painel e console frontal. Os gráficos são elegantes e atraentes, projetados nas telas do painel, com 12,3 polegadas, e da central multimídia, de 9 polegadas. O sistema é simples de operar e permite espelhamento sem cabo através dos aplicativos Apple CarPlay e Android Auto. O Megane traz ainda recursos ADAS, como alerta de colisão com frenagem autônoma, controle de cruzeiro adaptativo com stop & go, alertas de faixa, de ponto cego e de tráfego traseiro cruzado, entre outros. Tem ainda sensores de luminosidade e de chuva e configuração da iluminação interno com 48 cores. Nota 10.

Consumo – Pelos dados do Programa de Etiquetagem Veicular, o Mégane E-Tech está entre os crossovers médios mais eficientes. Ele consome 0,51 Mj/km, menos que o Nissan Leaf (0,58 Mj/km) o Volkswagen ID.4 (0,63 Mj/km) ou o Volvo EX30 (0,52 Mj/km). Com isso, consegue uma autonomia de 337 km com sua bateria de 60 kWh. Nota 10.

Conforto – A rigidez da suspensão do Megane é típica de modelos europeus e só chega a prejudicar o conforto em pavimentos muito precários. Em pisos regulares, o conforto de rodagem é alto, inclusive por outros fatores, como um ótimo isolamento acústico, aliado ao fato de ter um motor silencioso. Os bancos são ergonômicos, com abas bem ressaltadas que seguram bem o corpo. Nota 8.

Tecnologia – A plataforma do Megane é a CMF-EV, de 2021, a mesma usada por Renault Scénic e Nissan Ariya. Ela bastante rígida e leve, com o bloco de baterias integrado ao piso. O crossover também traz diversos recursos ADAS, uma interface com duas telas configuráveis, central multimídia rápida e com bom nível de conexão, freios regenerativos com quatro modos de atuação, etc. Nota 9.

Habitabilidade – O Megane conta com um entre-eixos de 2,69 metros e uma boa altura, de 1,52, medidas que por si só já geraria um bom espaço interno. Acontece que o modelo também é construído com uma plataforma modular que oferece piso plano e uma parece corta-fogo bem avançada. Resultado é uma área de habitáculo generosa e um porta-malas de sedã, com 440 litros de capacidade. Como se trata de um modelo médio, a largura da cabine permite que três adultos se instalem no banco traseiro sem desconforto por um tem razoável. Nota 8.

Acabamento – O marketing de carros elétricos sempre busca valorizar materiais ecológicos e recicláveis. Essa ideia inclui um certo estoicismo que acabam por deixar alguns requintes de fora. É o caso do revestimento do Megane, que pode até usar um tecido ecologicamente correto, mas é refinado. Não oferece o conforto e luxo deveria ter. De qualquer forma, há muito capricho nos detalhes e o design interno é bastante elegante. Nota 8.

Design – O Megane é uma espécie de parâmetro de estilo para os novos carros elétrico da Renault. A frente traz faróis bem afilados logo abaixo da linha do capô, alinhados a dois grossos frisos em preto brilhante, com a nova logomarca da fabricante ao centro. A parte superior do para-choque é convexa e traz em led linhas diagonais nas extremidades e horizontais na base. De perfil, as janelas curtas e a lateral tonificada pela musculatura dão um ar bastante robusto ao modelo. Na traseira, as lanternas horizontais e altas são conectadas por uma linha de led, interrompida pela logomarca da Renault. Os volumes são bem harmonizados e o caimento do teto em direção à traseira dá um toque de esportividade ao crossover. Nota 9.

Custo/benefício – O Megane E-Tech está em um segmento que ainda não está sofrendo ataques em relação ao preço como o nicho de compactos e subcompactos elétricos e por isso mesmo mantém o valor pouco atraente de R$ 279.990. Ele fica entre os R$ 229.950 do Volvo EX30 e os R$ 298.490 do Leaf – o ID.4 só está disponível para aluguel. Já o Hyundai Kona é um pouco menor e menos potente, mas também é mais barato: R$ 189.990. Nota 6.

Total – O Megane E-Tech somou 87 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Crossover harmonizado

Na Europa, a Renault busca se consolidar como uma marca premium. De fato, a imagem da fabricante é mais valorizada que a de marcas generalistas, mas não chega a ter o prestígio das marcas de luxo. O Megane E-Tech é dessa linhagem mais sofisticada. Ou seja: nada tem a ver com os modelos Dacia que por aqui ostentam o losango francês. E chegou por aqui com o papel de dar um brilho no emblema, até para preparar terreno para o pequeno crossover Kardian, que embora não seja europeu, é também refinado. E tudo isso fica claro apenas examinado o crossover elétrico por fora.

O Renault Megane E-Tech tem uma evidente harmonia entre design, tecnologia e desempenho. O interior é espaçoso tanto para o motorista quanto para os passageiros. A condução é suave e silenciosa e chama a atenção pela qualidade de rodagem. Ele traz diferentes modos de condução e uma intensidade de frenagem ajustável, o que permite uma interação mais ativa entre condutor e máquina. Como é comum em veículos elétricos, o piso é plano, o que melhora a habitabilidade. Por outro lado, vidro traseiro é diminuto, o que é compensado pelo retrovisor que funciona tanto como espelho normal quanto como monitor da câmera traseira, que dribla inclusive as cabeças de quem vai no banco traseiro.

Em movimento, o Megane mostra bastante agilidade – com arrancadas e retomadas vigorosas A cabine é invadida por um silêncio absoluto, a ponto de tornar o som da seta acionada incômodo. Dependendo do modo de condução escolhido, o crossover mostra uma personalidade diferente: tem resposta mais ou menos assertivas. Mas é o nível da intensidade de frenagem o principal determinando na condução do modelo. A frenagem regenerativa por ir de quase nada até a mais forte, que praticamente dispensa o uso dos freios.

Ficha Técnica

Renault Megane E-Tech

Motor: Elétrico síncrono de corrente alternada com rotor bobinado. Alimentado por um conjunto de baterias de íons de lítio com 60 kWh. Controle eletrônico de aceleração.

Transmissão: Por engrenagem de relação única com inversor de fase para a ré. Tração dianteira e controle eletrônico de tração de série.

Potência: 162 kW, ou 220 cv.

Torque máximo: 30,6 kgfm.

Suspensão: Dianteira do tipo McPherson, independente com barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos e molas helicoidais. Traseira independente multilink com barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos e molas helicoidais. Oferece controle eletrônico de estabilidade de série.

Pneus: 195/60 R18.

Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD e frenagem automática de emergência. Sistema regenerativo de energia configurável em quatro níveis.

Aceleração 0-100 km/h: 7,4 segundos.

Velocidade máxima: 160 km/h

Carroceria: Crossover em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Comprimento de 4,20 metros com 1,77 m de largura, 1,52 m de altura e 2,69 m de entre-eixos. Possui airbags frontais, laterais e de cabeça de série.

Peso: 1.680 kg.

Capacidade do porta-malas: 440 litros.

Autonomia: 337 km na norma InMetro.

Lançamento no Brasil: 2023.

Produção: Douai, França.

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