Fórmula bem-sucedida
Versão Platinum Plus exibe os motivos para o hatch da Hyundai HB20 se dar bem no mercado
por Eduardo Rocha
Auto Press
“Mulheres têm seus cabelos e homens têm seus carros”. A frase é um tanto anacrônica (é dos anos 1960), pois nada impede que as mulheres tenham seus carros e os homens, seus cabelos. Mas o melhor desse axioma é a constatação de que há identificações entre pessoas e coisas que extrapolam a simples razão. Um bom exemplo é o fato de o design ser apontado nas pesquisas dos fabricantes como o segundo principal motivo para a escolha de um automóvel. Foi esse ponto que fez a Hyundai investir no face-lift de sua linha compacta HB20 menos de três anos após o lançamento da segunda geração do modelo. Em geral, esse mudança um pouco mais profunda ocorre entre o terceiro e quarto ano. Mas no caso havia no mercado um certo estranhamento por conta do visual do HB20, que seguia os parâmetros da Fase 1 do estilo Sensous Sportness, com aquele capô em cunha apontado para baixo. Na reestilização, em meados de 2022, o design evoluiu para a Fase 2, com a frente mais alta e chapada e a grade em trama de fractais. Na traseira, as lanternas ganharam linhas mais geométricas um uma barra reflexiva de ligação entre elas.
Em um mercado disputado como o brasileiro, que deve bater 1,8 milhão de automóveis este ano (2,2 milhões com os comerciais leves), ninguém abocanha 5% do total, ou quase 9 0 mil unidades/ano, apenas pelas belas linhas. O HB20 hatch é um modelo de amplo espectro, com preços que ficam entre R$ 86 mil e R$ 122 mil. Todos oferecem a mesma essência, como visual atraente, dinâmica equilibrada e bom espaço para a categoria. Mas, obviamente, a coisa vai melhorando conforme se some na escala das versões e chega ao máximo na versão avaliada, Platinum Plus, que é tabelada em R$ 123.290 (já incluídos aí os R$ 1.600 da pintura metálica). Na versão, a estética é incrementada por detalhes de acabamento, como a grade em preto brilhante, faróis de neblina, lanternas traseiras e luzes diurnas em led, faróis com projetores e rodas diamantadas, entre outros.
Mas além do visual, o HB20 Platinum Plus traz um completo arsenal de recursos tecnológicos, principalmente de sistemas avançados de assistência à condução, ADAS na sigla em inglês. Ele traz alerta de colisão frontal e de tráfego traseiro cruzado com frenagem autônoma com frenagem autônoma, alerta de ponto cego, farol alto adaptativo, centralizador de faixa de rolagem com esterçamento corretivo, controle de estabilidade e tração, assistência de partida em rampa e ABS com EBD. Outros recursos de segurança são alerta para desembarque seguro (que monitora a presença de veículos quando uma porta está sendo aberta), monitoramento de pressão dos pneus, detector de fadiga e alerta de presença no banco traseiro.
A versão Platinum Plus traz ainda diversos itens de requinte e conforto. Central multimídia com tela de 8 polegadas e espelhamento de smartphone sem fio, alarme, vidros e espelhos elétricos, espelhos externos eletricamente rebatíveis, chave presencial para travas e ignição, rodas em liga leve de 16 polegadas, painel digital com tela de TFT de 4,2 polegadas, carregador por indução, ar-condicionado digital automático, paddle shift, sistema start/stop e bancos revestidos parcialmente em couro sintético. O motor é o mais forte da gama: 1.0 turbo de três cilindros com injeção direta, que rende sempre 120 cv e 17,5 kgfm, seja com gasolina ou etanol. Ele recebe um câmbio automático de seis marchas (Fotos de Eduardo Rocha, Auto Press).
Ponto a ponto
Desempenho – O motor 1.0 TGDI, de 120 cv empurra o HB20 com bastante vigor. Com uma relação peso/potência, abaixo de 10 kg/cv, o hatch tem acelerações e retomadas fortes e um torque pleno já a 1.500 rpm de bons 17,5 kgfm – e se mantém nesse patamar até os 3.500 giros. O câmbio automático tem reações rápidas e conversa bem com o motor, tanto em regimes mais calmos quanto em tocadas mais esportivas. Nota 8.
