Clássico retrofuturista
Eduardo Rocha
Clássico retrofuturista

Mini da nova geração

Novo Mini Cooper S, confirmado para o Brasil, mantém conceito estético a ganha em dinâmica

por Alessio Sanavio

Infomotori.com/Itália

Exclusivo no Brasil para Auto Press

A fase moderna dos Mini começou no último ano do segundo milênio, já sob o controle da BMW. Ou seja: há um quarto de século. E desde lá até agora, com a chegada da quarta geração do carro-chefe Cooper, se mantém como um símbolo de inovação e estilo. Já na geração passada, lançada em 2017, a gama inclui modelos totalmente elétricos, como o Mini Electric, que combina a lendária agilidade, o design distinto do Mini e uma motorização de emissão zero.

Nessa renovação, hatch chega com visual e plataformas novos, incialmente apenas nas versões de duas portas, com as mesmas motorizações: duas elétricas, com 184 cv, na versão E, e 218 cv, na versão SE. Há ainda duas motorizações endotérmicas, com 156 cv, na versão C, e 204 cv, na versão S. Exatamente esta última, a S, que acaba de ser confirmada pela BMW para chegar no Brasil ainda no segundo semestre desse ano. A elétrica SE ainda não foi confirmada, mas deve chegar na sequência.

Na Europa, o novo Mini Cooper está vendo vendido por valores a partir de 29.500 euros (R$ R$ 166 mil), na versão C, que não será importada para o Brasil. Já a versão S começa em 33.500 euros (R$ 188 mil) e pode passar dos 42 mil euros (R$ 236 mil), dependendo dos acabamentos. Já as versões elétricas começam em 34 mil euros (R$ 191 mil), na versão E, e passam dos 47 mil euros (R$ 264 mil, na esportiva JCW. A SE, que deve ser a versão trazida para o Brasil, começa em 38 mil euros (R$ 214 mil). Por conta da chegada próxima da quarta geração, os modelos atuais vendidos no Brasil entraram em liquidação. O elétrico SE custava R$ 287.990 e agora sai a R$ 229.990. Já o preço do Cooper S de duas portas caiu de R$ 278.100 para R$ 249.990.

O design da nova geração do Mini sofreu uma grande evolução, com uma abordagem que visa reduzir tanto o interior como o exterior ao essencial. Esta filosofia de simplicidade busca recuperar um pouco o espírito do clássico Mini de 1959. Ao mesmo tempo, incorpora modernas tecnologias de assistências avançadas ao condutor, ADAS, e maior eficiência no consumo. Essa referência ao passado, mas com olhos no futuro, é a principal característica do novo design do Mini Cooper. A produção continua fortemente enraizada na fábrica de Oxford, Inglaterra, onde a nova geração do Mini acaba de chegar ao mercado.

As novas linhas recuperam um pouco as proporções da versão antiga original, de 1959, mas não as dimensões. O Cooper de duas portas ganhou 3 cm no entre-eixos, que agora é 2,53 metros, 4 cm no comprimento, com 3,86 m, 4 cm na largura, com 1,76 m, e 5 cm na altura, com 1,46 cm. A frente traz uma imponente grade frontal, com uma moldura que pode ser prateada, como na versão S, ou em preto brilhante, a futura configuração esportiva JCW. Essa grade é cortada por uma grossa barra na cor do veículo, que empresta carisma e personalidade ao modelo, em um arranjo não muito diferente da geração anterior. Os faróis também mantiveram o formato ovalado contornado por um anel de led, mas agora traz duas linhas de led retas no interior.

De perfil, foi mantida a área envidraçada cobrindo a coluna central e as demais colunas com um revestimento em preto brilhante. Com isso, o teto de cor diferente preserva o aspecto de flutuante. Em todo o contorno inferior há saias em preto fosco, que fazem parecer que as rodas de 18 polegadas são ainda maiores. Uma mudança mais marcante ocorreu na traseira. As lanternas perderam o clássico contorno oval e assumem um formado triangular, ainda como referência à bandeira britânica, inclusive pelo arranjo dos leds, em losango ou retângulos, para reforçar a alusão à Jack Union, só que de forma mais sutil. A definição de quais leds vão cumprir cada função pode ser personalizada. As lanternas são conectadas por uma barra com acabamento em preto brilhante e o para-choque ficou menos proeminente.

Toda a nova gama do Mini Cooper (por enquanto, apenas na versão de duas portas) teve um aumento no conteúdo padrão, com recursos avançados, como transmissão automática e navegação nativa ‑ pelo menos por enquanto, não há mais opção de câmbio manual, que vinha sendo preterido pelos consumidores da marca. Na parte de equipagem, o novo Mini traz um verdadeiro ecossistema digital integrado, composto por vários recursos avançados. O interior reflete o conceito de simplicidade carismática, com o uso de materiais reciclados e uma grande tela circular que serve como centro de controle. O display OLED no centro do console frontal é flutuante e tem 24 cm de diâmetro. Ele atua tanto como monitor da central multimídia quanto painel de instrumentos. Por essa tela, são gerenciadas todas as personalizações e recursos do veículo.

