O valor da tradição
iX3 combina duas expertises da BMW: mobilidade elétrica e comportamento dinâmico impecável
por Maurício Juarez
Autocosmos.com/México
Exclusivo no Brasil para Auto Press
Para a BMW, a mobilidade elétrica não é uma coisa nova. A marca, aliás, foi uma das primeiras a responder a esta tendência, com modelos icônicos como o i3 e i8. Alguns anos depois, a fabricante até têm uma oferta muito completa em quase todos os segmentos, incluindo SUVs, onde seu sempre popular X3 ganhou uma versão. Literalmente, o iX3 traz exatamente tudo o que há de bom em um X3 em formato elétrico.
De fato, os carros elétricos da BMW não tentam ser disruptivos, ao contrário de muitas outras marcas, que fazem designs específicos para tentar gritar para o mundo que se trata de um carro sem motor a combustão. Já a montadora alemã pega seus modelos a combustão e dá toques muito específicos para marcar as diferenças. No caso deste iX3 é a grade fechada e os detalhes azuis nos para-choques e rodas – além das inscrições I. Ele ainda mantém os faróis e outros elementos de design característicos de todos os seus produtos.
A versão do iX3 avaliada é a M Sport, vendida no Brasil por valores a partir de R$ 500.950. O modelo foi lançado em 2020, no face-lift de meia-vida do X3 para a linha 2021, e por isso mesmo terá uma vida mais curta que os sete anos que os modelos da marca costumam ter. Um novo X3, e consequentemente iX3, é esperado para no final de 2024, como modelo 2025.
O SUV passa a impressão de ser maior do que é. A rigor, ele se classifica como um SUV médio, com 4,73 metros de comprimento, 1,89 m de largura, 1,67 m de altura e 2,86 m de entre-eixos. O porta-malas, com abertura elétrica, comporta 510 litros (1.560 litros com os bancos traseiros rebatidos) e o peso total é de 2.185 kg. Por fora, chamam a atenção detalhes como faróis e lanternas em led, ki aerodinâmico, teto panorâmico e rodas de 19 polegadas.
Por dentro o BMW iX3 traz espaço no mesmo nível do X3 tradicional, apesar dos elementos mecânicos diferentes, como a bateria montada no chão, que se reflete na posição mais alta dos pés. No final, o modelo oferece a experiência típica de um BMW, embora, claro, este modelo já mostra sinais da proximidade de mudança de geração. Materiais, isolamento acústico e percepção de qualidade estão, no entanto, intactas. Ele conta com uma central multimídia com tela central de 12,3 polegadas, compatível com Apple CarPlay e Android Auto sem fio. O sistema operacional 7.0 da marca ainda é rápido, fácil de entender e com muitas opções de exibição e personalização.
O painel de instrumentos digital também tem 12,3 polegadas e todos o arsenal de equipamentos de conforto estão presentes: ar-condicionado automático de três zonas, navegação em tempo real, bancos dianteiros com aquecimento e ajuste elétrico – com memória para o do motorista –, carregador por indução e seletor de modo de condução. Não falta nada de essencial.
Em relação à segurança, a BMW escolheu uma especificação com elementos essenciais como os seis airbags, controle eletrônico de estabilidade e freios ABS, mas também traz como equipamentos de série estacionamento autônomo, assistente de marcha à ré, monitor de ponto cego, controle de cruzeiro adaptativo, manutenção de faixa, frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres e até monitoramento da pressão dos pneus.
O iX3 mostra que a BMW pode colocar tudo o que sabe fazer em termos de tecnologia e dirigibilidade em um SUV elétrico, que, embora não seja tão empolgante e direto quanto um modelo a combustão tradicional, ainda tem a dirigibilidade que destaca os carros da marca. É cheio de confortos e luxos que não deixam margem para reclamações, apesar de já ter um tempo de mercado que o deixa em um nível abaixo dos modelos mais recentes.
Impressões ao dirigir
Virtudes dinâmicas
O BMW iX3 baseia-se na estrutura conhecida e bem desenvolvida do X3. O foco, no entanto, muda um pouco: em vez de se concentrar numa certa esportividade, valoriza mais o conforto. No entanto, apresenta um grau de condução capaz de satisfazer os consumidores da marca. Ainda assim, há algumas diferenças perceptíveis. Antes de mais nada, é preciso deixar claro que o ajuste da suspensão parece um pouco mais suave para lidar com o peso extra do SUV elétrico. Por esse motivo, as molas permitem um pouco mais de rolagem da carroceria.
Felizmente, o trabalho de estabilização e absorção de irregularidades na estrada é tão bom que o modelo está sempre bem plantado no asfalto, dá confiança a quem conduz e, acima de tudo, reage rapidamente a qualquer comando. Talvez não seja tão envolvente quanto um modelo a combustão, mas tem o tempo de reação de um BMW. A direção não é nada comunicativa, mas é muito rápida tanto no modo Eco quanto no modo Sport. Além disso, com o seletor de modo de condução pode-se alterar o peso percebido no volante.
Ao frear, o iX3 consegue fazer uma transição quase imperceptível entre a frenagem regenerativa e a entrada do freio a disco. Ao mesmo tempo, recupera um pouco de energia, por isso é fácil manter bons níveis de carga, pelo menos em ambiente urbano. O iX3 traz sempre o mesmo trem de força, que é não dos mais agressivos da marca. Trata-se de um único motor elétrico que envia sua potência para o eixo traseiro e entrega 286 cv e 40,8 kgfm de torque. Com esses números, ele é capaz de fazer de zero a 100 km/h em 6,8 segundos, com máxima controlada de 180 km/h.
O modelo traz uma bateria de 80 kWh que, segundo o InMetro, permite uma autonomia de 381 km. Em termos mais realistas, vai ser maior que isso em ciclo urbano e menor em estrada. Esta autonomia não chega a surpreender, mesmo considerando a idade do projeto. Ainda hoje, o iX3 é um dos melhores elétricos do mercado. Mas o tempo não para. Como deixou claro a provável nova geração, apresentada como conceito com o Neue Klasse X.
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