Estabilidade – O HB20 tem uma suspensão bem balanceada entre estabilidade e conforto. Filtra as pequenas irregularidades, controla a rolagem lateral e também os mergulhos em frenagens mais intensas. Tem ainda uma boa capacidade de recuperar o equilíbrio após as manobras. O modelo agora tem controles de estabilidade e tração têm atuação pouco invasiva. Nota 8.
Interatividade – O HB20 traz uma grande quantidade de recursos interativos, principalmente na versão Platinum Plus, com como controle de ponto cego, alerta de colisão com frenagem autônoma, centralização na faixa de rolagem, farol adaptativo, alerta de tráfego cruzado e alerta de desembarque seguro. Faltou, porém, o controle de cruzeiro adaptativo. O sistema multimídia BlueMedia tem espelhamento sem fio e tela “touch” de 8 polegadas em mesma posição elevada. A versão conta com o aplicativo Bluelink, com funções remotas via celular como localização, acionamento do motor, destravamento das portas e acesso a informações do computador de bordo. Nota 9.
Consumo – Na aferição do InMetro do consumo do HB20 1.0 Turbo TGDI, acoplado a um câmbio automático de seis marchas, a ficou com médias de 8,6/10,2 km/l na cidade e 12,2/14,3 km/h na estrada, com etanol/gasolina. Não chegam a ser números que deem orgulho, mas pelo menos não têm uma discrepância tão grande no consumo de acordo com o combustível utilizado – como vem ocorrendo com outras marcas. Recebeu notas C categoria e B no geral. Nota 7.
Conforto – O novo HB20 aproveita bem a combinação de entre-eixos de 2,53 metros com uma boa altura da carroceria, de 1,47 metro. Mas trata-se de um hatch compacto, próprio para levar quatro viajantes em condições normais ou cinco em situações excepcionais. A suspensão é firme, mas agradável e o isolamento acústico é elogiável. Nota 8.
Tecnologia – A Hyundai caprichou no catálogo tecnológico do HB20 nas versões superiores, com recursos ADAS, itens de conforto e boa conectividade. Os motores não são novos, mas foram modernizados. O mesmo acontece com a plataforma, que foi retrabalhada para maior rigidez e ampliar o entre-eixos. Entre os compactos, rivaliza com o Chevrolet Onix em tecnologia. Nota 9.
Habitabilidade – A cabine traz alguns porta-objetos esperados, mas não se destaca nesse aspecto. O porta-malas do HB20 leva 300 litros de carga – ou 900 litros com o encosto traseiro rebatido. O espaço longitudinal é bom para a categoria, mas bancos, embora confortáveis, são muito finos, com pouca sustentação – o que se traduz em cansaço em trajetos mais longos. Os comandos são ergonômicos. Nota 8.
Acabamento – O revestimento dos bancos em tecido e couro da versão de topo dá um bom aspecto ao habitáculo do HB20. A montagem é de boa qualidade, mas os materiais adotados primam mais pela resistência que pelo requinte, com muito plástico rígido aparente. O design interno é simples e agradável. Nota 8.
Design – As linhas frontais do HB20 deixaram de ser polêmicas para se tornarem objetivamente atraentes. Como o modelo já tinha volumes e contornos bem equilibrados, houve um ganho expressivo com a nova cara. O interior se manteve praticamente inalterado – a versão avaliada, Platinum Plus, ganhou um painel totalmente digital. Nota 10.
Custo/benefício – O HB20 é um carro de amplo espectro. Tem versões a R$ 82 mil e também a R$ 122 mil. A topo de linha Platinum Plus não busca ser necessariamente um bom negócio, mas sim transmitir a ideia de requinte e tecnologia. Mesmo assim, se nivela aos rivais mais competitivos, como o Onix. Nota 8.
