Forma e função com diversão
Porsche 911 GT3 tem dinâmica magistralmente gerida para seduzir
por Marcelo Palomino
Autocosmos.com/Chile
Exclusivo no Brasil para Auto Press
A versão GT3 é, ao lado da variante GT3 RS, a mais esportiva da geração 992, a oitava da gama 911 da Porsche. E traz um conceito radicalmente diferente da linha de esportivos. Para começar, não usa um motor turbo como todas as demais versões do 911. Ele é equipado com um motor com configuração boxer com seis cilindros naturalmente aspirados. São 4.0 litros que geram 510 cv de potência e 47,9 de kgfm de torque a 6.100 rpm. O propulsor é gerido pela famigerada transmissão PDK, com dupla embreagem e sete velocidades, com tração exclusivamente no eixo traseiro. A marca indica que ele pode chegar a 318 km/h e acelerar de zero a 100 km/h em 3,4 segundos.
A versão traz também mudanças importantes nos componentes mecânicos. Como o fato de importar a suspensão dianteira de triângulo duplo sobrepostos do protótipo GT3 RSR de corrida, no lugar do sistema McPherson normalmente utilizado em um 911. De acordo com a marca, esse esquema diminui as forças transversais nos amortecedores e melhora o alinhamento da roda em todos os momentos. Além disso, eles têm um ajuste mais rígido, que diminui ainda mais a rolagem.
O 911 GT3 também possui eixo traseiro direcional para melhorar a estabilidade em alta velocidade. Para adotar esse sistema, a suspensão multilink teve de ser totalmente reprojetada. Outro incremento foi nos freios, que ganhou discos ventilados maiores ao mesmo tempo mais leves. Agora têm 408 mm na frente e 380 mm atrás. As rodas também foram redesenhadas para ficarem mais leves e são calçadas por pneus 255/35 ZR20 no eixo dianteiro e 315/30 ZR21 na traseira.
Em relação à estética, o GT3 ganhou alguns detalhes que deixou o conjunto mais agressivo, com os elementos aerodinâmicos expostos. Algumas alterações também buscaram reduzir o peso, usando fibra de carbono em vários componentes, como o capô, os aerofólios e, opcionalmente, o teto. A Porsche indica que este novo 911 GT3 produz 50% mais downforce do que o GT3 antecessor.
Por dentro temos os recursos habituais de um 911 GT3: uma mistura de conforto e elegância, com reforços no conceito de esportividade. Por exemplo, os bancos são estofados em couro e têm regulagens elétricas, mas trazem o logotipo GT3 bordado no encosto de cabeça. O habitáculo é quase vestido pelo condutor, como em um esportivo tradicional, mas tem vários nichos para deixar objetos. A tela principal da central multimídia fica centralizada no console, mas são mantidos os cinco relógios, com instrumentos específicos, diante do condutor. Caso do conta-giros analógico com faixa vermelha em 9 mil rpm. E a alavanca de câmbio é mais longa, para aproximá-la do piloto e facilitar o uso.
Impressões ao dirigir
Sem concessões
O GT3 é conceitualmente diferente do resto da linha 911. Em geral, a gama, desde o Carrera até o Turbo S, são carros esportivos fabulosos para uso diário, oferecidos com mais ou menos potência, mas sempre amigáveis. Já o GT3 é um carro esportivo puro e duro, que não alivia em relação à praticidade, com uma usabilidade no dia a dia mais penosa. Devido à configuração extrema, não confortável para usar na cidade, muito menos em pavimentos irregulares (talvez possa funcionar na Alemanha). Também é altamente exigente com o motorista, gerando fadiga física e mental após poucas horas de uso.
No entanto, é a experiência condutora mais intensa que você pode ter em um circuito ou em estradas de montanha. É um carro que gera sensações muito mecânicas e esportivas, algo em extinção nesta era de eletrônica desenfreada. A suspensão não é apenas firme, mas é dura a ponto de repassar cada golpe provocado pela pista. O volante também transmite todas as imperfeições do asfalto.
O acesso é dificultado pela altura do assento e a largura da soleira. O isolamento acústico segue a mesma lógica: os ruídos do motor e de rolamento formam uma trilha sonora dentro do carro. Agora, todas essas limitações são rapidamente recompensadas assim que se toca o acelerador. Quanto mais rápido, melhor o 911 GT3 se comporta, agarra mais nas curvas e fica mais ágil. O motor é excepcional e o câmbio extrai tudo que ele pode oferecer. Quando o acelerador é pisado até o fundo, o corpo é comprimido contra o encosto. Não como um soco, mas com uma aceleração uniforme, progressiva e constante.
O trabalho aerodinâmico é extraordinário e a aderência que oferece nas curvas é incrível. A direção é tão direta que é fácil virar demais nas entradas de curva. Mesmo assim, apesar de motor e tração serem traseiros, o esportivo não apresenta qualquer tendência de sobresterço. No fim das contas, o 911 GT3 é um esportivo com manuseio excelente. Vem ficando cada vez mais tecnológico, o que o torna muito indulgente para condutores menos experientes, mas ainda transmite uma sensação mecânica típica dos carros esportivos de antigamente.
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