Tradição na alma
BMW X1 atrai pelo design e equipamentos, mas é ainda melhor em movimento
por Marcelo Palomino
Autocosmos.com/Chile
Exclusivo no Brasil para Auto Press
Em meados de fevereiro passado, a BMW apresentou no Brasil a terceira geração do X1, com nome-código U11. O menor SUV da marca, que prefere definir como SAV, chegou renovado em tecnologia, mecânica e equipamentos em duas versões, sDrive18i, com 156 cv e 24,5 kgfm, e sDrive20i, com 204 cv e 32,6 kgfm, sendo que a mais forte tem duas configurações: X-Line e M Sport. Todas elas com motor a gasolina, gerenciadas por um câmbio de dupla embreagem com sete marchas e com sistema híbrido leve, com motor auxiliar elétrico de 19 cv e 5,6 kgfm. Não se trata de um carro qualquer. Em nove meses de 2023, o X1 foi o segundo modelo mais vendido da marca no Brasil, atrás apenas da Série 3, com quase 4 mil emplacamentos aproximadamente 25% das vendas da marca alemã no país. Em 2024, mantém a mesma média, em torno de 400 vendas mensais. Os preços começam em R$ 299.950 para a versão sDrive18i, R$ 334.950 para a X-Line e R$ 354.950 para a M Sport.
Por enquanto, todas as configurações vendidas no Brasil chegam com motores transversais e apoiadas na nova plataforma de tração dianteira da marca, UKL2, que foi reprojetada para suportar motores elétricos e também é mais rígida e leve. Inclusive, as versões xDrive, com tração nas quatro rodas, só devem ser oferecidas em versões híbridas, com tração elétrica nas rodas traseiras. Por fora, o modelo ficou maior em todas as suas medidas. O X1 mede 4,50 metros de comprimento, 1,85 m de largura, 1,64 m de altura e tem 2,69 m entre os eixos. Comparado ao antecessor, ele ganhou 2,3 cm de comprimento, 2,4 cm na largura, 4,4 cm de altura e 2,2 mm no entre-eixos.
Esse crescimento ajuda a melhorar um de seus pontos fracos anteriores: a habitabilidade nos bancos traseiros. Até porque os encostos traseiros podem reclinar. O porta-malas, no entanto, perdeu em relação ao porta-malas, que tem sua capacidade reduzida de 505 para 476 litros, mas rebatido criam um piso plano para a carga. Vale dizer que o X1 é espaçoso o suficiente para carregar três adultos atrás, embora com apenas dois haverá muito mais conforto. O assento é confortável nas extremidades, mas duro na parte central e oferece uma ergonomia precária para viagens mais longas.
Em relação ao design, o X1 mantém as proporções clássicas dos antecessores, com o capô longo e baixo e superfícies esculpidas, mas com elementos que fazem com que pareça muito mais largo e moderno. A maior novidade fica na parte dianteira, dominada por uma grade maior com barras verticais mais largas. Outra novidade são os faróis full led, que mantêm o design interno de dois canhões, e o para-choque, que passa a contar com entradas de ar ativas. Como é tradição nos modelos X, ele tem proteções cromadas baixas, para-lamas quase quadrados e decorações cromadas sob as portas.
Por dentro, a nova decoração adota a proposta de tela dupla, de 10,7 polegadas para a central multimídia e de 10,25 para o cluster de instrumentos. Ambas ficam unidas sob o mesmo quadro em elipse, ambos com alta resolução. O volante também é novo, assim como o console, que substitui a alavanca de câmbio por um botão de controle. A central multimídia é gerida por um novo sistema operacional que conta ainda com um assistente virtual permanente e mais rápido e visivelmente mais brilhante. No entanto, a marca eliminou o clássico botão iDrive, que ficava no console e tornava a operação fácil e intuitiva. A ideia é usar a voz, recurso que nem sempre funciona bem. Num exemplo da típica falta de empatia das marcas alemãs com o consumidor, todas portas de carregamento são do tipo USB-C.
De qualquer forma, a percepção de qualidade também ficou maior. Melhores materiais ao toque, bancos esportivos com ajustes elétricos e climáticos, tudo muito requintado, como deve ser em qualquer BMW. Os bancos dianteiros e a posição de dirigir que oferecem são excelentes. Em relação a assistências à condução, a versão de entrada avaliada, sDrive18i, não é muito generosa. Tem câmera traseira e sensores de obstáculos dianteiro e traseiro. Esses sensores acionam a frenagem automática em manobras e os alerta de ponto cego e de tráfego cruzado traseiro. Apenas nas versões mais caras, aparecem recursos como farol alto automático, leitor de placas de velocidade, monitor de faixa, alerta de colisão com frenagem automática de emergência e controle de cruzeiro adaptativo. Na versão de topo, M Sport, o X1 recebe ainda câmera 360ºBMW e assistente de estacionamento – além de mimos como banco do motorista com massageador, head-up display, teto solar panorâmico etc.
Impressões ao dirigir
Dinâmica de precisão
Pode-se dizer que o X1 dinamicamente sempre foi, entre todos os modelos da marca, o menos BMW de todos. Mas é preciso reconhecer que esta nova geração dá passos substanciais para o aproximar do que normalmente se espera de um carro do fabricante alemão. Ele é muito divertido de dirigir, e é possível extrair um desempenho bem interessante, sem esquecer que se trata de um SUV de tração dianteira e com apenas 156 cv, com auxílio elétrico de 19 cv. Ele não empurra, mas puxa a carroceria e isso faz grande diferença na dirigibilidade.
Já o motor de três cilindros tem baixa potência para os padrões da marca, mas tem um ótimo torque em baixas rotações, com 24,5 kgfm a 1.500 rpm e ainda o auxílio de 5,6 kgfm do motor elétrico. Com isso, ele movimenta com alguma facilidade os 1.560 quilos do modelo. Eu diria que eu tinha motor suficiente em todos os usos cotidianos, em cidade ou estrada.
O X1 acelera bem mesmo em subidas e tira qualquer impressão de ter um motor pequeno. É ágil, recupera bem e sobe rapidamente na faixa intermediária de giros. A transmissão é muito boa, rápida, suave e extraordinariamente bem compreendida com o motor. A caixa sempre acha a melhor relação entre as sete marchas para manter a impressão que o motor está sempre com muito disposição para acelerar e oferecer respostas sempre instantâneas.
O chassi é a melhor novidade do X1. Ele é leve, mas extremamente rígido, o que se reflete em um comportamento dinâmico que é semelhante ao de um sedã, apesar da elevada altura livre para o solo, do 20 cm. Ele oferece muito equilíbrio em curvas e gera pouquíssima rolagem. Dá a sensação de que está sempre muito plano, muito perto do chão, o que dá muita confiança para acelerar. A suspensão, como em toda BMW, é um pouco seca e a aspereza dos pavimentos é percebida nas mãos do motorista. Mas é essa secura que transmite a sensação esportiva. No geral, o BMW X1 é muito fácil de conduzir, responsivo, tem direção rápida e ainda oferece um bom nível de conforto. É um bom SUV com alma de carro.
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