Posição de destaque
Versão Touring melhora relação custo/benefício, mas ainda está numa faixa acima dos rivais
por Eduardo Rocha
Auto Press
A Honda deu uma missão dura para o novo City sedã: consolidar uma posição no disputado segmento de sedãs compactos. Mas mais que isso, a marca japonesa queria que seu modelo fosse visto também como sucessor do Civic (já o Civic híbrido vendido no Brasil disputa uma faixa muito mais alta). No primeiro ano de mercado, o City sedã foi muito bem, com 22 mil emplacamentos, segundo melhor desempenho do modelo desde 2009, quando o carro chegou ao mercado brasileiro. No entanto, o City sedã perdeu o status de novidade e as vendas ficaram abaixo de 12 mil unidades em 2023. Foi então o momento de abrir o leque de versões e apresentar as configurações mais simples, EX e LX. Por outro lado, a Honda também se preocupou em segurar o preço de sua versão mais completa, a Touring. Nos últimos 15 meses, o preço da versão foi aumentado em menos de 4%, chegando a R$ 140.500. Isso melhorou a relação custo/benefício do sedã e reduziu a distância para os rivais, embora continue entre os mais caros do segmento.
Um dos principais pontos de diferenciação no conteúdo da versão Touring é a segurança. Ela traz o pacote Honda Sensing, que inclui controle de cruzeiro adaptativo, alerta de colisão com sistema de frenagem autônomo com detecção de pedestres, sistema de assistência de permanência em faixa com ação indutiva na direção e farol alto automático. Tem ainda seis airbags, faróis full led e sensor de estacionamento dianteiro e traseiro e câmera de ré. Já na parte de conforto, o City Touring traz acabamento em couro, chave presencial para travas e ignição, painel com tela em TFT de 7 polegadas, central multimídia com tela de 8 polegadas e espelhamento sem fio de Android Auto e Apple CarPlay, carregador de celular por indução, ar-condicionado digital e espelho eletrocrômico.
Já o motor do City não impressiona à primeira vista. Isso porque os principais rivais – como Volkswagen Virtus, Chevrolet Onix Plus e Hyundai HB20S – dispõem de motores turbo, enquanto a Honda optou por um propulsor aspirado – como, aliás, acontece com os rivais japoneses Toyota Yaris e Nissan Versa. A busca aqui foi por uma maior eficiência de consumo, com índices A na categoria e B no geral, segundo o InMetro. O motor atual usa a base do usado na geração anterior com diversas evoluções, como cabeçote com duplo comando variável de válvulas com injeção direta de gasolina e etanol e um bloco redesenhado para otimizar o arrefecimento. Com isso, ficou entre os mais potentes do segmento, sempre com 126 cv de potência, com torque de 15,5/15,8 kgfm, com gasolina e etanol. O câmbio é o mesmo CVT que já equipava o modelo, com modo manual de sete marchas simuladas e paddle shifts no volante (Fotos de Eduardo Rocha, Auto Press).
Ponto a ponto
Desempenho – Em um contato inicial, o motor 1.5 litro de 126 cv do City não impressiona nada. Mas com em pouco tempo de manejo, dá para perceber que ele tem uma dinâmica bem interessante. Em comparação com os motores turbo de baixa cilindrada oferecidos no mercado, ele apresenta uma faixa de giros útil mais ampla, boa progressividade nas acelerações e suavidade de funcionamento. O câmbio CVT tem reações rápidas, o que favorece as retomadas, e tem uma programação de relações iniciais bastante curtas, para gerar boas arrancadas. Nota 8.
Estabilidade – O modelo é bastante neutro nas retas e a suspensão tem bom controle da carroceria nas curvas, com uma rolagem lateral bem discreta, por conta do acerto mais rígido. O modelo conta com diversos recursos de segurança, que não são muito invasivos. Nota 8.
Interatividade ‑ O City interfaces bem facilitadoras, como tela configurável no painel de instrumentos, central multimídia com espelhamento sem fio e sistemas de assistência à condução que não se impõem de forma bruta nem fazem escândalo. Os comandos estão nos locais tradicionais e facilitam as coisas desde o primeiro contato. Nota 9.
Consumo – O Inmetro aferiu um consumo entre 9,2 e 13,1 km/h na cidade e entre 10,5 e 15,2 km/l na estrada, dependendo da proporção de etanol e gasolina. Esses números renderam nota “A” na categoria e “B” no geral. A discrepância superior a 40% entre os dois combustíveis mostra claramente que os novos índices de emissões fazer a engenharia das marcas se preocuparem com acerta o motor para o uso de gasolina e tornam o etanol cada vez menos atraente. Nota 8.
Conforto – O habitáculo do City é amplo e bem aproveitado, com bom espaço para todos os ocupantes. Um ponto positivo do sedã japonês é a largura, maior que a geralmente encontrada em modelos compactos. Isso incrementa o conforto, principalmente no banco traseiro, no caso de um quinto passageiro estar presente. Os bancos dianteiros têm apoio para as costas em diversos pontos – parecido com o sistema Zero Gravity da Nissan –, o que distribui a pressão e reduz o cansaço. O nível de ruído no interior é baixo, compatível com as pretensões do modelo. Nota 9.
