A próxima L 200
Eduardo Rocha
A próxima L 200

Tempo de evoluir

Apresentada no Deserto do Atacama, sexta geração da Mitsubishi L200 Triton ainda é uma miragem no Brasil

com Jorge Beher

Autocosmos.com/Chile

Exclusivo no Brasil para Auto Press

Veículos comerciais, como furgões e picapes, têm ciclos de vida muito diferentes dos automóveis de passeio. Isso ocorre principalmente porque são veículos de trabalho e são menos renovados, a fim de manter maior confiabilidade e estabilidade nos ambientes de trabalho. A quinta geração do Mitsubishi L200, ficou no mercado por quase 10 anos, entre 2014 e 2023 No Brasil, o modelo mantém consistentemente um atraso de dois anos em relação a outros mercados. Só foi lançado em 2016 e somente no final de 2020 recebeu o face-lift apresentado mundialmente em 2018.

Essa tradição de defasagem tem a ver com a baixa capacidade de investimentos da empresa representante da marca, HPE Automotores. O mesmo atraso deve ocorrer também em relação a esta sexta geração, que só deve chegar no Brasil para a linha 2026 ou 2027. Até lá, o modelo deve manter as características às quais os consumidores da picape se habituaram. Mas só é possível avaliar as carências quando se entra em contato com uma nova geração e se percebe que as opiniões sobre o modelo não envelheceram tão bem.

A L200 da geração passada teve um papel importante no mercado chileno, principalmente por conta do uso em trabalhos de mineração. E a Mitsubishi sabe tão bem disso que, para desenvolver essa sexta geração, enviou vários engenheiros do Japão para as minas no Chile, a fim de estudar as melhorias necessárias para essa geração. Entre as modificações, houve um reposicionamento dos sensores ABS, realocação do alternador, motor mais potente, melhorias no sistema de filtro de particulados do diesel.

A sexta geração da Triton também ganhou um chassi novo, mais rígido ‑ e que os executivos da marca juram não ter nada a ver com o da Frontier, da parceira Nissan na Aliança que ainda inclui a Renault. O padrão de segurança também ficou mais alto, com a adoção de sete airbags de série. Esse, aliás, é um ponto crítico em relação à quinta geração, que obteve zero estrelas para adultos e duas estrelas para crianças no teste da Latin NCap.

Por dentro, a Triton de sexta geração também passou por um processo de refinamento, incluindo botões e maçanetas maiores, pedais com maior distância entre eles, direção elétrica, sistema multimídia de fábrica, mais espaço na segunda fileira e encosto rebatível bancos traseiros para dar acesso a um bom porta-volumes.

A calibração da suspensão também foi bastante alterada. O modelo manteve a capacidade de carga de até uma tonelada, mas foi feito um trabalho para tornar as suspensões mais macias. Junto com a maior rigidez do chassi, que é mais largo e longo, consegue-se uma suspensão mais capaz, que amortece solavancos e pedras de forma mais contida.

Tudo isso aparece em uma nova embalagem, com a típica renovação de design que uma nova geração exige. As alterações trazem muitos elementos modernos que deixam a antiga L200 no passado. O interior ficou mais próximo ao de um SUV, mas o estilo não é dos mais afiados. De qualquer forma, não deixa de ser positivo ultrapassar as linhas de gosto duvidoso como as ostentadas pela quinta geração.

Sob o capô, o modelo traz no Chile o motor Super High Power, a variante biturbo do motor da família 4N1, mais especificamente, 4N16. Esse propulsor chega a 201 cv de potência e 48,4 kgfm de torque. No Brasil, a tendência é usar o mesmo motor atual, 4N15 Mivec, que rende 190 cv e 43,9 kgfm, com turbo simples. O 4N16 tem menos turbo lag e permite arrancadas mais agressivas, com menos atraso nas acelerações e uma faixa de torque mais plana e pungente, já em baixas rotações. Para acompanhar o motor mais forte, a conhecida tração Super Select 4WD II, com 4X2, 4X4 e 4X4 reduzida, com bloqueio do diferencial traseiro.

Primeiras impressões

Ganho de precisão

A maior melhora dessa nova L200 é sua dirigibilidade, principalmente dada por sua direção eletricamente assistida com relação variável. Em geral, as direções elétricas produzem uma sensação muito sintética, mas sendo um veículo de trabalho, a Mitsubishi o isolou as rodas da direção apenas o suficiente para que não se tenha de lutar com o volante quando se depara com uma estrada muito irregular.

Isso acaba tornando a picape mais confortável e precisa, além de evitar o estresse e o cansaço após longas horas de condução. O novo motor também tem um comportamento mais convincente. A antiga geração costuma se afogar no uso de lugares mais altos – sintoma pouco aplicável no Brasil.

Agora isso não acontece e o modelo se mostra mais vigoroso, com uma maior linearidade em velocidades de estrada. A sensação é que a picape está pronta para tudo e, embora não seja a mais refinada ou a mais potente, é a que consegue aliar de forma equilibrada recursos modernos com uma robustez mais tradicional.

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