Total – A linha Hyundai HB20 somou 83 pontos em 100 possíveis.
Primeiras impressões
Equilíbrio de forças
A segunda geração do Hyundai HB20 sempre foi um hatch com comportamento interessante, com boa estabilidade, motorização consistente – principalmente com o 1.0 TGDI. Isso não mudou nessa segunda fase dessa segunda geração. O que mudou mesmo foi o visual e é uma mudança significativa em um mundo que valoriza cada vez mais a imagem. As linhas retas e os detalhes em preto que passaram a dominar a frente formam um conjunto moderno e atraente. O modelo também recebeu um incremento em tecnologia, com recursos como farol alto automático, alerta de saída de faixa e sistema de centralização na faixa e alerta para o desembarque de passageiros, que se somaram ao já existentes alerta de ponto cego, alerta de colisão frontal e de tráfego cruzado traseiro, estes dois últimos integrados com frenagem autônoma.
Uma vantagem dos sistemas adotados pela Hyundai é que eles não são escandalosos e são pouco impositivos. Um exemplo é o centralizador de faixa, que está desabilitado quando o carro é ligado e tem de ser intencionalmente acionado para funcionar. Este sistema movimenta o volante para corrigir a trajetória. Em condições de rodagem normais nas vias brasileiras, essa boa intenção pode muito bem atrapalhar na hora que o motorista tentar desviar de uma irregularidade na pista – para países com governantes incompetentes, seria interessante desenvolver um detector de buracos. A versão Platinum Plus traz revestimento parcial em couro nos bancos, que adiciona algum requinte ao habitáculo. A versão traz ainda ar-condicionado automático, painel digital e central multimídia com espelhamento sem fio e tela touch de 8 polegadas.
Na parte dinâmica, não houve mudanças. A plataforma tem rigidez suficiente para sustentar até um uso mais agressivo. Em sequências de curvas, por exemplo, ele mostra rápida recuperação do equilíbrio e pouco tendência à rolagem lateral. A suspensão é firme, mas não pode ser definida como rígida. O mérito aqui é que o fato de ter estabilidade digna de um hot hatch, o conforto dos passageiros não é afetado de forma dramática.
Chama a atenção também a agilidade do câmbio automático, tanto para entender a marcha certa em cada situação quanto para aceitar os comandos na alavanca ou nos paddle shifts – dentro dos parâmetros de rotações, é claro. O bloco apimentado com turbo com intercooler e injeção direta, que rende 120 cv de potência e 17,5 kgfm de torque plano entre 1.500 e 3500 giros, deixa o modelo ágil e rápido, com boas arrancadas e as retomadas. Mas a Hyundai não aplica um mapeamento de motor muito agressivo, tanto que o zero a 100 km/h é cumprido em comportados 10,7 segundos. A máxima fica em 191 km/h.
Ficha técnica
HB20 Platinum Plus 1.0 Turbo GDI
Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, em alumínio, 998 cm³, com três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, duplo comando no cabeçote e comando variável na admissão e escape. Turbocompressor com intercooler, acelerador eletrônico e injeção direta de combustível.
Transmissão: Câmbio automático com seis marchas à frente e uma a ré com paddle shifts no volante. Tração dianteira. Possui controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 120 cv a 6 mil rpm com etanol/gasolina.
Aceleração zero a 100 km/h: 10,7 segundos.
Velocidade máxima: 190 km/h (191 km/h).
Torque máximo: 17,5 kgfm entre 1.500 e 3.500 rpm.
Diâmetro e curso: 71 mm X 84 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson. Traseira por eixo de torção com barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade na versão.
Freios: Discos ventilados na frente e tambor na traseira.
Pneus: 195/55 R16.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares, com 4,02 metros de comprimento, 1,72 m de largura, 1,47 m de altura e 2,53 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortinha de série.
Peso: 1.110 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 300 litros, com 930 litros com o banco rebatido.
Tanque de combustível: 50 litros.
Produção: Piracicaba, São Paulo.
Preço: R$ 121.690.
Preço do modelo avaliado: R$ 123.290.
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