Os demais comandos são minimalistas, com apenas os controles essenciais para ignição, freio de estacionamento, câmbio e seleção de modo de condução. A maior parte das funções pode ser controlada pelo volante multifuncional. São três modos de condução personalizáveis: Eco, Classic, Go-Kart, capazes de modificar a experiência de condução de acordo com o utilizador. A segurança é garantida por 20 sensores, radar dianteiro e câmera, que permitem funções avançadas de assistência ao motorista e estacionamento. O novo design de som, com curadoria de Renzo Vitale, oferece quatro sons de condução personalizados e 30 sons de alerta.

Primeiras impressões

Estética e tecnologia

O novo Mini Cooper S traz uma mistura tradição e inovação, enriquecido com recursos avançados como controle eletrônico de suspensão, transmissão Sport de dupla embreagem de 7 marchas e freios superdimensionados. Os destaques incluem condução autônoma de nível 2, head-up display, banco do motorista com função de massagem e teto solar panorâmico de duas peças. Apesar da riqueza de acessórios, dinamicamente ele continua ágil e preciso, com direção progressiva e menos nervosa do que no passado.

O motor de 204 cv – 12 cv a mais que na geração anterior – é vigoroso, mas ainda assim entrega potência de forma muito refinada e tratável, o que melhorou o desempenho geral. A configuração de suspensão é rígida e se torna inflexível no modo Go-Kart, especialmente com opcional de amortecedores controlados eletronicamente. A estabilidade na estrada é excelente, mas a sensibilidade a superfícies irregulares pode induzir o condutor a desacelerar e ficar incômodo demais para o uso diário.

A caixa de velocidades de dupla embreagem é rápida, mas não a ponto de extrair tudo do motor, mesmo com o tranco deliberado no modo Go-Kart para enfatizar as trocas. O som do motor de quatro cilindros é agradável e bem equilibrado, talvez um pouco sufocado pelas novas tecnologias antipoluição, mas oferece uma boa experiência acústica sem ser intrusivo. O consumo de combustível varia consideravelmente de acordo com o estilo de condução e o modo selecionado. A média prometida é de 19,1 km/l no modo ecológico e até 10 km/l no modo desportivo.

O (re)nascimento de um ícone

A história da Mini é uma das mais fascinantes e icônicas do mundo automotivo. Desde seu início humilde, como uma solução econômica para a mobilidade urbana na década de 1950, o Mini evoluiu para um ícone de estilo e inovação, apreciado em todo o mundo. Essa jornada abrange décadas de mudanças tecnológicas, culturais e estilísticas. O projeto Mini nasceu no final da década de 1950, em um pós-guerra em que todos os países europeus apostavam no mercado de carros populares para tonificar a indústria. Dessa mesma época são o Citroën 2 CV e Renault 4 na França, Fiat 500 e 600 na Itália e o Volkswagen Fusca na Alemanha.

A British Motor Corporation (BMC) contratou o engenheiro Alec Issigonis para projetar um carro pequeno, econômico e barato. O resultado foi o Morris Mini Minor, lançado em 1959. Este modelo, conhecido simplesmente como Mini, revolucionou o conceito do automóvel com seu design inovador. O Mini apresentava um motor transversal e tração dianteira, uma configuração que maximizava o espaço interior apesar do seu tamanho compacto – com 3,05 metros de comprimento e 2,04 m de entre-eixos, com 1,35 m de altura e 1,41 m de largura. A agilidade e facilidade de estacionamento o tornaram imediatamente popular entre os moradores das cidades, mas foi sua robustez e versatilidade que conquistaram admiradores.

Na década de 1960, o Mini se tornou um símbolo da cultura pop britânica, amado por celebridades como Beatles e Peter Sellers. Mas foi no mundo das corridas que o Mini deixou uma marca indelével. O Mini Cooper, uma versão de alto desempenho desenvolvida em colaboração com John Cooper, venceu o Rali de Monte Carlo em 1964, 1965 e 1967. Essas vitórias estabeleceram o Mini como um carro de desempenho surpreendente. Na década de 1980, o Mini começou a sofrer devido à concorrência e às crescentes exigências de segurança e conforto. No entanto, seu apelo nostálgico permaneceu intacto, levando a uma série de edições especiais e reedições. O ano de 1980 marcou também o início de uma nova fase com a aquisição da BMC pelo Grupo Rover, que continuou a produzir o Mini até o final do milênio.

No final da década de 1990, a BMW comprou o Grupo Rover, incluindo a marca Mini. A fabricante alemã viu o potencial para um renascimento do Mini como um carro premium compacto, combinando seu design clássico com tecnologia moderna. Em 2001, a BMW lançou o novo Mini, que manteve referências estéticas do icônico modelo original, mas com uma construção totalmente nova e tecnologias avançadas. O novo Mini teve um sucesso instantâneo, graças à sua mistura de estilo retrô e desempenho moderno. Logo se tornou uma escolha popular entre os jovens profissionais urbanos, representando uma mistura perfeita de praticidade e estilo. A gama Mini expandiu-se nos anos seguintes, incluindo variantes como Cabrio, Clubman e Countryman, que mantiveram o espírito original, mas com maior versatilidade.

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