Scenic em novo cenário
Eduardo Rocha
Scenic em novo cenário

Elétrico com fôlego

Scenic muda de vocação e assume a vanguarda em design e autonomia nos elétricos da Renault

por Alessio Sanavio

Infomotori.com/Itália

Exclusivo no Brasil para Auto Press

O Scenic sempre foi um carro inovador. Na era dos monovolumes, foi iniciada pela própria Renault, com a minivan Espace, em 1984, mas a grande popularização do conceito ocorreu apenas em 1996, quando a marca francesa inventou o segmento de minivans médias. A partir daí, todas as marcas generalistas investiram no segmento. No Brasil, a Scénic (na época, ainda tinha acento) inaugurou tanto o segmento no país como a fábrica da marca no Paraná, em 1998. No Brasil, o segmento simplesmente morreu, mas na Europa ainda resiste. A Scenic, no entanto, abandou esse barco e ainda passou por uma transformação radical. A quinta geração do modelo, além de adotar linhas de SUV/crossover, passa a ser oferecida apenas em versões elétricas.

A Renault Scenic E-Tech Electric, é construída na plataforma CMF-EV, ou Common Modular Family Eletric Vehicle, desenvolvida pelo grupo Renault e já adota, por exemplo, pelo Mégane E-Tech . A Scenic, no entanto, oferece na versão de topo uma autonomia de 620 km no ciclo WLTP, equivalente a 440 km no sistema do InMetro – graças à bateria de íons de lítio de 87 kWh, contra a de 60 kWh do Megane. O novo Scenic é também maior que o Megane, com 25 cm a mais no comprimento, com 4,45 metros, e 10 cm no entre-eixos, com 2,78 metros. Já o motor é exatamente o mesmo, de 220 cv, conectado com as rodas dianteiras. Na versão com bateria de 60 kWh, a autonomia cai para 420 km (ou 337 km no InMetro).

Um ponto que realmente destaca o Scenic é o design, que fica passo à frente em relação ao Megane. A frente é caracterizada por um sistema de iluminação inovador, em que as luzes de posição são integradas nas laterais enquanto os faróis altos, equipados com tecnologia de matriz de led, ficam na seção superior. Entre os conjuntos óticos, uma elegante grade elegantemente fechada. com acabamento em dois tons. O radar de distância se mistura ao logotipo da Renault, dando à dianteira um visual cheio de personalidade.

O sistema de refrigeração do compartimento elétrico é integrado à parte inferior do para-choque, destacando a atenção da marca à funcionalidade, sem sacrificar a estética. As rodas de 20 polegadas são complementadas pelo sistema de travagem com discos de ferro fundido e pinças de alumínio. Sob o capô, o compartimento elétrico traz o inversor posicionado na parte superior, ocupando o mesmo espaço que seria feito por um motor tradicional. Essa configuração foi claramente uma escolha de design, mas não chega a acarretar um grande prejuízo, já o porta-malas é generoso, com 545 litros.

O interior do Scenic explicita a atenção da Renault aos detalhes: desde os materiais dos estofados, que combinam robustez e estética, até os acabamentos que adotam tons escuros, tudo cria um ambiente acolhedor e requintado. O painel apresenta elementos de plástico de boa qualidade, destacados por uma elegante faixa de alumínio com iluminação led integrada, que se estende até o console central, gerando uma sensação moderna e tecnológica. A posição elevada do painel, enriquecida pelas saídas de ar integradas, não só melhora a ergonomia, mas também enfatiza a sensação de amplitude da cabine.

Outro aspecto positivo é a incorporação de uma central multimídia baseada no Android Auto nativo, do Google, com mecanismos aos quais a grande maioria dos consumidores já estão familiarizados. Este sistema, embora ofereça espaço para evoluções, já traz uma ampla gama de aplicativos de conectividade e entretenimento, capaz de dispensar a necessidade de interação direta com o smartphone ‑ a compatibilidade é com dispositivos Apple e Android. Além das funções de entretenimento, a central multimídia permite a personalização da experiência de condução através de diferentes modos selecionáveis, como conforto, esportivo e pessoal, bem como o ajuste da qualidade do ar interior. Por ali também se pode monitorar e gerenciar a energia da bateria, programar tempos de carregamento e ajustar o nível máximo de carga. Além disso, alavancas no volante funcionam como paddle shifts, que em vez de controlar as marchas (ele tem uma só), permitem ajustar o nível de recuperação de energia, através da maior ação dos freios regenerativos.

Apesar de ser extremamente tecnológico, a Renault preferiu manter muitos controles físicos. Por exemplo: o volante tem 14 botões, além de quatro alavancas. O Scenic traz ainda uma tecnologia para o teto solar panorâmico que varia a transparência do vidro, o que não só dá um toque tecnológico como também aumenta o conforto luminoso dos ocupantes. Essa espécie de cortina digital, no entanto, acrescenta 1.500 euros (R$ 8.400) ao preço do carro, que custa, sem opcionais, entre 38 mil e 48.500 euros (entre R$ 211 mil e R$ 270 mil).

O Scenic foi projetado para a praticidade do dia a dia, com compartimentos e gavetas bem posicionados. Em termos de espaço, a traseira oferece uma área confortável, embora com uma posição vertical e ligeiramente elevada em comparação com os carros tradicionais. Traz ainda vários bolsos de arrumação e um sistema de ar-condicionado dedicado aos passageiros traseiros, sem esquecer a ausência do túnel central, o que aumenta o conforto para quem se senta atrás (Fotos de divulgação).

Impressões ao dirigir

Opção pelo racional

A Renault conseguiu um bom equilíbrio nas características de condução do Scenic. O peso inerente a um veículo elétrico e o baixo centro de gravidade criam um padrão alto de estabilidade, permitem uma rolagem de carroceria quase desprezível. E com o motor de 220 cv, a experiência de condução se torna agradável e segura. Embora não se possa falar em desempenho esportivo, o modelo se tem tudo para satisfazer quem procura um carro agradável de dirigir, com boa aderência à estrada e consumo de energia otimizado.

Graças a essa arquitetura elétrica, a experiência de condução é suave, quase como se o veículo estivesse em trilhos. Em um contexto que o peso de cerca de 1800 quilos parece elevado, no mundo dos carros elétricos é relativamente baixo, considerando o tamanho de uma bateria de 87 kWh. A autonomia elevada coloca a Renault como concorrente de modelos bem mais caros.

Em um percurso de três horas, foi possível constatar que o Renault Scenic E-Tech Electric tem vigor o tempo todo e uma aceleração forte. O itinerário oferecia uma variedade de cenários: do asfalto da cidade congestionada, passando por trechos das autoestradas, até chegar às curvas de estradas montanhosas. Em todos estes ambientes, o Scenic demonstrou uma eficiência energética notável. Mesmo com um estilo de pilotagem exigente.

O Scenic mostrou que é capaz de proporcionar uma experiência de condução completa e se torna uma escolha interessante e atraente para quem procura um carro elétrico sem sacrificar o prazer de condução. Mesmo em se tratando de um veículo com um único motor dianteiro – o que por um lado garante leveza e simplicidade, por outro lado, limita o potencial dinâmico oferecido por uma tração integral.

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