Tecnologia – Plataforma retrabalhada, motor reengenheirado e a adoção de diversos equipamentos tecnológicos. O novo City foi modernizado de forma completa, em relação à antiga geração, com recursos desejáveis – como central multimídia atualizada e painel de instrumentos digital – e outros recomendáveis – como o pacote Honda Sensing. Ele está entre os sedãs compactos melhor equipados. Nota 9.
Habitabilidade – O acesso ao interior é facilitado pela altura do modelo e pela boa abertura das portas. O porta-malas, que é uma espécie de fetiche no mercado de sedãs compactos, é dos maiores, com 519 litros de capacidade. Há três nichos para objetos no console central e compartimentos maiores sob o apoio de braços e na base das portas. Nota 8.
Acabamento – A unidade testada, na versão Touring, tinha acabamento em couro cinza claro nos bancos, nos puxadores das portas e em parte do console frontal. Este revestimento, além de elevar o nível de requinte no interior, cria um contrasta interessante com os plásticos usados nas demais superfícies. O design, no entanto, é bem conservador, sem muita personalidade, mas os encaixes são corretos e os materiais aparentam qualidade. Nota 8.
Design ‑ O visual externo do novo City lembra o do antigo Civic, com a grossa barra cromada, na qual a logomarca fica encrustada. Tem alguma elegância e sofisticação, mas se preocupa mais em não desagradar do que em apontar tendências. As linhas buscam valorizar as dimensões do modelo, para fazê-lo parecer maior e mais largo do que é. A linha de cintura bem marcada e a traseira, com lanternas 3D horizontais, também parece ampliar as dimensões do modelo. Nota 8.
Custo/benefício – O Honda City Touring a R$ 140.500 coloca o modelo no ponto mais alto do segmento – apenas a versão Highline do Volkswagen Virtus, a R$ 141.990, consegue ser mais cara. Ele é bem completo, mas é caro para o que oferece, se comparado a Onix Plus e HB20S com equipamentos semelhantes. Nota 6.
Total ‑ O Honda City Touring somou 81 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Boa aspiração
O Honda City é um sedã vistoso e imponente. Ainda mais na versão Touring, que se diferencia pelos faróis em led de nove gomos e pelo design das rodas. E se a ideia é trazer o antigo consumidor do Civic, está no caminho certo. Isso porque o novo visual moderno lembra um pouco a geração passada do sedã médio, o Civic 10, embora com muito menos ousadia. Isso também indica que o design, embora tenha abandonado o jeito conservador da geração anterior, não é exatamente uma novidade. Não gera rejeição, mas também dificilmente vai provocar paixão.
Uma das novidades mais valorizadas desse novo City são os recursos ADAS, de assistência avançada ao condutor, que inclui controle de cruzeiro adaptativo, frenagem autônoma, Lane Watch, com uma câmera que exibe a faixa da direita. Outros pontos de atração são a central multimídia com espelhamento sem cabo e painel digital, que dão um lustre tecnológico ao interior do modelo.
Saindo da aparência para a essência, o City oferece uma sensação ao volante de controle absoluto. Nas curvas, a suspensão de acerto firme impede as rolagens laterais e nas retas não há necessidade de correções. A direção é direta e o comportamento é extremamente neutro e previsível. Na cidade, em velocidades mais baixas, o modelo oferece um nível de conforto bastante alto. Isso se repetiria em ambiente rodoviário, o que não acontece por um detalhe: o aumento da rigidez da estrutura tornou mais presentes os ruídos e vibrações no interior. A Honda até instalou material fonoabsorvente adicional, mas assim o barulho na cabine incomoda um pouco.
O City apresenta uma dinâmica surpreendentemente boa. A surpresa vem do fato de trazer sob o capô um motor aspirado, aparentemente de conceito antigo. Na prática, porém, ele mostrou outra pegada. O câmbio CVT tem uma programação bastante inteligente, que compensa a tradicional falta de torque em baixa dos motores multiválvulas com a agilidade nas mudanças e amplitude das relações. O escalonamento é amplo e vai de relações muito curtas, para arrancadas, até muito longas, para ganhar em eficiência. O resultado é um sedã compacto de funcionamento suave, com ganhos de velocidade bem progressivos e bastante econômico no uso diário.
Ficha técnica
Honda City Touring sedã
Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.497 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote e comando variável de válvulas na admissão. Acelerador eletrônico e injeção direta de combustível.
Transmissão: Transmissão continuamente variável (CVT) com sete marchas pré-programadas e paddle shifts no volante. Tração dianteira. Controle eletrônico de tração de série.
Potência máxima: 126 cv a 6.200 rpm com gasolina e etanol.
Torque máximo: De 15,5 a 15,8 kgfm a 4.600 rpm com gasolina e etanol.
Diâmetro e curso: 73,0 mm X 89,4 mm. Taxa de compressão: 11,4:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson. Traseira por eixo de torção. Controle eletrônico de estabilidade.
Freios: Discos ventilados na frente e tambor atrás. Oferece ABS com EBD, com sistema de frenagem autônoma na versão.
Pneus: 185/55 R16, com monitoramento de pressão.
Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,55 metros de comprimento, 1,75 metro de largura, 1,48 metro de altura e 2,60 metros de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina de série.
Peso: 1.170 kg.
Capacidade do porta-malas: 519 litros.
Tanque de combustível: 44 litros.
Produção: Sumaré, São Paulo.
Preço: R$ 140.500.
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